A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR), na última quinta-feira, 8, o arquivamento do inquérito das joias no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo os advogados de Bolsonaro, a continuidade do processo é infundada. Além disso, citaram uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que isentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de devolver um relógio de ouro. O atual chefe do Executivo recebeu o presente em 2005, durante seu primeiro mandato.
A defesa do ex-presidente encaminhou o pedido diretamente à PGR porque o órgão é responsável por decidir se apresenta ou não a denúncia. No início de julho, a Polícia Federal (PF) o indiciou por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos.
Em 2023, o TCU determinou que Bolsonaro devolvesse as joias recebidas na Arábia Saudita. Ele teria de entregar as peças à Secretaria-Geral da Presidência da República, responsável pelo acervo presidencial.
À época, os ministros entenderam que presidentes da República devem incorporar a seu acervo particular apenas bens de baixo valor e de caráter “personalíssimo”. Caso contrário, os presentes deveriam ser encaminhados ao patrimônio público da União.
No último sábado, 10, Bolsonaro afirmou, durante uma visita ao Recife, que vai leiloar o conjunto de joias que recebeu da Arábia Saudita.
De acordo com o ex-presidente, o valor obtido deve ser leiloado para a Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde ele foi atendido depois de sofrer um atentado durante a campanha eleitoral de 2018.
“Vou pegar o conjunto, que é meu, e leiloar essas joias e doar à Santa Casa de Juiz de Fora”, disse o ex-presidente.
Informações Revista Oeste
Além dos esforços de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para contemporizar as atrocidades cometidas por Nicolás Maduro na Venezuela, agora o “companheiro” Daniel Ortega, o ditador nicaraguense, colocou um “grão de sal” à desmoralização do Brasil. É o que afirma o editorial do jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira, 12.
Ortega expulsou o embaixador brasileiro, em razão de sua ausência numa celebração propagandística da Revolução Sandinista. Lula revidou e ordenou a saída da embaixadora da Nicarágua. “Muito pouco, muito tarde”, diz o Estadão.
Para o jornal, apesar de toda a deferência de Lula a Maduro, o ditador venezuelano trata com desdém os pedidos do companheiro brasileiro de que comprove sua vitória eleitoral. Antes das eleições, Maduro ridicularizou as supostas apreensões de Lula e ainda questionou a idoneidade do sistema eleitoral do Brasil.
“Se fosse só ingratidão pela longa ficha de serviços prestados por Lula às ditaduras de extrema esquerda, esses episódios se prestariam apenas a alimentar um exame de consciência do PT”, afirma a publicação.
“Mas, muito além disso, eles ilustram a completa incapacidade do governo brasileiro de exercer influência numa zona de interesse natural, como a América Latina, em que o Brasil é a maior economia”, acrescenta. “O teste de realidade está dizimando as fantasias de Lula e seu ideólogo Celso Amorim de uma liderança regional supostamente alavancada por seus laços com as lideranças de esquerda.”
O Estadão destaca que o recado de ditadores como Maduro e Ortega deixa claro que quem manda são a China e a Rússia, que financiam e armam países dispostos a enfrentar o Ocidente em geral e os Estados Unidos em particular.
“Na prática, o apoio do Brasil se tornou dispensável para esses tiranos, e se isso deixa Lula aflito, que tome ‘chá de camomila’, conforme receitou o insolente Maduro”, diz o texto.
Lula parece perdido entre as ilusões de que o Brasil poderia liderar o movimento regional do “Sul Global” contra as nações ricas e o “imperialismo estadunidense” e a realidade de que o país é hoje um peão no grande jogo sino-russo na América Latina.
“Os ideólogos petistas presumem que o eixo global de poder está mudando definitivamente e que o Brasil precisa se alinhar aos vencedores, isto é, China e seus satélites”, afirma o Estadão. “E é por isso que o Brasil de Lula, sob o manto do ‘pragmatismo’, tem sido vergonhosamente condescendente com a violência dos companheiros Maduro e Ortega, sem que o país tenha nenhum ganho com isso.”
Assim como os interesses nacionais ditam um posicionamento independente na guerra fria entre China e EUA, o pragmatismo impõe cuidados diplomáticos para defender esses interesses com os donos do poder na Venezuela.
Mas esquerdistas insuspeitos, como o presidente chileno, Gabriel Boric, mostram que é possível exercer esse pragmatismo sem conspurcar valores fundamentais, como a defesa da democracia e da soberania do povo venezuelano e de seus direitos humanos.
Sem o poder das armas ou do dinheiro, o Brasil construiu, desde os tempos do Império, uma sofisticada máquina diplomática para exercer o chamado “soft power” e navegar com equilíbrio entre as rivalidades geopolíticas de grandes potências.
“Que Lula jogue essa tradição no lixo e sobreponha suas afinidades e fidelidades aos princípios constitucionais das relações exteriores é deplorável, mas não surpreendente”, diz a publicação. “Esse sempre foi o padrão. O surpreendente é que essas atitudes não entregam sequer as prometidas contrapartidas.”
Ninguém escolhe o Brasil como destino de investimentos em razão do palavrório supostamente humanitário de Lula sobre a guerra na Ucrânia ou em Gaza. E as promessas de liderança regional na América Latina se decompõem a olhos vistos.
“O rei está nu, e os delírios de Lula de encerrar sua carreira como “líder do Sul Global”, quando não um ‘príncipe da paz universal’, são triturados sob a Realpolitik de China e Rússia”, afirma o jornal.
“O choque de realidade seria um problema tão somente para Lula, se o seu anacronismo, seu revanchismo e sua pusilanimidade não estivessem arrastando consigo a reputação e os interesses do Brasil”, conclui o texto.
Informações Revista Oeste
Segundo delatora, empresário Cleber Isaac Ferraz Soares dizia ser ‘melhor amigo’ do ministro e mostrava conversas com petista
Na quinta-feira, 1º, a Polícia Federal bateu às portas do empresário baiano Cleber Isaac Ferraz Soares em mais uma fase das investigações que tentam desvendar quem deve ser responsabilizado pela desastrada compra de 300 respiradores que, pagos antecipadamente, nunca chegaram ao Brasil e deixaram estados do Nordeste a ver navios durante a pandemia. A transação, formalizada pelo Consórcio Nordeste pelo valor de 48 milhões de reais, teve participação de Cleber Isaac, que recebeu uma bolada para supostamente viabilizar a aquisição dos ventiladores.
Os agentes recolheram documentos e aparelhos eletrônicos na casa do homem que endossou a contratação de uma pequena empresa especializada em produtos à base de canabidiol, porque teria influência junto ao “amigo” Rui Costae à esposa do ministro, a conselheira do Tribunal de Contas estadual Aline Peixoto. Em acordo com a justiça, a dona da empresa que traria os respiradores ao Brasil, Cristiana Prestes Taddeo, colabora a investigação em troca de benefícios judiciais.
Entre as informações que detém, ela já relatou a interlocutores que Cleber Isaac falava em nome de Rui Costa, na época presidente do Consórcio Nordeste, e se dizia o melhor amigo do atual chefe da Casa Civil do governo Lula. Em algumas ocasiões, segundo a versão de Cristiana, Cleber mostrava prints de conversas com o petista e apontava um contato registrado no celular com o nome de ‘Doutor’, que dizia ser do auxiliar de Lula.
Segundo parecer da subprocuradora Lindôra Araújo, as investigações apontam para os crimes de estelionato, fraude em licitação, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção “com a possível atuação criminosa do Governador do Estado da Bahia Rui Costa”.
Como colaboradora da Justiça, Cristiana tem a obrigação de dizer a verdade sob pena de voltar para a cadeia. Presa pelo maior escândalo de desvio de dinheiro público da pandemia, ela diz que passou a ser ameaçada por outros investigados, devolveu milhões de reais aos cofres públicos e, discretamente, há pouco mais de um ano conseguiu que sua empresa, a Hempcare Pharma, voltasse a ficar apta a participar de contratações junto ao governo.
Reportagem de VEJA que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais mostra que uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apura a responsabilização do ex-ministro petista Carlos Gabas, então braço direito de Rui Costa no Consórcio Nordeste. Um laudo confidencial do Ministério Público, por sua vez, contabiliza sobrepreço de até 318% na compra dos respiradores que seriam fornecidos – e nunca foram entregues – pela Hempcare.
Procurados, Rui Costa e Carlos Gabas não se manifestaram. Em nota divulgada em abril, o ministro disse que partiu dele a ordem para o caso fosse apurado e afirmou que espera que “a investigação seja concluída e que os responsáveis sejam punidos por seus crimes, não só do desvio do dinheiro público, mas também do crime absolutamente cruel de impedir, através de um roubo, que vidas humanas fossem salvas”. Cleber Isaac não foi localizado.
Informações Veja
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que vai leiloar o conjunto de joias que recebeu da Arábia Saudita. O valor obtido deve ser doado para a Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde ele foi atendido depois de sofrer um atentado durante a campanha eleitoral de 2018.
A declaração foi feita por Bolsonaro neste sábado, 10, durante uma visita ao Recife. “Vou pegar o conjunto de joias, que é meu, vou leiloar essas joias e doar à Santa Casa de Juiz de Fora”, disse o ex-presidente. O gesto foi aplaudido e registrado nas redes sociais do ex-presidente.
Na última quarta-feira, 7, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que o relógio de luxo recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2005, assim como presentes dados a outros governantes, não precisam ser devolvidos enquanto não houver uma lei específica sobre o assunto.
O valor das joias e presentes recebidos por Bolsonaro do regime saudita pode ultrapassar R$ 6,8 milhões.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
Bolsonaro participou de uma carreata na Avenida Boa Viagem, no Recife, na manhã deste sábado, 10. Ele foi recebido por uma multidão de apoiadores.
Bolsonaro desfilou separado do ex-ministro Gilson Machado, que é candidato à Prefeitura do Recife. Durante a carreata em Boa Viagem, o ex-presidente foi recebido por uma multidão de pessoas vestidas com roupas nas cores verde e amarelo.
Leia também: “Tribunal de Justiça de SP declara constitucional indulto de Bolsonaro a PMs do Carandiru”
O ex-chefe do Executivo estava em Pernambuco desde a última quarta-feira, 7, com o objetivo de cumprir uma agenda que incluia visitas às cidades de Gravatá, Caruaru, Itambé e Recife.
Este é um resumão histórico – em parte exibido, com vídeos, no Papo Antagonista de 30 de julho de 2024 – das relações entre o lulismo e a ditadura de Hugo Chávez mantida por Nicolás Maduro na Venezuela, com as participações dos então marqueteiros do PT João Santana e de sua esposa, Mônica Moura, além dos negócios envolvendo as empreiteiras Odebrecht, atualmente Novonor, e Andrade Gutierrez.
A cumplicidade do governo Lula com Maduro mesmo após a fraude eleitoral de 28 de julho, bem como a omissão de emissoras tradicionais de TV e rádio sobre a natureza dessa relação, configura um momento oportuno para lembrar os verdadeiros motivos de tamanho rabo preso.
Em março de 2008, Hugo Chávez contou como conheceu Lula. Ele repudiava na TV, ao vivo da Praça Caracas, o bombardeio colombiano que eliminou Raúl Reyes, número 2 das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em acampamento no nordeste do Equador.
Chávez resmungou contra a imprensa americana e colombiana por chamar Reyes de narcotraficante e, segundo ele, festejar a morte do “revolucionário”. Falou até das presas de Drácula, que são aqueles dentes alongados da frente. Quando foi falar que conheceu Reyes em encontro do Foro de São Paulo, mencionou ter conhecido Lula na mesma ocasião, em 1996, embora ele tenha confundido o ano com 1995.
“E o que dizer do governo subimperialista da Colômbia? Um verdadeiro sabá [encontro de feiticeiros] se desencadeou, um autêntico aquelarre [reunião de bruxas]. As presas de Drácula banhadas em sangue, celebrando a morte, festejando a nossa morte… Prestamos homenagem a um bom revolucionário que foi Raúl Reyes. Eu o conheci pessoalmente.
Lembro-me que, quando saí da prisão em 1994 e andava por essas ruas de Caracas, essa Praça Caracas, e esses bairros e aquelas cidades, eu recebi o convite para participar em 1995 [na verdade, 1996] do Foro de São Paulo, que foi realizado naquele ano em San Salvador [capital de El Salvador]. O convite me foi feito por um bom amigo, comandante revolucionário falecido há pouco tempo, Shafik Hándal. E lá fui parar, em San Salvador. E uma das pessoas que conheci foi… naquela ocasião, eu conheci Lula, entre outros.”
Embora Lula e Chávez tivessem se conhecido em 1996, quem disse ter introduzido a intimidade entre os dois foi Emílio Odebrecht.
O empresário fez o relato em sua colaboração premiada na Lava Jato, a força-tarefa que revelou o esquema de suborno na Petrobras, envolvendo a empreiteira de sua família.
A página 62 da transcrição de um depoimento de Emilio mostra o que ele declarou sobre sua própria relação com Chávez, ditador do país onde a Odebrecht tocava diversas obras:
“A relação que eu tinha, não precisava vir via LULA… Quer dizer, eu tinha uma relação com CHÁVEZ… Quem introduziu essa intimidade do LULA com CHÁVEZ fui eu!”
Logo em seguida, Emílio contou que “CUBA nasceu de um pedido do CHÁVEZ”. O empresário se referia às obras do Porto de Mariel, financiadas pelo BNDES, então presidido pelo militante de esquerda Luciano Coutinho, que havia participado, em 1990, do primeiro Foro de São Paulo, realizado na capital paulista.
“Quer dizer… O trabalho (…) nosso em CUBA foi a partir de um pedido do CHÁVEZ… Do CHÁVEZ… O que foi que eu disse a CHÁVEZ? – ‘Chefe, eu vou buscar lhe atender… Para a gente fazer aquele…’ Foi o porto de MARIEL que ainda tava (…) em cogitação…”
Emílio contou ter dito o seguinte a Chávez:
“O que o senhor pode fazer é me ajudar… E o senhor pedir a LULA, pra dizer da importância disto, porque facilita o programa nosso de andar nas instituições brasileiras… E até certo ponto ele fez… o Chávez ao Lula…”
Em depoimento gravado em vídeo, Emílio detalhou seu pedido a Chávez para falar com Lula sobre o Porto de Mariel em Cuba e relatou que Lula confirmou ter recebido o pedido.
“Eu disse: ‘Olha, chefe, nós trabalhamos nos Estados Unidos, eu tenho um problema. Um assunto desse de dinheiro, ou tudo isso que está restrito, que está restrito em Cuba, não é fácil viabilizar o esquema financeiro. O senhor, que tem uma boa relação com o presidente Lula, poderia ligar para ele e transmitir isso.’
De fato ele fez. Fui convocado pelo Lula, que disse ter recebido um telefonema do Chávez transmitindo um encontro que tinha tido comigo e que ele estava dentro da linha de apoiar aquele programa lá de Cuba, do Porto Mariel. E foi o que deslanchou.”
Ao ser questionado se houve ingerência política de Lula no BNDES para que o projeto fosse adiante, Emilio ainda respondeu.
“Eu não tenho dúvida nenhuma. Porque eu sou contra todo o processo… eu diria que o BNDES jamais… e nós próprios nem levaríamos um assunto de financiamento ao BNDES para Cuba – não estava dentro do nosso plano – e nem dentro das diretrizes do BNDES…”
Questionado se, numa situação normal, o BNDES aceitaria, Emílio complementou:
“Nem a Odebrecht e nem o BNDES. Numa condição normal, nem a Odebrecht e nem o BNDES. Eu não tenho dúvida quanto a isso.
Então houve logicamente o interesse de governo, político, partindo [do pedido do Chávez], ou não só [desse pedido]… eu não diria… não foi só por causa do pedido do Chávez, aí tinha também a afinidade [de Lula com os regimes de Venezuela e Cuba]…
Pressão… eu acho que teve, ao meu modo de ver, se é legítima ou não, eu não vou entrar nesse mérito, mas eu tenho certeza que houve, porque as prioridades de governo traduziam-se em pressão junto às instituições do próprio governo. O BNDES era uma [dessas instituições].”
Já Mônica Moura, esposa de João Santana, contou em colaboração premiada que Lula pediu ao então marqueteiro do PT em 2011 para atender Chávez, que havia solicitado ao próprio Lula essa intermediação para que João fizesse a campanha eleitoral chavista em 2012.
“Em 2011, um ano antes da campanha de reeleição do presidente Chávez, o presidente Lula manda chamar o João e diz para o João que o presidente Chávez tinha pedido a intermediação para o João fazer a campanha dele de reeleição na Venezuela. Seria em 2012, praticamente na mesma época da campanha de São Paulo, que a gente estaria também na campanha do Haddad neste ano de 2012. Fizemos.
Eles eram muito amigos. Segundo Lula, o Chávez pediu esta intermediação. Aí o João foi sozinho da primeira vez – eu não fui da primeira vez – em uma reunião lá em Caracas, isso ainda em 2011, com o Zé Dirceu, que era a pessoa que fazia o contato com o pessoal da Venezuela.
Nesta época, estava no Brasil também o embaixador Maximilian Arveláez, a gente chamava ele de Max, que era embaixador da Venezuela no Brasil, muito amigo do José Dirceu também, muito próximo – e viajaram a primeira vez João Santana, José Dirceu, o Max, que estava no Brasil, e o Franklin Martins, que também foi convidado para integrar a campanha.”
Franklin Martins foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) de 2007 ao fim de 2010, durante o segundo mandato de Lula. A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) nasceu em outubro de 2007, abaixo, hierarquicamente, da Secom chefiada por Martins. Ele centralizava a rede oficial de “notícias” (cuja parte televisiva ganhou os apelidos de TV Lula, em razão da programação chapa-branca, e TV Traço, em razão da audiência próxima de zero), a assessoria de imprensa, e a publicidade oficial, inclusive a das estatais.
Foi em sua gestão que ganhou impulso a rede virtual depois batizada pelo tucano José Serra de “blogs sujos”, porque era financiada com dinheiro público para disseminar narrativas petistas e atacar críticos do PT (com nomes, como o meu, elencados até em lista). Martins deixou o cargo, mas a prática continuou durante todos os governos do partido, inclusive o atual.
Mônica Moura detalhou as viagens a Caracas para negociar o acordo, inclusive com o então chanceler Nicolás Maduro, que participou desde a primeira reunião com João Santana. Ela contou ainda que o marido voou várias vezes em jatinho da Andrade Gutierrez, no qual também chegou a ir uma vez. A construtora ainda pagava, segundo ela, a hospedagem no hotel Marriott. Outras vezes ela viajou em avião comercial, recebendo as passagens por intermédio da secretária do petista José Dirceu, condenado no mensalão e no petrolão.
Mônica já tinha consciência da perseguição do regime chavista a opositores e levou em consideração o caos venezuelano ao fazer o orçamento: “Campanha dificílima, porque a situação na Venezuela na época já era caótica, já tinha gente da oposição que eles prendiam a torto e a direito. Eles que eu digo é o governo Hugo Chávez. Já tinha uma situação bem confusa politicamente na Venezuela e todo mundo apostava que Hugo Chávez não conseguia se reeleger. Essa acho que já era a terceira reeleição do Chávez… Foi uma campanha bem cara.”
Depois, Mônica citou o valor fechado com o chavismo.
“Então fechamos o negócio e aí pronto: a partir de agora vamos montar a equipe… [O valor] Cobrado foram 35 milhões de dólares, nunca recebemos tudo, mas foi cobrado 35 milhões de dólares. Nunca tivemos contrato na Venezuela; eu passei os 18 meses que trabalhei lá, indo e vindo, atrás de um contrato, eles escapavam pela tangente e nunca foi feito. Foi tudo pago em caixa 2.”
A esposa de João Santana contou que sua garantia era Lula e detalhou o quanto foi pago, o quanto não foi.
Eis o diálogo da autoridade policial com ela:
– Qual foi a moeda de troca para comprovar que eles tinham que pagar, para mostrar que…?
– A minha garantia era Lula, eu confiava muito no Lula, que ele iria resolver, a minha garantia era ele e o nosso próprio trabalho. Nosso trabalho lá foi crescendo de uma maneira que […]
– Tá, mas você chegou a falar para o pessoal da Andrade: ó, se vocês não me pagarem…
– Cheguei a ameaçar: ‘Gente, se não me pagar, vamos ter que conversar no Brasil.’ Quem me chamou para cá [Venezuela] foi o presidente Lula – que não era presidente na época, mas sempre chamei o Lula assim -; ‘se continuar assim, vou ter que conversar com ele, porque assim não vai dar’, [e eles respondiam:] ‘não, a gente vai resolver, é só uma questão burocrática, a gente tem muita dificuldade de fazer este tipo de transferência, mas vamos fazer um contrato’; aí vinha o negócio do contrato, eu lembro que andei uma três ou quatro vezes para resolver este contrato que nunca saiu, mas eu ameaçava ele e cobrava [a parte que não pagaram].
– E por causa dessa parte, você chegou a acionar o presidente Lula?
– Várias vezes, mas não eu, o João.
– E como foi isso?
– Chegava pra ele e conversava, isso já tinha acabado a campanha, o Chávez foi eleito. Nós estávamos sendo incensados, assim, pela mídia venezuelana como os melhores de ‘não sei o quê’, ‘não sei o quê’, ‘não sei o quê’, e o dinheiro não saía. Não pagava. Não pagava. A Mônica Monteiro e o Franklin Martins também, [os que deveriam pagar] ficaram com uma dívida grande com eles. Então o João, uma vez, conversou com o José Dirceu, mas o Dirceu saía fora, dizendo: ‘Eu não tenho nada a ver com o financiamento, eu só fiz a intermediação.’ João conversava com Lula e Lula dizia: ‘Não, se acalma que vou conversar com o presidente Chávez, isso vai ser resolvido.’ O que aconteceu? No ano seguinte, Chávez morreu, seis meses depois que ele tomou posse. E nós perdemos completamente qualquer chance de cobrar esse dinheiro, de receber este dinheiro, a gente tomou um cano histórico. A gente tomou um cano de mais ou menos 15 milhões de dólares nessa campanha, que nunca foi pago e nunca foi recebido. E do que foi recebido, como eu disse, foi mais ou menos 10 milhões lá, 7 milhões da Odebrecht e 2 milhões da Andrade Gutierrez, dessa forma que relatei.
Quando Chávez morreu, Lula gravou um vídeo de apoio a Maduro na eleição disputada com o opositor Henrique Capriles. Maduro exibiu o vídeo em 1 de abril de 2013, em sessão extraordinária do Foro de São Paulo em Caracas. A eleição seria 13 dias depois, no dia 14.
“O companheiro Lula mandou um vídeo com opiniões muito generosas, muito bonitas, que nos emocionaram bastante. Eu sei que vocês também vão se emocionar. Nós queremos apresentar esse vídeo do companheiro Lula, vídeo de amor, puro amor, amor verdadeiro, como o dos revolucionários e dos patriotas, com amor do fundo do coração. Viva o Lula! Viva o Brasil! Viva a América do Sul! Viva Chávez! E viva a bela irmandade que foi construída ao longo de todos esses anos Avante, Lula!”, introduziu Maduro.
No vídeo exibido, Lula dizia o seguinte:
“Nos oito anos em que fui presidente do Brasil, tive a oportunidade de conviver com Nicolás Maduro, que era o ministro das Relações Exteriores da Venezuela. Maduro se destacou brilhantemente na luta para projetar a Venezuela no mundo e na construção de uma América Latina mais democrática e solidária.
Ele teve um papel decisivo na formação da Unasul e da Celac, e sempre foi visível sua profunda afinidade com nosso querido e saudoso amigo Hugo Chávez. Os dois compartilhavam as mesmas ideias sobre o destino do nosso continente e os grandes problemas mundiais.
Mais que isso, Chávez e Maduro tinham as mesmas concepções em relação aos desafios que a Venezuela enfrentava, sempre em defesa dos mais pobres. A grande obra de Chávez foi transformar a Venezuela num país mais justo, realizando um processo massivo de transferência da renda do petróleo em benefício das camadas mais sofridas da sociedade.
Mas Chávez, assim como Maduro, sempre tiveram claro que a Venezuela precisava escapar daquilo que muitos chamamos de ‘maldição do petróleo’. Por isso a importância que deram, e que Maduro continua dando, à necessidade de mostrar seu país e desenvolver sua agricultura. Caminhamos juntos nessa direção e estou certo de que Maduro, como presidente, será capaz de realizar esse objetivo de Chávez.
A decisão de eleger um novo presidente caberá exclusivamente ao povo venezuelano. Não quero interferir num assunto interno da Venezuela, mas não posso deixar de dar meu testemunho em nome do futuro desse país tão querido pelo povo brasileiro, e também em nome do Mercosul, que recentemente acolheu a Venezuela. Uma frase resume tudo o que sinto. Maduro, presidente, é a Venezuela que Chávez sonhou.”
Lula, portanto, dizia não querer interferir, mas interferia e segue interferindo quando convém, com mensagem de apoio e tudo.
O Maduro que ele descreveu, claro, é o da propaganda lulista. O Maduro real foi descrito por Mônica Moura.
Ela prosseguiu o relato:
“Aí começamos a trabalhar, o acertado desses 35 milhões foi assim, eu ficava o tempo todo dizendo: quanto que vai ser por dentro? Como é que vai ser? Porque já tinham me dito que ia ter uma parte por fora, como sempre, a campanha lá também, não é só lá, não, acho que hoje em dia a senhora já sabe que essa prática, em vários lugares, de caixa 2, não é só no Brasil, é em todos os lugares em campanhas, tô falando em campanhas. Eu ficava atrás do Max, que era o meu principal interlocutor, o Maximilian [Arveláez], ele falava: ‘Não, nós vamos resolver com”… esse outro ministro, que não lembro o nome, e não teve contrato nenhum. Passou-se o tempo e eu nunca tive contrato.
Como era feito o pagamento? Na segunda ou terceira reunião que eu tive já com o Maduro, [que] sempre participava, e esses dois ministros, eles me disseram que a Odebrecht ia pagar uma parte, ia fazer uma colaboração para a campanha do Chávez.”
A autoridade que conduzia o interrogatório perguntou: “Quem falou isso?”
Segundo Mônica Moura, Maduro não só falou da parte das empreiteiras, mas também disse que ele próprio faria pagamentos em dinheiro.
“Foi o Maduro. Ele me disse: ‘Olha, a Odebrecht vai pagar uma parte e a Andrade Gutierrez também vai colaborar, e a outra parte eu pago aqui, vai ser paga aqui por mim.’ Aí eu falei: ‘Tá, tudo bem.’
Então o que aconteceu efetivamente nessa campanha? Ah, e o Franklin Martins cobrou a parte dele, eu nem lembro quanto que era, mas era bem menos que a nossa, porque a gente fazia tudo e ele fazia só internet, mas ele cobrou, se eu não me engano, foi 8 milhões de dólares ou 10 milhões de dólares. Eu sei disso porque quando a gente foi acertar de receber dinheiro, o Maduro falou pra mim o seguinte: ‘Olha, você vai receber o dinheiro diretamente comigo e eu não quero ficar pagando assim muita gente, não quero esse contato com muita gente. Então é o seguinte, eu pago pra você a sua parte e a parte do Franklin Martins’ – quem atuava mesmo, quem fazia a parte administrativa era a mulher dele, a Mônica Monteiro, a mulher do Franklin – ‘Então você repassa’, eu disse ‘ok’.”
Mônica Moura detalhou os pagamentos feitos por Maduro.
Eis o diálogo dela com a autoridade:
– Então o Maduro me pagou quase semanalmente dinheiro, ele me entregava dinheiro na própria chancelaria lá no prédio, às vezes no Palácio de Miraflores. Às vezes ele me chamava na chancelaria e eu ficava lá horas esperando.
– O próprio Maduro?
– O próprio Maduro! Entregue das mãos dele malas malas de dinheiro, várias.
– E você não tinha receio lá na Venezuela?
– Tinha muito. Sabe o que ele fazia? Ele mandava me buscar com o carro dele, carro blindado, carro preto, aquelas caminhonetes de roqueiro americano, roqueiro não, funkeiro, sei lá… rapper americano, com mais dois carros, um na frente, outro atrás, me levava para a chancelaria, entrava pela garagem, os seguranças subiam comigo para a sala dele, eu ficava lá esperando. Tomei muito chá de cadeira do Maduro. Eles não têm o menor compromisso com (inaudível). Depois ele me chamava na sala dele, conversava um pouquinho comigo, conversa fiada de política, depois me entregava o dinheiro. Ele próprio. Não mandava ninguém me entregar, ele me entregava o dinheiro. Depois eu descia com os seguranças dele para a garagem, o mesmo carro me levava até o hotel, de volta. Um carro no mesmo e dois carros na frente e atrás. Aí eu distribuía o [dinheiro] da Mônica Monteiro, que ela tinha uma coordenadora de produção dela, que ficava em Caracas, uma brasileira que ficava lá. era ela ou então o rapaz que era o diretor da parte de internet que trabalhava com o Franklin que também recebia o dinheiro na época, então eu passava a parte da Mônica sempre e fazia os meus pagamentos.
– Era muito dinheiro?
– Era muito dinheiro. As entregas variavam entre 500 mil dólares de cada vez, às vezes 300, cheguei a receber 800 mil dólares de uma vez.
– O que você fazia para fazer esses pagamentos?
– Chamava as pessoas que eu tinha que pagar: os fornecedores, as pessoas que eu tinha que pagar… Paguei praticamente… praticamente, não… Paguei tudo por fora na Venezuela.
A esposa de João Santana falou do medo que sentia e reiterou o valor total recebido de Maduro.
“Eu tinha uns oito seguranças. Às vezes eu levava, não para essas buscas de dinheiro, mas às vezes eu andava com o meu motorista e com segurança no carro, coisa que eu nunca fiz no Brasil, nunca. Mas lá eu andava com motorista e segurança para ir a tudo quanto é lugar, até para ir almoçar. Eu morria de medo, doutora, não é que eu não tinha medo, eu tinha pavor do que poderia acontecer, mas eu ia fazendo, eu ia tocando. Eu recebi mais de dez milhões de dólares lá, em dinheiro, durante oito meses de trabalho, quase nove meses de trabalho.
A gente começou no início do não, a gente começou isso em fevereiro, não sei, não me lembro bem. A gente começou a montar tudo e eu já comecei a receber dinheiro. Aí, ao mesmo tempo, negociando com… não negociando porque já estava negociado entre eles… mas tendo encontros com o diretor da Odebrecht na Venezuela, senhor Euzenando [de Azevedo], não sei o nome dele, não me lembro do sobrenome, ele era diretor geral da Odebrecht na Venezuela para acertar os pagamentos da outra parte. A Odebrecht ficou com sete milhões de dólares para pagar e a Andrade [Gutierrez] ficou com cinco. Seria cinco da Andrade, sete da Odebrecht.”
Ao falar de uma conversa em seu hotel com o executivo Cláudio Luís, da Andrade, sobre um dos pagamentos, Mônica Moura apontou o dedo novamente para Maduro como articulador dos acertos.
“Eu disse, de novo, que eu queria esse pagamento fora. Ele falou que, pra ele, não tinha problema nenhum, que era até melhor, e acertamos que seria pago na Shelbill [conta mantida pelo casal de marqueteiros no Banco Heritage, na Suíça, e da qual a Lava Jato coletou o extrato com as provas. É a mesma conta em que Santana e Moura receberam 4,5 milhões de dólares de Zwi Skornicki, a pedido do então tesoureiro do PT João Vaccari Neto, pela campanha de Dilma Rousseff de 2010].
Ele [Cláudio Luís] sabia que era [de] 4 milhões [o pagamento pela campanha chavista]. Eu não sei com quem ele estabeleceu esse valor, com quem é que ele conversava lá dentro, quem era da cúpula que ele acertava. Eu acho que era o Maduro. Porque, como Maduro pagava diretamente a mim… Ele não mandava ninguém me entregar dinheiro. Era ele mesmo que [pagava]… Eu acho que era o próprio Maduro. Na época, não era o presidente, né. Maduro, claro que ele era o chanceler, um cargo dos mais altos no governo, mas ele não era presidente.”
Questionada se a Andrade tinha obras na Venezuela, Mônica Moura respondeu:
“Muitas. Bastante. Não tanto quanto a Odebrecht. A Odebrecht tinha… Quase todas as grandes obras da Venezuela era a Odebrecht que estava fazendo naquela época. As grandes obras de infraestrutura. Praticamente todas as grandes obras. Eles tinham muita coisa.”
Mesmo assim, quem não gostava de ver a Andrade tomar à frente das relações entre o governo Lula e o regime venezuelano era Emílio Odebrecht. Questionado sobre anotações de seu filho, Marcelo, com menções a Lula e “AG”, Emilio respondeu:
“Realmente houve um determinado momento que o Marcelo me trouxe uma preocupação, provavelmente manifestada pelo Euzenando, no que [concerne a] membros do governo do presidente Lula [que] estavam agindo ativamente junto ao governo da Venezuela, e criando inclusive alguns constrangimentos, em favor da Andrade Gutierrez. E que isso é perfeitamente legítimo desde quando não seja em algo onde outras empresas brasileiras estavam também concorrendo. Então a posição unilateral em favor de uma empresa, em detrimento das outras brasileiras, não era um comportamento adequado, não era isso que era vigente.”
Questionado se foi falar com Lula sobre esse tema, Emílio respondeu:
“Falei!”
“Mas aí o que ele respondeu?”, questionou a autoridade.
“Ele ficou, ouviu e disse: ‘Não, você tem toda a razão, eu vou verificar o que é que está acontecendo. Não acredito…’ Aí procurou minimizar, achando que não era… Eu disse: ‘Olha, presidente, eu não trago pro senhor coisas que eu não tenha confirmado. Porque realmente depois que Marcelo me falou, eu tive a oportunidade de conversar com ele, procurei me aprofundar e foi verdade mesmo’…”
Questionado sobre “quem do governo estava apoiando a Andrade”, Emílio respondeu: “O Itamaraty. Na época, foi o Itamaraty. Não só o Itamaraty, como pessoas dentro do Planalto.”
Questionado sobre quem no Planalto, Emilio alegou não ter conseguido identificar. “Não consegui em nenhum momento concluir sobre quem foi no Planalto que estava fazendo isso.”
Graças ou não à reclamação de Emilio com Lula, sua construtora acabou vencendo uma disputa em jogo na ocasião, na Venezuela, para tocar as obras da usina hidrelétrica de Tocoma.
A Odebrecht pagou 173 milhões de dólares (hoje, quase 1 bilhão de reais) em propinas e financiamentos ilegais de campanhas venezuelanas ao longo de oito anos, de acordo com as indicações de documentos e depoimentos (inclusive de Euzenando) reunidos no Brasil e na Venezuela durante a investigação conduzida pela então procuradora-geral daquele país, Luisa Ortega Díaz.
Em 2017, no entanto, sob acusação de “traição”, Luisa foi destituída pela plenipotenciária Assembleia Nacional Constituinte (ANC), integrada exclusivamente por oficialistas do regime, fugiu para o exterior e seu trabalho foi invalidado e abandonado por Tarek William Saab, o cupincha de Maduro que a ANC colocou em seu lugar na Procuradoria e que atualmente persegue e denuncia opositores como María Corina Machado, como mostrei no X e no Papo Antagonista em 29 de julho, além de aplaudir o ditador diante de sua sanha autoritária e persecutória.
Ainda em 2017, o deputado opositor Juan Guaidó, então presidente da comissão de Controladoria da Assembleia Nacional, comandou uma sessão para discutir denúncias feitas pela ex-procuradora-geral. A Venezuela, de acordo com ele, havia fechado contratos públicos com a Odebrecht no valor de pelo menos 22 bilhões de dólares (hoje, mais de 126 bilhões de reais) para sete obras que seguiam inconclusas, entre elas uma usina hidrelétrica, projetos ferroviários e três pontes. A segunda ponte sobre o Lago de Maracaibo tinha 11 anos de atraso, 3.000% de supervalorização e apenas 36% de execução, segundo Guaidó.
“São 22 bilhões de dólares envolvidos em contratações, mais que o dobro das reservas internacionais da Venezuela, suficiente para pagar toda a dívida comercial do país”, detalhou o deputado do partido Vontade Popular (VP).
Em troca, a Odebrecht teria sido favorecida em mais de uma dezena de contratos públicos entre 2006 e 2014. A investigação de Luisa Ortega Díaz apontava que mais de 30 milhões de dólares [hoje, mais de 171 milhões de reais] haviam sido destinados pela construtora à campanha de Maduro de 2013, a mesma que contou com o vídeo de apoio de Lula. Parte do dinheiro – 9,93 milhões de dólares – foi transferida a partir do Meinl Bank, no qual a Odebrecht mantinha contas que utilizava para fazer pagamentos não contabilizados.
Assim como ocorreu no esquema de corrupção da Petrobras, que vigorou durante governos do PT no Brasil, as propinas milionárias pagas na Venezuela eram literalmente um “troco” perto do montante bilionário dos contratos obtidos. E, em relação à impunidade geral, só variam os métodos adotados nos dois países.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decidiu que processos de corrupção envolvendo caixa dois de campanha deveriam ser retirados da Justiça Federal e enviados à Justiça Eleitoral, o que levou dezenas de casos das mãos de juízes concursados para as de indicados políticos, inclusive o dos pagamentos a João Santana e Mônica Moura pela campanha de Dilma. Neste caso, a condenação de ambos a 8 anos e 4 meses de prisão pelas irregularidades em 2010, proferida pelo então juiz Sergio Moro, foi anulada.
Moro havia criticado “a naturalidade e a desfaçatez” com eles admitiam a “trapaça” do caixa dois, que afeta o processo político democrático. “O álibi ‘todos assim fazem’ não é provavelmente verdadeiro e ainda que o fosse não elimina a responsabilidade individual. Se um ladrão de bancos afirma ao juiz como álibi que outros também roubam bancos, isso não faz qualquer diferença em relação a sua culpa. O mesmo raciocínio é válido para corruptores, corruptos, lavadores de dinheiro e fraudadores de campanhas eleitorais”, escreveu Moro.
Já Dias Toffoli, indicado por Lula ao STF e chamado por Marcelo Odebrecht de “amigo do amigo do meu pai”, como revelou Crusoé em 2019, ainda anulou as provas do acordo de leniência que havia sido assinado pela Odebrecht para escapar da Lava Jato, além das multas bilionárias impostas à construtora.
Em junho de 2024, um mês antes da fraude eleitoral de Maduro, Toffoli estendeu a João Santana e Mônica Moura a decisão que beneficiou Lula, declarando como “imprestáveis” as provas do acordo da Odebrecht usadas nos processos contra os marqueteiros. O casal havia pedido a extensão para se livrar de três ações penais, agora desidratadas. O método da plantação de dúvidas, usado pelo ministro do STF para invalidar provas, foi explicado por mim, em 16 de fevereiro, na matéria de capa da Crusoé, “A história da fake news contra a Transparência Internacional”. Meus artigos “Lava Jato x Vaza Jato” e “O que é o ‘socialismo refinado’ de Lula”, ambos publicados em 2022, explicam o restante sobre manobras processuais de blindagem no petrolão e sobre o capitalismo de compadrio no BNDES a serviço do socialismo internacional.
Como previsto, Odebrecht e Andrade Gutierrez já voltaram às grandes obras de infraestrutura do Brasil. Em março de 2024, seus respectivos braços, Consag e Tenenge, venceram dois e três lotes na licitação para as obras de complementação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no sul de Pernambuco, iniciadas neste segundo semestre. Curiosamente, a refinaria seria uma obra entre a Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA, que desistiu em 2013 em razão dos elevados custos de operação. O custo inicial seria da ordem de 2,3 bilhões de dólares, mas consumiu cerca de 18 bilhões de dólares da estatal brasileira. Como apontou a Lava Jato, a corrupção vigorou na Rnest desde o primeiro mandato de Lula até o governo Dilma.
Em última análise, as verdadeiras investigações no Brasil e na Venezuela mostram que o lulismo é cúmplice do chavismo nos esquemas envolvendo as mesmas empreiteiras e os mesmos marqueteiros. A exportação da corrupção e da impunidade para o regime venezuelano – que contribuiu à sua maneira – foi concluída com sucesso, colaborando para a consolidação da ditadura, agora turbinada com a recusa de exibir as atas eleitorais.
O chavismo só virou um problema para Lula, porque o ditador Maduro não só sabe muito a respeito desses esquemas e pode abrir a bico caso seja contrariado, como também vem fazendo, de modo ainda mais violento, escancarado e caricatural, tudo que o lulismo já fez sorrateiramente, sem virar alvo de maiores pressões internacionais: fraude à democracia que diz defender, instrumentalização política de tribunais e órgãos de fiscalização e controle, retaliação a investigadores, perseguição de opositores políticos e jornalistas independentes.
Não é de surpreender que Lula nada enxergue de grave nisso tudo.
Informações O Antagonista
O Tribunal de Contas da União (TCU) retomou nesta quarta-feira (7) o julgamento decisivo para determinar se um relógio de ouro, presenteado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2005, deve ou não ser devolvido ao acervo da União. Este item luxuoso, recebido durante o primeiro mandato de Lula, gerou um debate acalorado em meio a outras controvérsias políticas e legais.
O caso veio à tona graças à conexão com outra situação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi indiciado pela Polícia Federal em acusações que envolvem peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Estas acusações estão relacionadas à venda de joias recebidas do governo da Arábia Saudita.
O processo no TCU foi iniciado em 2023 pelo deputado federal Sanderson (PL-RS), um firme apoiador de Bolsonaro. O caso, relatado pelo ministro Antonio Anastasia, foi pauta em maio deste ano, mas devido a um pedido de vista, acabou adiado por 60 dias. Agora, o voto de Anastasia será finalmente apresentado.
Este relógio em questão é um modelo Santos Dumont da Cartier, elaborado com ouro branco de 16 quilates e prata 750, avaliado em cerca de R$ 60 mil. O objeto foi dado a Lula pela própria fabricante francesa durante uma visita a Paris, e ele ainda o possui.
Há uma divisão clara entre os ministros do TCU sobre a necessidade de Lula devolver o relógio. Em 2005, não existiam regras tão rigorosas sobre a guarda de presentes recebidos pela presidência, o que difere do cenário que prevalece hoje. A área técnica do TCU emitiu um parecer em maio, sugerindo que Lula não deveria ser obrigado a devolver o objeto, considerando essas antigas normas.
A defesa de Jair Bolsonaro acompanha de perto o julgamento, temendo suas implicações em processos futuros que o ex-presidente pode enfrentar. Embora as acusações contra Bolsonaro sejam mais severas, especialmente porque envolvem vendas de presentes sob regras vigentes desde 2016, a decisão sobre o relógio de Lula pode influenciar futuros julgamentos.
A principal diferença entre os casos de Lula e Bolsonaro reside nas normas que regulamentavam os presentes aos presidentes em ambas as épocas. Em 2005, quando Lula recebeu o relógio, as regras eram menos rígidas. Já no caso de Bolsonaro, a alegada venda das joias sauditas ocorreu sob regras mais restritivas, estabelecidas pelo próprio TCU em 2016.
Essa diferença nas regulamentações tem sido um fator decisivo nos debates e julgamentos realizados pelo TCU. A corte, composta por nove ministros, incluindo seis indicados pelo Congresso Nacional, um pelo presidente da República e dois selecionados entre auditores e membros do Ministério Público, segue dividida quanto ao desfecho.
Informações TBN
O governo do presidente Lula (PT) decidiu manter em sigilo mais de 30 pesquisas de opinião encomendadas desde 2022, abrangendo também a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Temas como o Auxílio Brasil, conjuntura nacional, e juventude e universo feminino no Brasil estão entre os levantamentos contratados pelo governo anterior. A atual gestão petista realizou pesquisas sobre a avaliação do primeiro ano de Lula e o conflito no Oriente Médio, entre outros temas.
Em respostas ao pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI) feitas pela Folha, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) e a Controladoria-Geral da União (CGU) consideraram que não deve ser divulgados os temas, relatórios, preços e outros detalhes dos levantamentos realizados desde 2022. Segundo a Secom, a divulgação destas informações é “desarrazoada”, citando uma portaria do final de 2023 sobre o acesso a informações da Presidência.
Segundo a portaria, a liberação dos dados poderia “trazer maiores prejuízos à sociedade do que os benefícios de sua divulgação”. A CGU, em defesa do sigilo, argumentou que as pesquisas sobre impactos de ações do governo federal “não constituem um dado frio” e podem influir em futuras decisões. Eles acreditam que a disponibilização das informações poderia distorcer políticas públicas a serem implantadas e disseminar informações equivocadas.
Bruno Morassutti, advogado e cofundador da Fiquem Sabendo, discorda dessa posição. Ele afirma que não é adequado barrar informações apenas por serem potencialmente prejudiciais à imagem do governo. Segundo Morassutti, ao fazer pedidos de relatórios de comunicação ou avaliação de redes sociais, é comum que o governo faça uma avaliação mais política, o que ele considera problemático. Ele ainda ressalta que é necessário demonstrar qual é o risco concreto para negar a informação.
No total, os 33 levantamentos custaram R$ 13 milhões e foram realizados pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI). Cada um dos levantamentos sobre os primeiros cem dias e um ano de governo Lula custou R$ 2,1 milhões, sendo os mais caros realizados desde 2022. Contudo, nem todos os detalhes dessas pesquisas estão acessíveis, pois tanto a Secom quanto a CGU decidiram esconder o tema e o valor de cada uma delas.
Entre os temas pesquisados, destacam-se questões sensíveis ao presidente Lula, como a guerra no Oriente Médio, educação, economia, segurança e a percepção da população sobre as chuvas no Rio Grande do Sul em 2023. Além disso, uma das pesquisas tratava especificamente da Operação Sequaz contra suposta tentativa do PCC de realizar ataques contra autoridades, incluindo o ex-juiz e senador Sérgio Moro.
Em resposta às perguntas sobre a razão para manter em sigilo pesquisas feitas inclusive durante o governo Bolsonaro, a CGU e a Secom afirmaram que as informações serão liberadas “a partir da edição de ato, quando determinável”, ou ao término do mandato. Eles argumentam que as pesquisas embasam políticas públicas e são consideradas informações estratégicas, que visam entender o impacto das ações governamentais e auxiliar na tomada de decisões.
A não divulgação ativa dessas informações pode indicar uma falha na gestão de informações estratégicas, além de aumentar as críticas quanto à transparência do governo. Se estas pesquisas forem liberadas no futuro, poderão ajudar a sociedade a compreender melhor as ações governamentais e as condições que levaram às tomadas de decisões políticas e administrativas.
Até lá, resta vigilância e análise cuidadosa das ações do governo e como elas são comunicadas ao público. A decisão de manter ou liberar as pesquisas pode ter impactos significativos no entendimento público das políticas governamentais adotadas e da confiança popular no governo vigente.
Informações TBN
O presidente do PSDB estadual e deputado Federal Thiago Correia se demonstrou muito esperançoso com a eleição de Zé Ronaldo (União Brasil) em Feira de Santana. De acordo com Correia, o partido decidiu apoiar a candidatura de Zé devido a força que ele tem no município.
“Ele foi o deputado mais votado na cidade com quase 43 mil votos mostrando a força que ele tem no município. Entendendo e fazendo a leitura do que as pesquisas mostravam e, considerando a polarização muito forte entre Zé Ronaldo e Zé Neto, nós resolvemos fazer essa aliança com Zé Ronaldo. E acreditamos que essa aliança vai consagrar a eleição do Zé Ronaldo ainda no primeiro turno”, apontou.
De acordo com o deputado, a escolha de Pablo Roberto como vice da chapa é “um passo atrás para depois dar dois na frente” para Pablo. Todavia, é o momento para ele se fortalecer com esta aliança.
“Pablo Roberto tem um futuro político brilhante. Tenho certeza que será prefeito de Feira de Santana, basta esperar o momento certo. Então eu acho que foi uma das alianças que vai produzir um resultado muito positivo”,finalizou Correia.
*Bahia Notícias
O bispo Augusto Sá Barreto, líder da Igreja Aliança, onde congrega o cantor gospel Sandro Nazireu, candidato a vice-prefeito na chapa de Zé Neto (PT), declarou apoio a José Ronaldo (União Brasil) a prefeito de Feira de Santana. A decisão foi anunciada durante reunião com diversos pastores de Feira de Santana, na noite desta segunda-feira (06).
Durante o encontro, no qual José Ronaldo também esteve presente, o bispo Augusto Sá Barreto afirmou que ele e sua igreja não concordam e nunca apoiaram a ideia de Sandro Nazireu de se aliar a Zé Neto.
O bispo considera que as pautas defendidas pelo grupo de Zé Neto são incompatíveis com os ensinamentos bíblicos, seguidos rigorosamente pelos fiéis das igrejas evangélicas.
A reunião contou com a presença de dezenas de pastores de Feira de Santana, que por decisão unânime anunciaram apoio a José Ronaldo para prefeito da cidade.
Fonte: Site Sem Censura
O deputado Fernando Máximo (União-RO) propôs um projeto de lei que tem o objetivo de privatizar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e usar os recursos da venda da empresa na formação de atletas olímpicos e paralímpicos. O texto, apresentado na semana passada, autorizaria — entre outras melhorias — a destinação de recursos para a reforma da Vila Olímpica no Rio de Janeiro.
Os recursos previstos no Orçamento da União para a manutenção e a operação da EBC, cerca de R$ 600 milhões, seriam direcionados ao Programa de Formação de Jovens Atletas Paralímpicos.
No projeto, o deputado argumenta que a EBC enfrenta “desafios significativos relacionados à sustentabilidade financeira e à eficiência operacional”.
“A privatização da EBC e a destinação dos recursos obtidos para essas finalidades não apenas modernizam a administração pública, mas também fortalecem o esporte no país”, diz o deputado. “A ideia é criar uma base sólida para o futuro das competições olímpicas e paralímpicas brasileiras e promover a inclusão social e a excelência esportiva.”
O apoio na formação dos atletas é diversificado e envolve recursos financeiros, capacitação técnica e programas de desenvolvimento de talento. Aqui estão os principais componentes desse investimento:
Lei Agnelo/Piva
A Lei Agnelo/Piva destina 2% da arrecadação bruta das loterias federais para o esporte olímpico e paralímpico brasileiro. Em 2023, esses recursos representaram aproximadamente R$ 300 milhões, sendo distribuídos da seguinte forma:
Bolsa Atleta
O programa Bolsa Atleta tem orçamento anual que gira em torno de R$ 80 milhões a R$ 90 milhões. As bolsas são distribuídas em várias categorias, com valores que variam conforme o nível do atleta:
Empresas como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Petrobras, entre outras, também investem valores significativos em patrocínios. Esse montante varia, mas algumas estimativas são:
Programas estaduais e municipais variam em valor, mas alguns Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, possuem orçamentos anuais entre R$ 5 milhões e R$ 20 milhões para apoio ao esporte de alto rendimento.
Informações Revista Oeste