O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu concluir o acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul até a metade de 2023.
O que o Brasil ganha com acordo?
O tratado pode aumentar o PIB do Brasil em US$ 87,5 bilhões (R$ 450 bilhões) nos próximos 15 anos, com esse número podendo chegar a US$ 125 bilhões se consideradas a redução de barreiras não tarifárias, segundo estudo do governo federal.
O governo ainda prevê um aumento de US$ 113 bilhões em investimentos no Brasil, e US$ 100 bilhões em ganhos das exportações brasileiras para a UE até 2035.
Ele prevê a criação da maior zona de livre comércio do mundo, com um mercado de 780 milhões de pessoas e que representaria cerca de 20% do PIB mundial e mais de 30% das exportações globais.
O tratado está em negociação entre os dois blocos desde 1999 e foi assinado em junho de 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro.
Setores agrícolas e industriais podem dificultar a ratificação do texto ainda neste semestre. A conclusão da parceria depende da aceitação dos termos pelos parlamentos de todos os países envolvidos e do bloco europeu.
Os reflexos da política ambiental do ex-presidente Bolsonaro bloquearam as negociações. Holanda, Áustria e a região da Valônia, na Bélgica, votaram contra a ratificação, com temores de que o tratado poderia ter impactos negativos no meio ambiente. Governos de França, Irlanda e Luxemburgo também mostraram resistência.
Outra questão é o ponto do acordo que trata das compras governamentais, prevendo que fornecedores de bens e serviços possam participar de licitações em qualquer país do tratado, sendo tratadas como empresas domésticas.
A grande questão que vem sendo levantada pelo lado europeu é o compromisso do Brasil e dos países sul-americanos com a manutenção dos bons padrões ambientais, de economia verde. Essas são as grandes questões sobre a mesa, que precisam ser discutidas até que se chegue a um bom termo entre as partes
Dawisson Belém Lopes, professor de relações internacionais da UFMG.
No caso da Europa, desde commodities até carnes, esses produtores perderiam para os sul-americanos. Já do lado contrário, haveria resistência na indústria automotiva argentina quanto à abertura do setor.
Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior.
O Mercosul tem um enorme potencial de exportar gás da Argentina e hidrogênio verde para Europa. Esse acordo facilitaria muito, com tarifas, investimentos. Tem também a parte dos alimentos, com a Europa tendo uma garantia muito maior de segurança alimentar
Welber Barral.
Informações UOL