Presidente dos Estados Unidos atrela o seu futuro ao desfecho da nova crise que incendeia o Oriente Médio
Os Estados Unidos vão implantar sistemas de defesa aérea em Israel e já instruíram a respeito suas forças destacadas para aquela região do Oriente Médio, anunciou o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin. E justificou:
“Após discussões detalhadas com o presidente Joe Biden sobre as recentes escaladas do Irã, orientei uma série de medidas adicionais para fortalecer ainda mais a postura do Departamento de Defesa”.
A principal medida: os Estados Unidos vão colocar a serviço de Israel uma bateria do sistema de defesa antimísseis THAAD e várias baterias de mísseis Patriot “em resposta às tensões”.
Depois de vetar no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução do Brasil que pedia pausas na guerra para permitir o acesso de ajuda a Gaza, os Estados Unidos esboçaram o seu.
O projeto afirma que Israel tem o direito de se defender e exige que o Irã pare de exportar armas para “milícias e grupos terroristas que ameaçam a paz e a segurança em toda a região”.
Pede a proteção dos civis, observa que os estados devem cumprir o direito internacional ao responder a “ataques terroristas”, e insta a “contínua, suficiente e desimpedida” entrega de ajuda a Gaza.
Não apela, porém, a qualquer trégua nos combates. Apela a todos os Estados para que tentem impedir que “a violência em Gaza se espalhe ou se expanda para outras áreas do Oriente Médio”.
Para ser aprovada pelo Conselho de Segurança, uma resolução carece de pelo menos nove votos a favor e nenhum veto da Rússia, China, Estados Unidos, França ou Reino Unido.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, explicou o veto à resolução do Brasil dizendo que era necessário dar mais tempo para “a diplomacia no terreno”.
No dia do veto, Biden estava em Israel, onde discursou ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. E em conversa reservada com ele, disse como acha que a guerra deve ser conduzida.
Os seguintes pontos fazem parte da receita de Biden para enfrentar a guerra desatada pelo ataque terrorista de surpresa do grupo Hamas a Israel no último dia 7 de outubro:
* A prioridade: resgatar com vida a maioria dos reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas em Gaza e compartilhados com outros grupos radicais palestinos. Dois já foram devolvidos;
* Não abrir uma segunda frente de batalha contra o Hezbollah, organização palestina financiada pelo Irã e sediada no Líbano. A guerra em duas frentes pode desencadear um conflito regional;
* A invasão terrestre à Faixa de Gaza deve empregar violência comedida para não se transformar em uma matança generalizada;
* A ocupação de Gaza pelas tropas de Israel não deve ser demorada para evitar o acirramento dos ânimos nos países árabes, a maioria deles retoricamente a favor dos palestinos;
* Por fim, a retomada das negociações para a criação de um Estado palestino deve acontecer de imediato ou a curto prazo.
Temeroso do futuro do seu governo, se é que tem algum, a receita de Netanyahu para a condução da guerra é pouco parecida com a de Biden e está sujeita a condições que ele não controla.
No caso dos reféns: o primeiro-ministro sempre criticou as concessões feitas pelos governos que antecederam ao seu para o resgate de prisioneiros. Não quer pagar um alto preço por isso.
Netanyahu está sob crescente pressão dos falcões do sistema de segurança de Israel para lançar um ataque preventivo contra “os animais”, como o ministro de Defesa denomina os palestinos.
Por mais de uma vez, Netanyahu já prometeu que a invasão a Gaza usará violência extrema. Será algo jamais visto. Quanto a ocupação de Gaza ser demorada ou não, nunca deixou claro o que pensa.
A retomada das negociações para a criação de um Estado palestino, por enquanto ou a perder de vista, está fora do radar do governo israelense. Netanyahu governa Israel há 12 anos.
Biden nunca gostou de Netanyahu, que nunca gostou de Biden. Mas Biden precisa do apoio econômico dos judeus para se reeleger, assim como Netanyahu precisa da proteção americana.
Em silêncio, mas sem disfarçar, Netanyahu torce para que Donald Trump, com quem mais se identifica, derrote Biden nas eleições de 2026. Só espera que seu próprio governo não desabe antes disso.
Informações Metrópoles