O Partido Verde da Alemanha, da base de apoio aogoverno primeiro-ministro Olaf Scholz, apresentou proposta para banir anúncios de alimentos considerados não saudáveis, especialmente chocolates e doces. A justificativa seria preservar a saúde das crianças. A proposta recebeu críticas da indústria e até mesmo de membros do governo.
A publicidade desses produtos ficaria proibida na televisão, rádio e internet entre às 6h e 23h. Além disso, influencers em redes sociais como YouTube ou TikTok também ficariam proibidos de fazer propaganda de determinados produtos.
A iniciativa também prevê a proibição de outdoorscom anúncios de comidas doces, gordurosas ou de salgadinhos perto de escolas e parquinhos.
“Devemos assegurar que as crianças possam crescer de maneira mais saudável”, afirmou Cem Özdemir, ministro da Agricultura alemão, do Partido Verde, ao apresentar a proposta em Berlim. Para ele, proibir os anúncios é “crucial” na luta contra a obesidade.
Os representantes da indústria alimentícia alemã criticaram a medida com veemência. O diretor da Associação da Indústria Alemã de Confeitaria (BDSI), Carsten Bernoth, afirmou que banir os anúncios não fará com que as crianças comam menos doces, e argumentou que “a publicidade é essencial na economia de mercado”. “Ela permite que você tome uma parcela do mercado de seus competidores.”
Bernoth teme que o plano de Özdemir leve à proibição quase total dos anúncios do setor. “Nosso argumento é que os consumidores devem ter liberdade de escolha”, disse Bernoth. “Não cabe ao Estado fazer nenhum tipo de estipulação ou postular proibições.”
A proposta de Özdemir, no entanto, deverá enfrentar dificuldades para ser aprovada no Parlamento alemão, ou até mesmo entre a coalizão de três partidos que integram o governo, já parlamentares que antes se mostravam favoráveis agora já retiraram o apoio à ideia.
No ano passado, a indústria de doces na Alemanha faturou cerca de € 14 bilhões de euros (R$ 77,4 bilhões) e gastou € 1 bilhão em publicidade. A medida também afetaria o mercado publicitário.
Ao DW, a professora de saúde pública e nutrição da Universidade de Padeborn, Anette Buyken, afirmou que os dados são incompletos para saber se a medida tem eficácia para alterar hábitos e evitar a obesidade e outras doenças. O Chile foi um dos poucos países que implantou medida semelhante, em 2016, e ainda não há conclusão de que isso gerou benefícios à saúde da população.
Informações Revista Oeste