A brutal perseguição política não dá trégua na Venezuela. Além dos mortos nas recentes manifestações e dos milhares de detidos, a ditadura de Nicolás Maduro intensificou a repressão ao utilizar suas forças de segurança e grupos paramilitares para ameaçar e intimidar qualquer um que critique o fraude eleitoral ocorrido nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Neste fim de semana, surgiram nas redes sociais imagens que mostram várias casas no bairro 23 de Janeiro, um dos mais tradicionais de Caracas, marcadas com um “X”. O objetivo é amedrontar a população e prevenir novas manifestações massivas contra o regime. Um morador local, que preferiu permanecer anônimo, relatou ao jornal El Nacional que as marcas indicam a presença de muitos opositores na área.
A advogada venezuelana e diretora do Instituto Casla, Tamara Suju, informou em suas redes sociais que o caso foi denunciado à Corte Penal Internacional (CPI), que já investiga Maduro e a liderança do regime chavista por crimes contra a humanidade na Venezuela. Segundo Suju, a “Operação Tun Tun” é uma referência ao som das batidas na porta, similar às operações nazistas de perseguição.
Desde 29 de julho, quando começaram as manifestações contra o fraude eleitoral, a comunidade internacional tem exigido reiteradamente ao regime de Maduro que cesse a violência e a perseguição contra a oposição política e a sociedade civil. Entretanto, a ditadura prosseguiu com suas ações repressivas.
De acordo com a ONG Foro Penal, que lidera a defesa dos presos políticos na Venezuela, até o sábado haviam sido registrados 1.303 arrestos verificados no contexto das manifestações pós-eleitorais. Desses, 170 são mulheres, 116 adolescentes, 14 indígenas e 16 pessoas com deficiência. Além disso, durante as protestas, houve episódios de violência e vandalismo, resultando em 24 civis mortos, segundo a ONG Provea.
A principal coalizão de oposição, a Plataforma Unitaria Democrática (PUD), denunciou que o regime está conduzindo uma perseguição política “a níveis desumanos”. Segundo a PUD, nos últimos dias, a repressão atingiu níveis críticos, com adolescentes, mulheres e homens sendo detidos por expressarem seu desejo de mudança.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou em comunicado que é urgente que as autoridades venezuelanas ponham fim imediatamente às detenções arbitrárias e à repressão contra membros da oposição e da sociedade civil. Borrell destacou que a crise venezuelana deve ser resolvida através do diálogo, transparência e respeito à soberania e à vontade do povo.
O candidato opositor Edmundo González Urrutia, que, segundo as atas da oposição, venceu as eleições com quase 67% dos votos, enviou uma mensagem direta ao ditador Maduro: “Faço um apelo em nome de todos os venezuelanos para que cesse a violência e as perseguições e libere imediatamente todos os compatriotas detidos arbitrariamente”.
O cenário na Venezuela permanece tenso e a comunidade internacional continua atenta, aguardando ações concretas que respeitem os direitos humanos e a vontade dos cidadãos expressa nas urnas.
Informações TBN