Líder do setor de internacionalismo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Milena Polini afirmou em entrevista à Rádio França Internacional (RFI) que a reeleição do ditador Nicolás Maduro, que a comunidade internacional considera fraudulenta, não altera o apoio do grupo de invasores ao venezuelano. A militante lamentou a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não reconhecer Maduro como o vencedor do pleito.
“Para nós, é triste a posição do governo Lula; para nós, do MST, seria muito mais proveitoso e importante se ele estivesse ao lado do Maduro”, criticou. “Mas o Lula é uma coisa, o PT é outra, e o MST é outra. Então, a gente nem sempre vai estar alinhado nas mesmas ideias.”
Embora ainda não declare Maduro reeleito presidente, Lula alegou, em recente entrevista, que a Venezuela não é uma ditadura. Também disse que seu aliado político implementou no país apenas um regime “muito desagradável”.
Milena disse ainda que a leitura do movimento é que a Venezuela é um território de disputa do imperialismo. “Assim como é a Palestina, assim como é a Ucrânia, assim como tem outros territórios de disputa do imperialismo contra o Sul Global”, comparou.
A relação do MST com a Venezuela foi outro ponto discutido pela líder. Ela informou que os invasores brasileiros mantêm uma “brigada de trabalho” no país vizinho e anunciou um novo projeto de produção de alimentos na região.
Milena participou da festa de L’Humanité, em Paris, que acontece sempre em setembro e reúne políticos e esquerdistas da França e de outros países. Organizada desde 1930 pelo jornal comunista francês L’Humanité, a festa atrai mais de 400 mil militantes. O evento aconteceu no último fim de semana.
A RFI também perguntou sobre a relação do MST com o governo Lula. “Podemos dizer que o projeto que venceu nas urnas não é o projeto que está conseguindo ser implementado no governo”, afirmou.
Ela afirmou que a bancada ruralista é que “impede a aplicação completa do projeto vencedor das eleições de 2022, que preconizava a preservação ambiental e a ampliação das políticas públicas”.
“Temos críticas (ao governo), mas estamos trabalhando juntos”, disse. “No entanto, pensamos que, para realmente o projeto ser implementado, a gente precisa de organização social”, declarou.
Milena Polini participou de uma mesa-redonda sobre o atual momento do MST, que completou 40 anos em janeiro de 2024. Ela relatou que o público estava interessado na história e no “funcionamento do MST”, além de fazer perguntas sobre meio ambiente, as queimadas no Brasil e a relação dos invasores com o governo.
Segundo Milena, o público francês expressou preocupação com as queimadas no Brasil.
“Essas queimadas foram coordenadas, não foram queimadas naturais, podemos dizer assim; foram intencionais, combinadas”, garantiu Milena. A militante só não mencionou os diversos avisos do Ministério do Meio Ambiente ao Executivo, desde fevereiro, sobre a catástrofe que estaria para acontecer no Brasil.
Informações Revista Oeste