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Embarcação chamada Montevideo Maru foi torpedeada no mar das Filipinas em 1942.

Foto fornecida pelo Australian War Memorial mostra o Montevideo Maru na década de 40 — Foto: Australian War Memorial via AP

Foto fornecida pelo Australian War Memorial mostra o Montevideo Maru na década de 40 — Foto: Australian War Memorial via AP 

Uma equipe de exploradores anunciou nesta sexta-feira (21) que encontrou um navio japonês afundado que transportava prisioneiros de guerra aliados quando foi torpedeado na costa das Filipinas em 1942, resultando na maior perda marítima de guerra da Austrália, com um total de 1.080 vidas. 

O naufrágio do Montevideo Maru foi localizado após uma busca de 12 dias a uma profundidade de mais de 4.000 metros – mais profundo que o Titanic – na ilha de Luzon, no Mar da China Meridional, usando um veículo subaquático autônomo com sonar embutido. 

Não haverá esforços para remover artefatos ou restos humanos em respeito às famílias dos que morreram, disse um comunicado no sábado da Silentworld Foundation, com sede em Sydney, uma organização sem fins lucrativos dedicada à arqueologia e história marítima. 

“O esforço extraordinário por trás dessa descoberta fala pela verdade duradoura da solene promessa nacional da Austrália de sempre lembrar e honrar aqueles que serviram ao nosso país”, disse o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese. “Este é o coração e o espírito de Lest We Forget.” 

O Montevideo Maru transportava prisioneiros e civis capturados após a queda de Rabaul em Papua Nova Guiné. O navio não estava marcado como transportando prisioneiros de guerra e, em 1º de julho de 1942, o submarino americano Sturgeon, após perseguir o navio durante a noite, disparou quatro torpedos, que atingiram o alvo, afundando o navio em menos de 10 minutos. 

Os mortos incluem 1.080 pessoas de 14 nações, incluindo 979 australianos.

Informações G1


Com inflação recorde, BC da Argentina eleva juros a 81% ao ano 

Foto: 17/10/2022REUTERS/Agustin Marcarian

Movimento ocorre após variação de preços atingir 104,3% em março, o maior valor desde setembro de 1991

O Banco Central da Argentina (BCRA) confirmou nesta quinta-feira (20) o aumento dos juros básicos em 3 pontos percentuais, conforme havia sido antecipado por veículos da imprensa local.

Com a decisão, a taxa da chamada Letra de Liquidez (Leliq) avança a 81% ao ano, após a inflação no país atingir o maior nível em três décadas. Segundo comunicado, a autoridade monetária também fixou em 81% a taxa mínima para os depósitos de prazo fixo de até 10 milhões de pesos e de 72,5% para o restante.

“O BCRA continua monitorando a evolução do nível geral de preços, a dinâmica do mercado de câmbios e dos agregados monetários aos efeitos de calibrar sua política de juros”, informou a autoridade monetária.

No mês passado, o BCRA já havia elevado a taxa de juros em 3 pontos percentuais,para 78% ao ano. O aumento dos juros, no entanto, parece não ser o suficiente para domar a variação dos preços no país vizinho.

O índice de preços ao consumidor (IPC) da Argentina acelerou a uma taxa anual de 104,3% em março, no maior valor desde setembro de 1991.

Na comparação com o mês de fevereiro, os preços estavam 7,7% maiores.

O resultado deixa o país na liderança dos maiores índices de inflação entre os membros do G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.

A situação se agrava ao se olhar para a crise climática que a Argentina, um dos maiores exportadores mundiais de grãos, atravessa. Lidando com uma das piores secas da história, as safras locais podem render quase um quarto a menos de dólares de exportação nesta temporada em relação ao ciclo anterior, de acordo com a bolsa de grãos de Buenos Aires.

O resultado é um encarecimento ainda maior dos preços dos alimentos — e uma perspectiva de perdas de dezenas de bilhões de dólares para a economia.

*Com informações de Estadão Conteúdo


Emirados Árabes autorizam extradição de empresário Thiago Brennand ao Brasil

Os Emirados Árabes Unidos autorizaram neste sábado,  15, a extradição do empresário Thiago Brennand ao Brasil. A informação foi publicada pela TV Globo. No país do Oriente Médio desde setembro de 2022, o homem de 42 anos é suspeito de ter cometido vários crimes, tendo cinco mandados de prisão preventiva em território brasileiro.

As acusações são de agredir uma modelo, sequestrar e tatuar uma segunda mulher, além de estuprar uma jovem e uma miss. Fora isso, Brennand é investigado por bater no próprio filho, um adolescente de 17 anos. Em outubro do ano passado, o pernambucano chegou a ser detido em Abu Dhabi, mas deixou o cárcere após o pagamento de fiança.

Ao longo desta semana, havia a expectativa de que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversasse sobre o tema com o presidente Mohammed bin Zayed Al Nahyan durante sua passagem pelos Emirados Árabes – ele chegou ao país neste sábado. Em rápida conversa com a imprensa, entretanto, o petista afirmou que a extradição não foi discutida na reunião. “Não discuti este assunto”, resumiu o chefe do Executivo.

Informações TBN


Partido português convoca ato contra Lula : “Lugar de ladrão é na prisão”

O Chega, de direita, divulgou uma chamada para manifestação em 25 de abril: “Lugar de ladrão é na prisão”

O partido português Chega, de direita, convocou uma manifestação em 25 de abril contra o presidente Lula. Em publicação nas redes sociais, a legenda de André Ventura divulgou neste sábado (15) uma chamada para o ato: “Lugar de ladrão é na prisão”.

Lula fará um discurso no Parlamento de Portugal, mas não na sessão principal. Após pressão de parlamentares da direita, ficou decidido que o petista participará de sessão solene que não fosse a principal.

A data ainda não foi anunciada. O presidente chegará ao país dia 21 e permanecerá até o dia 25, quando seguirá para Madri.

Em publicação no Twitter, André Ventura, líder do Chega, afirmou: “Já temos corrupção a mais em Portugal,  não precisamos de importá-la!”

O Antagonista 


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Cientistas descobriram um texto bíblico escrito há mais de 1.500 anos que está sendo tratado como um “capítulo oculto”. Na verdade, o achado é uma tradução do capítulo 12 do livro de Mateus para a língua siríaca.

Assim, a descoberta se torna importante por mostrar se o texto bíblico mudou ao longo do tempo, apontando ainda para o trabalho de tradução do livro sagrado.

O capítulo oculto foi encontrado em um pergaminho e estava raspado. Segundo os cientistas, raspar o pergaminho era comum para que um novo texto fosse escrito sobre ele.

O trecho estava em um manuscrito sobre antigas histórias cristãs e hinos guardados na Biblioteca do Vaticano. Os vestígios só foram detectados através de luz violeta, podendo então ser traduzido.

Ao Daily Mail, o professor sênior de estudos do Novo Testamento na Universidade de Glasgow, Dr. Garrick Allen, disse que a descoberta fornece uma visão sobre as primeiras traduções da Bíblia.

– A tradução siríaca da Bíblia é importante por conta própria como uma das primeiras traduções do grego. Isso nos dá uma visão sobre os primeiros estágios do texto da Bíblia e as comunidades que produziram essas traduções – disse Allen.

Ainda assim, o professor diz que não se trata de uma descoberta inovadora, uma vez que o texto é apenas partes fragmentadas do capítulo já conhecido.

EVANGELHOS ORIGINAIS
Para o escritor cristão Justin Brierley, a descoberta é “fascinante” por mostrar “o quão rica tem sido a tradição manuscrita do Novo Testamento ao longo de muitos séculos”.

– Também é fascinante notar a variação em algumas das palavras do evangelho de Mateus em comparação com a versão que recebemos do texto. Muitas vezes encontro críticos que questionam se a Bíblia foi alterada ao longo do tempo, mas a ciência da crítica textual, auxiliada por descobertas como essas, ajuda os historiadores a montar uma imagem extremamente precisa do que os evangelhos originais diziam – declarou ele ao Daily Mail.

Informações Pleno News


Lula e Joe Biden - Reprodução/CNN
Lula e Joe Biden Imagem: Reprodução/CNN

Documentos supostamente do Pentágono, vazados nos últimos dias nas redes sociais, sinalizaram que o governo de Vladimir Putin considerou a proposta brasileira para criar um grupo de negociação para a guerra na Ucrânia como forma de reduzir a pressão do Ocidente contra o Kremlin.

Os documentos foram divulgados nas redes sociais, sem que o responsável pela exposição dos textos fosse identificado. No governo americano, o vazamento abriu uma crise e apelos para que investigações fossem realizadas. Alguns dos papéis foram confirmados pela inteligência americana como verdadeiros.

Procurado pelo UOL, o Itamaraty sinalizou que não comentaria.

Entre as diferentes informações reveladas, uma se refere ao Brasil e à proposta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para criar uma espécie de grupo de contato para permitir que países que não fazem parte da guerra pudessem facilitar um diálogo e colocar fim à guerra.

De acordo com os documentos da inteligência americana, Moscou iria fazer uso da proposta de Lula a seu favor.

Segundo o vazamento, diplomatas russos sinalizaram que estavam dispostos a considerar a proposta de Lula. Moscou acreditava, segundo a inteligência americana, que o plano “para criar um clube de mediadores supostamente neutros para lidar com a guerra na Ucrânia rejeitaria o paradigma do Ocidente de agressor-vítima“. A informação foi primeiro revelada pelo Miami Herald, na terça-feira.

Moscou vive um cerco diplomático, econômico, financeiro e até esportivo, com embargos e sanções. Na ONU, o esforço do Ocidente é o de designar os russos como os únicos responsáveis pela guerra, na condição de agressor. 

Nos primeiros meses de seu governo, o presidente brasileiro fez declarações sugerindo equiparar a situação de Rússia e Ucrânia, o que deixou capitais ocidentais em estado de alerta. Ainda que Lula tenha conversado por telefone com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, algumas de suas votações na ONU também geraram preocupação entre as potências Ocidentais.

Uma delas ocorreu há duas semanas, quando o Brasil foi um dos únicos países a ficar ao lado de uma proposta da Rússia de criar um grupo de investigação na ONU para examinar as explosões nos gasodutos no mar do Norte. Ao lado de Brasília estavam apenas a China e a própria Rússia.

Em março, quando Lula esteve em Washington, o governo de Joe Biden recebeu com frieza a proposta do brasileiro de criar um grupo de negociadores. Naquele momento, a Casa Branca deixou claro que qualquer iniciativa apenas poderia contar com países que declarassem que a Rússia havia sido a única agressora e que a Carta das Nações Unidas havia sido violada por Moscou.

Lula, porém, saiu de Washington tento assinado um documento conjunto no qual condenava a agressão russa. Para experientes embaixadores brasileiros, era esse o objetivo de Biden com a visita de Lula. “Os americanos conseguiram o que queriam”, disse um deles.

Os documentos vazados também apontavam que, segundo os americanos, o governo brasileiro planejava enviar para Moscou uma delegação de alto escalão na primeira quinzena de abril. De fato, no começo de abril, o assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, viajou para Moscou e manteve uma reunião com Putin. No dia 17, será a vez de Sergei Lavrov, chanceler russo, de visitar o Brasil. Uma reunião com o presidente Lula está sendo planejada.

Nesta semana, Lula ainda vai negociar com o presidente da China, Xi Jinping, uma declaração conjunta na qual os dois líderes devem pedir que caminhos diplomáticos sejam estabelecidos para encerrar a guerra.

Informações UOL


Após liberação, brasileiras presas injustamente por tráfico comemoram em Frankfurt, na Alemanha - Divulgação Redes Sociais
Não Após liberação, brasileiras presas injustamente por tráfico comemoram em Frankfurt, na Alemanha Imagem: Divulgação Redes Sociais

Após deixarem a prisão nesta terça-feira (11), asbrasileiras detidas por engano vão passar a noite em Frankfurt, na Alemanha, e somente amanhã devem planejar a volta ao Brasil em reunião com as advogadas. As etiquetas com o nomes de ambas estavam em malas com cocaína.

O que se sabe

Depois que foram liberadas do presídio feminino na cidade alemã, a empresária Kátyna Baía e a veterinária Jeanne Paollini se encontraram com familiares e a advogada Luna Provázio — responsável pela defesa do casal no Brasil —, que viajaram para a Alemanha para encontrá-las.

Assim que soube que seria solta, Jeanne entrou em contato com a advogada de defesa Chayane Kuss por meio de um celular do Consulado-Geral do Brasil naquele país.

As goianas ainda não receberam os objetos pessoais que estavam na bagagem de mão durante a viagem do Brasil para Alemanha, onde elas fariam escala, mas foram detidas.Os pertences foram apreendidos.

Voltar à cena do aeroporto é algo traumatizante para elas. Amanhã, a gente se reúne para decidir sobre a volta.”
Chayane Kuss, advogada de defesa das brasileiras na Alemanha

Como ocorreu a soltura

O Ministério das Relações Exteriores anunciou no início da tarde a soltura das duas brasileiras. Elas foram presas pelas autoridades alemãs sob a suspeita de tráfico de drogas. Segundo as investigações da Polícia Federal, ambas tiveram as malas trocadas por bagagens com cocaína.

O promotor alemão que cuida do caso arquivou o caso, após analisar vídeos e depoimentos enviados pelas autoridades brasileiras. 

Segundo o governo de Goiás, as brasileiras tiveram acesso a medicamentos (seguindo prescrição médica) e a audiência de custódia, que resultou na soltura delas, foi antecipada —conforme demandas levadas pelo Gabinete de Relações Internacionais às autoridades internacionais.

Informações UOL


O templo Kamakhya, em Guwahati, na Índia - Surjeet Yadav/AFP
O templo Kamakhya, em Guwahati, na Índia Imagem: Surjeet Yadav/AFP

Os presos, todos homens, decapitaram uma mulher em um templo hindu há quatro anos.

O que aconteceu:

Apesar de o crime ter ocorrido há quatro anos, a identificação precisa do corpo ocorreu apenas em janeiro. Shanti Shaw, à época com 64 anos, estava visitando um templo em Guwahati quando foi raptada e decapitada.

O ritual de sacrifício teria sido realizado em homenagem ao aniversário de morte do irmão de um dos homens. Cinco foram presos, mas, segundo a polícia de Guwahati, ainda há outros sete envolvidos a serem encontrados.

Desde 2014, foram registradas 103 mortes em rituais de sacrifício humano na Índia. Quando realizados, visam agradar deidades e deuses, e são mais comuns em áreas isoladas e/ou tribais.

Informações UOL


Ninguém da polícia, da administradora do prédio ou do governo verificou se a mulher estava viva ou morta, apesar das reclamações dos vizinhos.

Audrey diz que os vizinhos fizeram tudo o que podiam para alertar que algo havia acontecido com Sheila — Foto: BBC

Audrey diz que os vizinhos fizeram tudo o que podiam para alertar que algo havia acontecido com Sheila — Foto: BBC 

Atenção: esta reportagem contém detalhes perturbadores

O caso de uma mulher que morreu e cujo corpo ficou dois anos e meio dentro do seu apartamento — sem que ninguém descobrisse — revoltou moradores de um prédio em Londres

Eles moram em um prédio administrado por uma associação habitacional — entidades privadas e sem fins lucrativos que fornecem moradias de baixo custo a pessoas com necessidades financeiras no Reino Unido

A Peabody, associação habitacional que administrava o prédio em Londres, chegou a pedir que o governo pagasse diretamente o aluguel da moradora morta. Ninguém do governo, da polícia ou da administradora sequer checou se ela estava viva ou não, e o aluguel foi pago por meses. 

A BBC conversou com os moradores do prédio para tentar entender como uma pessoa pode morrer e, por mais de dois anos, ninguém descobrir o corpo. Os moradores estão avaliando se entram com um processo contra a Peabody. 

Audrey mora desde 2018 em Lord’s Court, um moderno bloco de apartamentos de três andares em Peckham, bairro no sul de Londres. 

Ela se lembra claramente do dia em que a polícia arrombou a porta do apartamento em frente ao dela. 

“Assim que a porta foi aberta, eu sabia que algo ruim havia acontecido. Você podia ver isso nos rostos dos policiais”, diz Audrey.

Dentro do organizado apartamento de um quarto, a polícia encontrou os restos mortais da secretária médica Sheila Seleoane, de 58 anos. O que havia restado dela era pouco mais que um esqueleto — vestida com calças de pijama azuis e uma blusa branca. A polícia disse que ela não foi assassinada. 

Dentro da geladeira, uma sobremesa deu um indício de quanto tempo seu corpo estava ali. A sobremesa havia expirado há dois anos e meio. 

Para os vizinhos de Sheila, há muito tempo era óbvio que alguma coisa estava errada. 

Semanas após a morte de Sheila, em agosto de 2019, Chantel*, que morava no apartamento logo abaixo, trocou as lâmpadas. Quando ela removeu a lâmpada velha, larvas caíram do teto. Nas semanas seguintes, o problema só piorou. 

“Havia larvas no quarto, na sala e no banheiro. E mais ou menos em todos os meus móveis”, lembra ela. “Você sentava no sofá e depois de um tempo encontrava uma larva esmagada”, diz ela. “Foi como viver em um filme de terror.” 

Chantel, que nos pediu para não usar seu nome verdadeiro, diz que ligou para a Peabody, a associação habitacional que administra o prédio, mas foi informada de que a entidade não lidava com larvas. 

“É muito triste que alguém possa estar em seu apartamento por tanto tempo e não ser encontrado. Ninguém estava sequer se esforçando para entrar em contato com ela”, diz ela.

Ela não foi a única vizinha a levantar preocupações ao longo dos meses seguintes. 

Audrey se lembra de voltar de uma viagem de trabalho e sentir um fedor desagradável “como o de um cadáver” ao pegar o elevador até o terceiro andar. 

“Isso me fez sentir mal”, diz ela. “Foi simplesmente horrível.” 

Um relatório identificou que houve várias 'oportunidades desperdiçadas' para se encontrar o corpo de Sheila — Foto: BBC

Um relatório identificou que houve várias ‘oportunidades desperdiçadas’ para se encontrar o corpo de Sheila — Foto: BBC 

Outros vizinhos do mesmo andar dizem que tentaram colocar toalhas e lençóis embaixo da porta para tentar impedir que o cheiro se alastrasse. 

“Não conseguíamos nem dormir no apartamento. Não dava nem para comer porque o cheiro era muito, muito ruim”, diz Donatus Okeke, que mora em um apartamento de dois quartos com sua esposa Evelyn e seus três filhos.

A todos, ficou claro que Sheila não estava mais morando no local. Sua correspondência começou a transbordar de sua caixa de correio e seu capacho — encostado em sua porta por faxineiros — nunca foi recolocado no seu lugar. 

Evelyn diz que ligou para a Peabody “muitas vezes”. 

Ela me mostra um registro escrito da primeira ligação — em 10 de outubro de 2019 — dois meses após a morte de Sheila. 

Iyesha, outra vizinha do mesmo andar, também procurou a Peabody várias vezes. “Eu continuei ligando dizendo que havia um cheiro de morte”, diz ela. “Ninguém veio.” 

Audrey diz que os vizinhos fizeram tudo o que podiam para alertar a associação habitacional. Ela diz ter ficado tranquilizada quando, na linha de atendimento ao cliente, a Peabody disse que alguém investigaria a situação. 

“Essa é a única coisa que eu lamento — que eu acreditei na Peabody. Eu lamento não ter chamado a polícia mais cedo, porque eu apenas confiei que eles iriam fazer algo.”

A Peabody disse à BBC que a associação ficou “arrasada” com o que aconteceu com Sheila e que foi “transparente sobre o que deu errado”. 

Sheila pagava o aluguel em dia desde que se mudara para o apartamento, em 2014 — Foto: BBC

Sheila pagava o aluguel em dia desde que se mudara para o apartamento, em 2014 — Foto: BBC 

Mas por que Sheila não foi descoberta antes de fevereiro de 2022? 

Depois que ela morreu, seu aluguel parou de ser pago. A Peabody enviou cartas, e-mails e mensagens de voz. Mas no ano seguinte, ninguém a visitou para ver como ela estava. Isso apesar de ela sempre pagar o aluguel em dia desde que se mudara para o apartamento em 2014. 

Em vez disso, sem ter falado com Sheila, a Peabody solicitou ao governo um benefício no nome dela. O auxílio é destinado a inquilinos que têm dificuldades para pagar suas contas. 

O pedido foi bem-sucedido, e em março — sete meses após a morte de Sheila — seu aluguel estava sendo pago pelo governo diretamente para a Peabody. 

Em abril de 2020, venceu o certificado de segurança do gás — uma obrigação anual para os proprietários. Quando os inspetores da Peabody não puderam entrar no apartamento, novamente ninguém da administradora fez nada. Em vez disso, a associação habitacional escreveu cartas para Sheila e depois cortou o fornecimento de gás. 

Um ano depois de sua morte, a Peabody finalmente visitou o prédio diante das inúmeras reclamações dos vizinhos. A associação pediu à polícia que verificasse como estava Sheila, mas quando os policiais bateram em sua porta e ninguém respondeu, a administradora decidiu que não tinha justificativa suficiente para entrar no apartamento. 

Um erro do operador da polícia agravou ainda mais o problema: uma mensagem falsa foi enviada à Peabody dizendo que Sheila havia sido avistada. Depois disso, foram mais 16 meses até que o corpo de Sheila fosse descoberto. A polícia de Londres pediu desculpas e disse que o operador responsável só não foi investigado porque já havia se aposentado. 

Ainda assim, diante de diversas evidências e reclamações, em nenhum momento ninguém da Peabody havia tentado visitar Sheila. 

Um relatório independente encomendado pela Peabody afirma que houve várias “oportunidades desperdiçadas” de se encontrar o corpo de Sheila antes. 

O documento disse que a metodologia de trabalho de Peabody fez com que todos os incidentes — como as reclamações dos vizinhos e a verificação de segurança de gás — fossem tratados isoladamente.

A associação habitacional “parece não ter percebido os gatilhos, ouvido… os vizinhos ou ligado os pontos”, diz o relatório. O documento diz que a Peabody tem uma cultura burocrática e “orientada por metas” que “não coloca o cliente no centro das suas ações”. 

Outro problema é que poucos gerentes da Peabody supervisionavam muitos imóveis, e não davam conta de todos os problemas. 

As associações habitacionais costumam dividir os apartamentos e casas que administram em grupos. Cada grupo tem um gerente de bairro ou oficial de habitação cujo trabalho é lidar com os problemas e preocupações dos residentes. 

Mas, enquanto os tamanhos típicos desses grupos são de 250 a 500 propriedades, na Peabody cada gerente supervisionava de 800 a mil propriedades naquela época. 

A Peabody disse à BBC News que, desde que o corpo de Sheila foi encontrado, a entidade reduziu o tamanho médio dos seus grupos para cerca de 500 propriedades. 

Os vizinhos de Sheila em Lord's Court dizem que ela era "reservada" e "tímida", mas amigável — Foto: BBC

Os vizinhos de Sheila em Lord’s Court dizem que ela era “reservada” e “tímida”, mas amigável — Foto: BBC 

Charlie Trew, da organização não-governamental Shelter, diz que as associações habitacionais estão sob pressão crescente por causa de “problemas fundamentais com o modelo de financiamento”. 

Ele disse que os cortes do governo desde 2010 forçaram as associações habitacionais a encontrar financiamento alternativo, muitas vezes por meio da construção e venda de casas particulares para financiar o custo de construção de casas sociais. 

“Isso resulta em uma experiência pior para o inquilino, porque essas associações habitacionais estão cada vez mais focadas no desempenho financeiro de sua organização do que na experiência do inquilino”, diz ele. 

Um porta-voz do Departamento de Habitação, Comunidades e Governo Local disse: “O trágico evento em torno da morte de Sheila Seleoane joga luz nos impactos totalmente devastadores dos administradores sociais que ignoram seus inquilinos”. 

Charlie Trew, da Shelter, diz estar preocupado com o fato de que, à medida que as associações habitacionais se fundem e se concentram mais no lucro, os inquilinos às vezes podem ser tratados como “um problema, ou uma questão, uma tarefa da qual precisam se livrar”. 

“Essa cultura fundamental precisa mudar para que as associações habitacionais, mais uma vez, priorizem a saúde e o bem-estar de seus inquilinos, ouçam-nos e sintam que têm o dever de cuidar para garantir que seus inquilinos tenham uma vida feliz e gratificante.”

Outro fator que explica por que Sheila não foi encontrada antes é a sua solidão. 

Um vídeo de seu funeral mostra apenas uma pessoa parada na frente de um crematório vazio — seu meio-irmão Viktor, que disse que não falava com ela há anos. Outra pessoa — um representante da Peabody — chegou atrasada. 

Nenhuma outra família. Nenhum amigo. 

Sheila trabalhava para uma agência, então é provável que ela não tivesse um local de trabalho fixo ou colegas. 

E pesquisas online revelam uma presença muito limitada nas redes sociais. Uma postagem no Facebook de 2012 sugere que ela estava procurando por um antigo amigo de escola com quem havia perdido contato. “Não consigo me lembrar do seu endereço e cometi o erro de não anotá-lo”, escreveu ela. Ninguém respondeu. 

O Escritório de Estatísticas Nacionais diz que cerca de 7% dos adultos britânicos se sentem solitários com frequência. 

Alguns estudos científicos sugeriram que a solidão pode aumentar a chance de uma morte prematura. 

Não sabemos como Sheila morreu, mas seus registros médicos sugerem várias complicações de saúde. 

Seus vizinhos dizem que ela era “reservada” e “tímida”, mas amigável. Eles a cumprimentavam na escada, mas não a conheciam. 

“Isso me fez olhar para meus vizinhos e minha comunidade de uma maneira diferente”, diz Audrey. “Devemos realmente cuidar das outras pessoas.”

Em nota, a Peabody disse que não fez o suficiente para entender a situação. 

“Escrevemos e telefonamos repetidamente sem reconhecer que isso não era suficiente”, disse um porta-voz. 

A Peabody disse que mudou a forma como investigava as reclamações. A cobrança do aluguel e as verificações de segurança do gás também mudaram como resultado do caso de Sheila. 

A organização admitiu que seu relacionamento com os moradores de Lord’s Court era ruim e disse que pediu desculpas a eles. 

Apesar dos esforços da Peabody para melhorar, os vizinhos de Sheila ainda se dizem traumatizados. A BBC descobriu que eles estão conversando com advogados e avaliando processar a Peabody. 

Audrey diz que o prédio desencadeia memórias horríveis daqueles dois anos e meio vivendo a poucos metros de um cadáver e suas múltiplas tentativas de alertar a Peabody. 

“Eu sempre me perguntei o que estava acontecendo atrás daquela porta”, diz ela. 

“Eles não sabem as noites sem dormir que passamos depois disso e como isso nos afetou”, diz Audrey. “Ainda me afeta toda vez que saio de casa — vejo o apartamento de Sheila e me lembro constantemente do que aconteceu lá.”

Evelyn e sua família também estão tentando ir embora. Desde que o corpo de Sheila foi descoberto, o filho de 12 anos de Evelyn, Chialuzue, tem tido insônia e seu desempenho na escola piorou. Ela atribuiu ao que aconteceu com Sheila. 

“Estamos sendo negligenciados. Eles não se importam conosco. Eles só se preocupam com o dinheiro e nada mais”, diz ela. 

A Peabody disse que havia uma escassez desesperada de habitação social em Londres, mas que iria checar qual outro apoio poderia oferecer a Audrey e Evelyn. 

*Nome fictício, a pedido da entrevistada

Informações BBC


Dalai Lama causa polêmica após pedir para garoto ‘chupar a língua’ dele

Dalai Lama, líder espiritual do Tibete, se pronunciou após ter beijado na boca um rapaz e lhe ter pedido para “chupar a língua” durante um evento público, na Índia, no final de fevereiro. O vídeo foi partilhado nas redes sociais e gerou bastante polémica. 

Segundo o The Guardian, Tenzin Gyatso reuniu-se, no templo do Dalai Lama, em Dharamshala, com cerca de 100 jovens estudantes que tinham acabado de se formar na Fundação indiana M3M.

No vídeo que se tornou viral, um dos jovens estudantes do sexo masculino perguntou ao Dalai Lama se o podia abraçar. O líder espiritual pediu-lhe que subisse à plataforma e pediu ao menino para o beijar na cara. “Primeiro aqui”, disse.

“Aqui também”, pediu. O rapaz beijou-o na boca e, seguida, Dalai Lama disse: “E chupa-me a língua”, disse pondo a língua de fora. O rapaz mostrou a língua e foi-se embora enquanto o Dalai Lama ria.

Muitos dos comentários ao vídeo diziam que o comportamento tinha sido “inapropriado”, “escandaloso” e “nojento”. A controvérsia suscitou um pedido de desculpas do gabinete do Dalai Lama, que disse que o seu comportamento tinha sido “inocente e lúdico”.

“A sua santidade deseja pedir desculpa ao rapaz e à sua família, bem como aos seus muitos amigos em todo o mundo, pelo mal que as suas palavras podem ter causado. A sua santidade provoca frequentemente pessoas que encontra de uma forma inocente e brincalhona, mesmo em público e perante as câmaras. Ele lamenta o incidente”, disseram numa declaração, citada pelo The Guardian.

Informações TBN

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