Faltavam apenas cinco minutos para o final da prorrogação (contando os acréscimos) e para a classificação brasileira às semifinais da Copa-2022. Até que uma disputa de bola despretensiosa na ponta direita do ataque brasileiro transforma-se em um contra-ataque da Croácia. E o gol de empate sai 22 segundos depois.
Para entender o lance, é preciso destrincha-lo em cada parte para entender o que levou à conclusão de Petkovic que acabou na rede brasileira. O final trágico da jogada tem relação com a postura tática da seleção, equívocos de posicionamento e erros técnicos. Vamos ao ponto a ponto.
Fred está próximo à quina direita da área croata quando sofre um carrinho de Gvardiol. A bola vai para a ponta direita e Lovren a chuta para frente. Na intermediária ofensiva, Danilo rebate com a cabeça, a bola para na cabeça de Sosa para ajeitar para Modric.
Quando a bola chega no craque croata, há sete jogadores brasileiros no campo de ataque croata. Cinco deles estão na frente da linha da bola: Fred, Pedro, Neymar, Rodrygo, Antony. O próprio Fred admitiu que o “ideal era que o time estivesse mais fechado”. Já Thiago Silva defendeu que o sistema do time é marcar em cima.
A realidade é que o time estava cansado para marcar pressão. Tanto que atletas como Neymar e Antony nem sequer participam de qualquer marcação – estão isolados na ponta esquerda. Isso facilita a saída de bola croata.
Casemiro deu um bote em Modric para romper o ciclo de ataque de Croácia. Ele era o último homem da linha de marcação brasileira antes da defesa. Só que sua intervenção se transforma em um toque para Vlasic armar o contra-ataque.
Apesar de estar marcando pressão, o Brasil não subiu corretamente sua linha de defesa. Quando um time decide pressionar o rival, a defesa tem que subir para não deixar um buraco. Vlasic recebe com um enorme espaço para dominar, avançar e dar o passe para a ponta esquerda. Quem estava mais próximo dele era Alex Sandro.
Na realidade, o Brasil fez uma marcação pressão só com metade do time. A parte da defesa preferiu recuar.
A câmera de cima da Fifa mostra claramente o quadro: quando Vlasic arranca, há quatro atacantes croatas contra quatro defensores brasileiros. Em um final de prorrogação, a seleção permitiu que o rival tivesse igualdade de homens em um ataque rápido.
Ao dar a cabeçada que devolve a posse de bola da Croácia, Danilo começa a correr para trás – ressalte-se que o defensor está com meias arriadas, meio mancando, com sinais claros de esgotamento. Mas, em vez de voltar para sua posição na lateral, ele retorna para o meio da defesa para cobrir uma posição que seria de Thiago Silva. O zagueiro não estava na melhor colocação. Quando ele retorna, os dois estão embolados na área e lateral-direita está livre para Orsic.
Alex Sandro, que estava no meio de campo, acompanha Vlascic de longe sem combate-lo diretamente. Também retorna mal posicionado, sem ocupar seu setor. Resultado: Marquinhos acaba com dois atacantes croatas sozinhos. Tenta um bloqueio desesperado. O chute de Petkovic bate nele e tira Alison da jogada. Aí esse final é só acaso.
Informações UOL