Rotativo News/A Tarde
Reaberto ontem, após quase seis anos fechado, o Hospital Espanhol passa a integrar os esforços no enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). O equipamento, que desde as 19h de ontem, começou a receber pacientes via Central Estadual de Regulação, é um centro de referência e conta com 140 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e outros 80 de enfermaria clínica.
A ocupação temporária da unidade de saúde foi autorizada pela Justiça Federal, no dia 17 de março, atendendo à solicitação feita pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) para uso como hospital de campanha. O total de investimentos para recuperação da unidade foi de cerca de R$ 8 milhões.
O hospital também conta com um túnel de desinfecção projetado e desenvolvido pelo Senai-Cimatec. O equipamento (um corredor de 2,5 metros) possui estrutura de alumínio, com tubulação de PVC e bicos aspersores que fazem o processo de nebulização de uma solução de hipoclorito pelo qual o profissional de saúde passará no final de seu trabalho para retirar os equipamentos de proteção individual com mais segurança.
“Os pacientes chegarão ao Hospital Espanhol oriundos das emergências municipais e estaduais, das UPAs, e serão regulados a partir de outros hospitais de Salvador e do interior. Os pacientes com Covid-19 entram nos hospitais com regulação acelerada, funcionando através de vaga zero, e nós, com isso, pretendemos oferecer a terapêutica intensiva, com ventilação mecânica, ou em enfermaria com maior rapidez e eficiência possível”, declarou o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas.
Estrutura
Na terça-feira passada, o governador Rui Costa (PT-BA) fez vistoria no hospital e voltou a salientar que, além do Espanhol, outras unidades de campanha – como o Fazendão, o Hospital Santa Clara, o Hotel Riverside e a Arena Fonte Nova – estão sendo incorporadas à rede de saúde. Com a reabertura do Espanhol, a Bahia conta com 1.135 leitos de enfermaria e 429 leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
A reabertura do equipamento, ainda que temporária, reacende a esperança de quem se engajou na luta contra a deterioração do equipamento, cujas dívidas de diversas ordens, entre elas trabalhistas, acumulam-se em cerca de R$ 500 milhões.
Criador da campanha SOS Hospital Espanhol, que busca impedir a venda do hospital e reivindica sua reabertura para o atendimento público, o jornalista e agitador cultural Clarindo Silva, 78 anos, acredita que, apesar das circunstâncias, este é o primeiro passo para que o equipamento seja devolvido definitivamente à população.
“Esse hospital já trouxe ao mundo e já salvou muitas vidas. Eu acredito que agora as autoridades entenderão a importância desse equipamento e que todo o investimento feito ali não vai ter sido em vão. Eu sei que é necessário pagar as dívidas com os trabalhadores do Espanhol para ele voltar a funcionar após esse período, mas esses valores são imensuravelmente menores do que o preço de perder vidas por falta de leitos”, resumiu Clarindo.
Foto: Adilton Venegeroles