O PT, que informalmente já apoiava a candidatura de Sergio Massa à Presidência da Argentina, formalizou no domingo 5 o apoio à campanha do ministro da Economia do governo esquerdista de Alberto Fernández, amigo e aliado do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Em nota oficial, o partido de Lula fala em combater a “extrema direita” ao se referir à candidatura de Javier Milei, candidato liberal que ficou em segundo lugar no primeiro turno com cerca de 30% dos votos, ante 36% de Massa. De acordo com a imprensa argentina, as pesquisas para a votação no segundo turno, em 19 de novembro, mostram uma disputa acirrada.
“Não temos dúvida em apoiar a candidatura de Sergio Massa, da coalizão União pela Pátria, no nosso país irmão”, diz a nota do PT, assinada pela presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e pelo Secretário de Relações Internacionais do partido, Romênio Pereira.
O partido prossegue, na nota: “Justamente nesse contexto dois projetos de sociedade se enfrentam: um, representado pela candidatura presidencial de Sergio Massa, de perfil democrático e popular, com um programa de governo de desenvolvimento e justiça social; e outro, do candidato Javier Milei, representando a extrema direita e o ultraneoliberalismo econômico do salve-se quem puder.”
O perfil “democrático e popular” do atual governo da Argentina, do qual Massa faz parte, levou mais de 40% da população para a pobreza, de acordo com pesquisa divulgada em setembro pelo governo argentino. A inflação anual é de 138%, o que representa uma taxa mensal superior a 11%. A título de comparação, no Brasil, a taxa mensal da inflação em setembro foi de 0,26% e a taxa anual é de 5,19%.
Em oposição ao projeto esquerdista do atual governo argentino, Milei defende propostas liberais para sair da crise na qual o peronismo mergulhou a Argentina, como a dolarização da economia, a redução dos gastos públicos e de impostos. O candidato oposicionista também é a favor da desregulamentação do porte de armas e a militarização das prisões.
“Nós, brasileiros e brasileiras, conhecemos bem essa segunda alternativa de extrema direita, que também governou nosso país no período anterior. Conhecemos toda a dor e o sofrimento que o descaso com a vida do povo significou para nosso país”, segue o texto do PT, fazendo referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Até agora, o PT não tinha manifestado apoio formal a Massa e Lula também evitou qualquer pronunciamento público sobre as eleições no país vizinho. Porém, o governo brasileiro vem ajudando a esquerda argentina. No fim de agosto, Lula se reuniu em Brasília com Massa, que também foi recebido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nessa última reunião, os dois países anunciaram um acordo de US$ 600 milhões para garantir o financiamento das exportações brasileiras ao país vizinho, que sofre com a falta de dólares.
Lula atuou na operação para liberar um empréstimo de US$ 1 bilhão do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) à Argentina, de modo que a Casa Rosada pudesse pagar uma dívida anterior com o Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo em setembro.
Além disso, marqueteiros ligados ao PT também estão na Argentina atuando na campanha de Massa. Eles exploram temas que os petistas costumam usar no Brasil, como o resgate da autoestima e o sentimento de unidade nacional e se referem a propostas de Milei como um governo do “salve-se quem puder”, sem regras nem leis.
Informações Revista Oeste