O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros da economia em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 12,75% ao ano. Como o novo corte, o segundo consecutivo, a Selic chega ao menor patamar desde junho de 2022, quando também estava em 12,75%.
Desaceleração da inflação contribuiu para corte nos juros. O BC reconheceu que os últimos dados sinalizaram queda, o que justifica a redução da Selic, mas reforça que as projeções ainda apontam para inflação acima da meta, em torno de 4,9% em 2023.
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Exterior pode pressionar preços no Brasil e impactar Selic. Entre os riscos para a inflação no Brasil nos próximos meses, o Copom destacou uma “maior persistência das pressões globais” e uma maior “resiliência” na inflação de serviços.
BC também monitora a situação nos Estados Unidos e na China. “O comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo dos EUA e a perspectiva de menor crescimento na China, ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes”, ressaltou em nota.
Comitê ainda sinalizou novos cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões. “Esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o Copom, que se reúne novamente nos dias 31 de outubro e 1º de novembro.
Com Selic a 12,75%, país deixa liderança do ranking de juros reais. Segundo levantamento global da Infinity Asset Management, os juros reais — isto é, descontados da inflação — estão em 6,40% ao ano no Brasil. O país aparece atrás do México (6,61%), que agora lidera a lista.
Considerando a evolução do processo de desinflação (…), o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano, e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025.
Copom, em nota
No início do mês, Lula (PT) voltou a pressionar o BC a baixar os juros. Durante evento no Ceará, o presidente disse que a Selic continuava muito alta e que é preciso reduzi-la para atrair novos investimentos. “Como o empresário vai investir? Como um empresário vai fazer uma fábrica?”, criticou.Continua após a publicidade
Melhora nas contas do governo depende de queda da Selic, disse Haddad. No último dia 2, o ministro da Fazenda afirmou que o governo vai buscar resultados primários cada vez mais consistentes, contando com a “ajuda” do BC. “Se continuarmos pagando 10% de juro real [Selic menos a inflação] ao ano, é muito difícil o fiscal responder”, disse.
Juros menores barateiam o crédito, favorecendo o consumo. Cortes na Selic têm reflexo nas taxas cobradas por bancos e lojas, o que ajuda a impulsionar o consumo das famílias. Esse efeito não é imediato, e os impactos mais relevantes serão sentidos pela população ao longo do tempo.
Com mais crédito, famílias têm alívio no orçamento. A Selic é chamada de taxa “básica” justamente porque serve como referência para outros juros do mercado, como os cobrados em empréstimos e financiamentos. Ou seja: quem vai financiar um carro ou um imóvel, por exemplo, pode ter um “respiro”.
Corte nos juros pode estimular a geração de empregos. Quando os juros estão altos, o custo de operação de uma empresa também é maior, o que desestimula investimentos e contratações. À medida que a Selic cai, empresários ficam mais dispostos a tomar riscos para crescer e, consequentemente, gerar empregos.
Investimentos de risco, como ações, tendem a ser mais buscados. Com o tempo, a contínua redução dos juros torna menos atrativos os investimentos em renda fixa, como títulos do Tesouro, CDB e LCI. Isso pode gerar uma migração para ativos mais arriscados, como ações e renda variável.Continua após a publicidade
Juros são usados para tentar controlar a inflação ou estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe a Selic para tentar conter o consumo e, consequentemente, a alta dos preços. Quando a inflação cai, a tendência é que os juros também sejam reduzidos para estimular novamente o consumo.
Governo definiu meta de inflação de 3,25% em 2023. Esse índice tem intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo, podendo variar de 1,75% a 4,75%. Nos últimos 12 meses, o IPCA — que mede a inflação oficial do país — está em 4,61%. Para 2024, 2025 e 2026, a meta é de 3%.
Informações UOL