Não existe limite diário ou frequência para a pessoa se tocar. O alerta dos especialistas é quando o mecanismo passa a atrapalhar a rotina ou relações afetivas e sexuais do sujeito.
Vício em masturbação: como identificar e quais são os efeitos negativos
Nesta quarta-feira, 6 de setembro, é celebrado o Dia do Sexo (o sugestivo 6/9). Para entender o que é o vício em masturbação e como identificá-lo, o g1 conversou com Eduardo Miranda, coordenador do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia, e com Lucinara Costa, terapeuta, sexóloga e especialista em relacionamentos amorosos.
Os especialistas defendem que a masturbação é um ato saudável e com muitos benefícios físicos e emocionais. No entanto, quando passa a afetar o dia a dia de uma pessoa, suas relações e, principalmente, quando está relacionada ao uso excessivo ou exclusivo de pornografia, pode virar um problema.
Especialistas defendem que a masturbação é um ato saudável e com muitos benefícios físicos e emocionais — Foto: Pexels
Os especialistas afirmam que que a masturbação ajuda as pessoas a entenderem suas preferências e desejos sexuais.
“(A masturbação) é necessária nessa descoberta da sexualidade. As pessoas que não se tocam têm sérios problemas na sexualidade porque elas transferem tudo para o outro, colocam todo o prazer na conta do outro”, afirma Lucinara Costa.
Sim, é possível desenvolver o vício em masturbação. No entanto, os especialistas alertam que não existe uma frequência recomendada ou um limite diário. Vai depender de cada indivíduo e de como a masturbação afeta a vida.
“O limite é tênue, mas a resposta é que é possível sim. (É um problema quando) a pessoa está tão focada na masturbação que ela pode ter um distanciamento ou perda de interesse por relacionamentos e até, eventualmente, ter algumas disfunções ou falhas”, explica Miranda.
Na visão dos especialistas, o acesso fácil e banalizado à pornografia é capaz de impulsionar a prática da masturbação, e o contrário se aplica.
“Tem estudos que mostram que, com a pornografia, você precisa de 8 minutos para ter toda a resposta sexual — o que é uma resposta sexual muito alta. (Pode virar fonte de ansiedade e estresse) quando o excesso de dopamina que você está acostumado não vai acontecer em outros horários do dia”, afirma Lucinara Costa.
A identificação do vício em masturbação envolve observar o comportamento do indivíduo.
“Como eu também atendo casais, o que eu percebo é que quando a mulher diz que o parceiro não está procurando tanto e não tem tanto desejo, é que este homem faz o uso da pornografia, da masturbação, de forma compulsória”, afirma Lucinara.
Os especialistas explicam os efeitos negativos do excesso de masturbação, que incluem até a chamada Síndrome do Punho de Ferro:
“Na ‘Síndrome do punho de ferro’, a pessoa se masturba de forma tão vigorosa que ela não consegue reproduzir o mesmo tipo de estímulo na penetração e acaba que não consegue ter orgasmo. Então, ela penetra, mas não consegue ter orgasmo e tem que terminar com a masturbação logo na sequência para poder ter orgasmo no ato sexual”, explica Miranda.
Identificar o vício em masturbação e pornografia é o primeiro passo para quem quer fazer tratamento — Foto: Pexels
O tratamento para a compulsão por masturbação envolve a identificação e a eliminação dos gatilhos, com um progressivo “desmame” ou moderação da prática.
“A primeira questão é a identificação por parte de um profissional. Boa parte dos pacientes não procuram o urologista com essa queixa de que “estou me masturbando demais”. Ele procura com a outra queixa: “eu não tenho mais interesse, eu não consigo mais ter orgasmo”. Muitas vezes é na primeira avaliação que o médico é capaz de identificar um padrão.”
Informações G1