Para Jose Vicente Haro, 50 anos, a ditadura conduzida por Nicolás Maduro na Venezuela se assemelha ao regime imposto à União Soviética por Josef Stálin — um dos mais repressivos da história. Haro é o advogado de Edmundo González — o candidato que se opôs ao ditador venezuelano nas últimas eleições e agora se refugiou na Espanha, onde aguarda aprovação de um pedido para asilo político.
“O regime stalinista se baseava em um ‘estado geral de suspeita’”, disse Haro em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo ao fazer a comparação. “Os cidadãos não podiam opinar. Todos eram culpados a menos que se comprovasse o contrário.”
Maduro é acusado por Gozález de fraude nas eleições de julho. O pleito gerou desconfiança na comunidade internacional. Nem mesmo o governo Lula, aliado do ditador, reconheceu o resultado oficial propagado pelo regime, que declarou Maduro como reeleito.
González chegou à Espanha no último domingo, depois de passar dias escondido em embaixadas em seu país de origem. A primeira delas foi a da Holanda. Temendo pela segurança das pessoas no local, o cônsul holandês não informou ao governo venezuelano sobre a concessão de abrigo.
Em seguida, González se mudou para a Embaixada da Espanha, onde permaneceu por alguns dias até sair da Venezuela.
A decisão de deixar o país ocorreu depois do cerco à embaixada argentina. “Ao longo daquela semana, ele já sentia que a pressão havia aumentado”, disse Haro. “Mas o assédio dos órgãos de segurança do Estado foi um sinal do que o oficialismo era capaz de fazer.”
Esse não é o primeiro perseguido político do regime chavista que Haro defende. Ao todo, o advogado representou 337 casos de vítimas de prisões políticas e arbitrárias. Na lista: estudantes, sindicalistas, e trabalhadores. Todos conseguiram a liberdade, a maioria deles foi para o exílio — e apenas um segue na Venezuela. “Alguns eram menores de idade, uma coisa horrível”, lembra.
Na sexta-feira, 6 de setembro, a polícia venezuelana cercou a embaixada argentina. O ato durou até o sábado 6, quando Gonzáles recebeu um salvo-conduto para deixar seu país.
A missão argentina abriga outros seis opositores da ditadura. O grupo está na instalação desde março, quando Ministério Público venezuelano emitiu um mandado de prisão contra eles.
Maduro rompeu relações diplomáticas com o governo argentino em agosto. O ato levou o Brasil a assumir a custódia da embaixada da Argentina no país.
No fim de semana de cerco, a polícia da Venezuela chegou a impedir a entrada de comida na embaixada, segundo a CNN. Em março, os asilados denunciaram o corte do fornecimento de eletricidade para o local.
Informações Revista Oeste