Em 14 de outubro de 2024, completam-se dez anos desde a prisão de Tiago Henrique Gomes da Rocha, popularmente conhecido como o serial killer de Goiânia. A captura de Tiago em 2014 trouxe à tona uma série de assassinatos que chocaram o país, envolvendo a morte de 35 pessoas, a maioria mulheres. Embora Tiago tenha sido condenado a uma pena que, somada, ultrapassa 700 anos de reclusão, devido à legislação penal vigente na época dos crimes, ele estará apto a buscar liberdade após cumprir três décadas de prisão.
Os crimes cometidos por Tiago aconteceram antes da promulgação do “Pacote Anticrime”, sancionado em 2019, que alterou o limite máximo de cumprimento de pena no Brasil de 30 para 40 anos. No entanto, para crimes cometidos anteriormente à mudança, aplica-se a legislação vigente na época, que estabelece um máximo de 30 anos de prisão. Desta forma, mesmo com a gravidade dos delitos e a pena originalmente estipulada, há a possibilidade de Tiago ser libertado aos 56 anos de idade.
De janeiro a agosto de 2014, a cidade de Goiânia foi palco de uma série de assassinatos que desafiaram as autoridades. Foram registradas 16 mortes, 15 das quais de mulheres com idades entre 13 e 28 anos, e um único homem de 51 anos. Tiago, então chamado de motoqueiro matador, tinha um modus operandi peculiar: ele circulava de moto pela cidade em busca de vítimas, sem motivação aparente de roubo. A Polícia Civil do Estado de Goiás conduziu uma investigação extensiva que durou dois meses para identificar e capturar o criminoso.
Após a prisão, Tiago confessou outros homicídios, chegando ao total de 39 assassinatos ao longo de anos. Um laudo psiquiátrico, realizado pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), diagnosticou Tiago com Transtorno de Personalidade Antissocial, mas o considerou capaz de compreender o caráter ilícito de suas ações. Os especialistas descreveram-no como uma pessoa de altíssima periculosidade e com tendência a reincidir nos delitos cometidos. Não há, segundo os médicos, tratamentos medicamentosos ou psicoterapêuticos eficazes para sua condição.
O caso de Tiago Gomes da Rocha levanta importantes questões sobre segurança pública e a adequação das penas no sistema judiciário brasileiro. Enquanto um profundo sentimento de insegurança se abateu sobre Goiânia na época dos crimes, as autoridades se viram obrigadas a repensar abordagens investigativas e estratégias de policiamento. Este episódio também gera debate sobre as condições de detenção e os fatores que contribuem para a reformulação dos códigos penais no país, em busca de um equilíbrio entre justiça, punição e reabilitação.
Completando uma década de encarceramento, o futuro de Tiago Gomes da Rocha ainda suscita discussões. Embora ele possa exigir sua liberdade dentro das próximas duas décadas, sua reabilitação e reintegração social representam desafios complexos para o sistema penal e para a sociedade. À medida que se aproxima a data potencial de sua liberação, o caso continua a repercutir como um dos mais emblemáticos da criminalidade no Brasil, reforçando a necessidade contínua de melhorias no sistema judiciário e nos métodos de prevenção e tratamento de crimes.
Informações TBN