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Miguel Gutierrez/Agência Lusa

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, está diante de um momento crucial que determinará o destino de seu governo e o futuro do país. Em 28 de julho, ele enfrentará seu mais difícil desafio eleitoral desde que assumiu o cargo em 2013.

As pesquisas indicam que seu principal oponente, o ex-diplomata discreto Edmundo González, está à frente. González conta com o apoio de María Corina Machado, líder da oposição, que promete restabelecer a democracia e reunir famílias separadas pela migração.

Maduro, habilidoso operador político, historicamente inclinou as urnas a seu favor para superar sua impopularidade. No entanto, há riscos. Ele pode perder e negociar uma saída pacífica, mas poucos venezuelanos esperam que isso aconteça.

Analistas políticos e ex-funcionários do governo de Maduro acreditam que ele considera várias opções para manter o poder. Ele poderia desqualificar González ou os partidos que ele representa. Ou, usando sua experiência em manipulação eleitoral, permitir a votação, mas suprimir a participação e confundir os eleitores para vencer.

Outra possibilidade é cancelar ou adiar a votação, inventando uma crise, como uma disputa latente na fronteira com a vizinha Guiana. Maduro também poderia corrigir a contagem de votos, como ocorreu em 2017 durante a votação para reescrever a constituição.

Os EUA observam de perto a eleição, buscando promover a democracia e proteger interesses no negócio do petróleo. O governo Biden enfrenta desafios econômicos na Venezuela, enquanto centenas de milhares de venezuelanos migram para o norte.

Maduro, aos 61 anos, chegou ao poder após a morte de Hugo Chávez, fundador do projeto socialista do país. Independentemente do resultado, o cenário é crítico, e seus oponentes certamente acusarão fraude se ele declarar vitória.

Representantes do Ministério das Comunicações e do Conselho Eleitoral não responderam aos pedidos de comentários.

Nicolás Maduro, ex-vice-presidente e sucessor escolhido a dedo por Chávez em 2013, enfrenta um momento decisivo em sua liderança. Muitos venezuelanos previram seu fracasso, mas ele sobreviveu a crises econômicas, protestos, tentativas de golpe e sanções dos EUA.

Apesar de números desfavoráveis nas pesquisas, Maduro se fortaleceu, mantendo laços comerciais com Irã, Rússia e China. No entanto, a eleição, realizada a cada seis anos, é seu maior desafio.

O governo manipula a votação a seu favor, dificultando o registro de milhões de venezuelanos no exterior. Especialistas estimam que de 3,5 a 5,5 milhões de votantes vivem fora do país, mas apenas 69.000 conseguiram se registrar.

Internamente, esforços para minar a votação incluem mudanças nos nomes de escolas usadas como locais de votação. Além disso, a figura popular da oposição, María Corina Machado, foi impedida de concorrer, mas ainda apoia o candidato opositor Edmundo González.

O monitoramento eleitoral independente será mínimo, com o Centro Carter como única organização observadora. A eleição já é considerada uma das mais falhas do país em 25 anos.

Enquanto Maduro aumentou salários e melhorou a economia, sua campanha inclui dançar com eleitores e zombar dos céticos. O resultado será observado de perto pelos EUA e pela comunidade internacional.

O argumento persistente é que as sanções dos EUA estão no cerne dos problemas econômicos da Venezuela. Apesar das dificuldades econômicas, o movimento socialista do país ainda mantém profundas raízes.

Durante seus anos de maior sucesso, o movimento socialista tirou milhões de pessoas da pobreza e possui um poderoso aparato de comunicação. Muitos ainda votarão na causa socialista, mesmo reconhecendo falhas em Maduro. Como disse Giovanny Erazo, 42 anos, em um recente evento de divulgação do voto: “Não se trata apenas de um homem, mas de um projeto”.

Outros podem votar em Maduro acreditando que isso trará ajuda para suas famílias. Há muito tempo, os leais são recompensados com caixas de alimentos.

Apesar das preocupações de sabotagem por parte de Maduro, não está claro se isso resultaria na agitação necessária para tirá-lo do poder.

Desde 2013, pelo menos 270 pessoas foram mortas em protestos, segundo a organização de direitos humanos Provea, deixando muitos temerosos de sair às ruas. A frustração com Maduro levou muitos a votarem com os pés, fugindo do país.

Se Maduro não conseguir permanecer no cargo até 28 de julho, alguns analistas acreditam que ele poderia trabalhar com González para negociar uma saída favorável. No entanto, o presidente é procurado nos Estados Unidos por acusações de tráfico de drogas e está sob investigação do Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. Ele busca um país onde possa estar protegido de processos judiciais.

Manuel Christopher Figuera, ex-diretor do Serviço Nacional de Inteligência da Venezuela, considera esse cenário improvável. Ele afirma: “Maduro sabe que, se entregar o poder, o restante desse grupo de criminosos não escapará impune”.

Luisa Ortega, ex-procuradora-geral do país durante os governos de Chávez e Maduro, alerta contra o “triunfalismo fatal” entre os opositores. Ela ressalta que uma “avalanche de votos contra Maduro” nas urnas não necessariamente resultará em vitória para eles.

Com informações da Folha de SP e The New York Times

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