Como muitos venezuelanos, Lourdes Villarroel aprendeu a sobreviver com diferentes fluxos de renda compostos de uma colcha de retalhos. O dinheiro que recebe todos os meses vem do salário como professora, bicos como cabeleireira e o trabalho de atriz no teatro. Mas tudo isso já não é suficiente.
A inflação galopante devora a renda dos venezuelanos — até mesmo dos privilegiados que têm acesso aos dólares americanos. Esse cenário deixa a população com fome e com dificuldades extremas para comprar comida e remédios, de acordo com venezuelanos ouvidos pela Reuters.
A fome é um fantasma familiar na Venezuela, que sofreu anos de hiperinflação na segunda metade da década passada, quando o governo do presidente Nicolás Maduro imprimiu dinheiro para pagar suas dívidas em meio à desaceleração dos preços do petróleo.
Muitos venezuelanos foram deixados vasculhando o lixo para encontrar comida, e milhões fugiram do país para construir novas vidas na América do Sul e em outros países.
O crescimento dos preços ao consumidor na Venezuela começou a acelerar acentuadamente. Enquanto países de todo o mundo lutam contra a inflação após a pandemia, o aumento dos preços na Venezuela foi estimulado pela crescente demanda por dólares, aumento dos gastos do governo e enfraquecimento do bolívar. Essa combinação gera o medo de uma nova era de hiperinflação.
Os preços subiram mais de 37% em dezembro em relação ao mês anterior, segundo um grupo não governamental de economistas que calcula indicadores na ausência de dados oficiais e que estimou a inflação de 2022 em mais de 300%.
Mesmo os venezuelanos que se beneficiaram da dolarização por meio de remessas ou pagamentos de salários estão sendo atingidos pelos preços mais altos, enquanto aqueles que ganham em bolívares viram seus magros ganhos caírem ainda mais.
Terra Brasil Notícias
Medo do futuro