Bahia Notícias- A Itália anunciou neste sábado (16) que vai suspender os voos do Brasil como uma resposta a uma nova cepa de coronavírus. É o segundo país que decide barrar a entrada de pessoas vindas do território brasileiro por causa da variante encontrada no Amazonas. As informações são do portal G1.
Segundo o ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, qualquer pessoa que tenha transitado pelo Brasil nos últimos 14 dias também está proibida de entrar no país. E quem chegar à Itália do Brasil será obrigado a fazer um teste para detectar o vírus. “É fundamental que nossos cientistas estudem a nova cepa. Nesse ínterim, estamos tomando uma abordagem muito cautelosa”, disse ele nas redes sociais.
Na quinta-feira, o Reino Unido decidiu barrar viajantes oriundos do Brasil, Portugal e de outros 14 países por conta da nova variante do coronavírus. A proibição passou a valer já na sexta (15).
Documento de 23 de novembro apontou que pasta tinha conhecimento do aumento da demanda
Pelo menos desde o dia 23 de novembro, a Secretaria de Saúde do Amazonas sabia que a quantidade de oxigênio hospitalar disponível seria insuficiente para atender a alta demanda provocada pela pandemia de Covid-19.
A informação consta de projeto básico, que foi elaborado pela própria pasta, para a última compra extra do insumo, realizada no fim do ano passado. A White Martins informou que, se o contrato tivesse previsto um pedido maior na oportunidade, a empresa teria conseguido atendê-lo.
O contrato original para aquisição de gases medicinais do sistema de saúde é de 2016 e foi assinado com a White Martins, a principal fornecedora no Amazonas, com valor mensal informado de R$ 1,3 milhão. Inicialmente, o acordo previa o atendimento de até dois mil pacientes respiratórios.
Em 2018, ainda antes da pandemia, a secretaria chegou a assinar dois aditivos que, juntos, representavam acréscimo de 3,1% do valor. Como o teto permitido é de até 25% (acumulado) em cada contrato, o Estado ainda tinha uma margem de 21,9% para adquirir insumos em 2020, sem a necessidade de abrir um novo processo de contratação.
Toda essa cota, no entanto, foi usada na última compra extra em novembro. Na ocasião, a pasta ainda informa a inclusão “com urgência” do Hospital Geraldo da Rocha, em Manaus, na lista de unidades atendidas.
O projeto para o aditivo é de 23 de novembro. No documento, a secretaria também admite que os casos do novo coronavírus já estavam em alta na época e que o volume de oxigênio contratado não seria suficiente para dar conta da demanda.
– No Estado do Amazonas os casos de Covid-19, no mês de setembro, vêm apresentando alta crescente de casos confirmados. O percentual de 21,9152% disponível para aumento não atende as necessidades desta Secretaria, a alta crescente nos números de casos confirmados da Covid-19 e o pronunciamento até a presente data da Diretora da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) quanto a uma possível 2ª onda da pandemia – dizia a pasta.
Segundo o Portal da Transparência do Amazonas, os itens do aditivo incluíam um total de 307 mil metros cúbicos de oxigênio líquido e 6,1 mil na forma de gás, que são usados para pacientes internados por coronavírus. Também foram comprados outros gases hospitalares para procedimentos médicos diversos.
SECRETARIA DE SAÚDE DIZ QUE COMPROU TODO O INSUMO
Questionada sobre quais as medidas foram tomadas para evitar o desabastecimento e se houve tentativa de novas compras emergenciais ou buscas por novos fornecedores no período, a pasta não respondeu às perguntas e disse que “sempre contratou todo o insumo que a White Martins foi capaz de produzir”.
A secretaria afirma, ainda, que “sempre trabalhou” com previsão de maior demanda por oxigênio nesse período por causa da pandemia e da sazonalidade de outras síndromes gripais. Também diz que, até o último dia 7, “desconhecia” que “a capacidade máxima produtiva na planta de Manaus da White Martins era de cerca de 25 mil metros cúbicos por dia.
Ainda conforme a nota, em ofício enviado ao Comitê de Crise do governo, no último dia 9, a White Martins disse que sua planta operava no limite e classificou o momento como “sem precedentes”
WHITE MARTINS DIZ QUE PEDIDO FOI ATENDIDO
Questionada se teria capacidade de atender um pedido maior por oxigênio se ele tivesse sido feito em novembro, a White Martins respondeu que possuía a capacidade de buscar formas de viabilizar o aumento da oferta em patamares mais elevados, como está fazendo nesse momento e no período da primeira onda da pandemia.
Em nota, a White Martins explicou que ao longo de 2020 já havia passado por processos de ampliação para aumentar significativamente sua capacidade de produção local.
-É importante esclarecer ainda que, na data de 01/01/21, a planta da White Martins tinha em estoque produto suficiente para abastecer os hospitais da região pelo período de sete a oito dias de acordo com o consumo diário de dezembro de 2020 – detalhou.
*Estadão
Pedido foi feito pelo Ministério da Saúde ao Instituto Butantan
Nesta sexta-feira (15), o Ministério da Saúde enviou um ofício ao Instituto Butantan solicitando a “entrega imediata” de 6 milhões doses importadas da CoronaVac, vacinachinesa da Covid-19. O documento foi assinado pelo diretor do Departamento de Logística em Saúde, Roberto Ferreira Dias, e enviado ao diretor do instituto, Dimas Covas.
“Solicitamos os bons préstimos para disponibilizar a entrega imediata das 6 milhões de doses importadas e que foram objeto do pedido de autorização de uso emergencial perante a Anvisa” disse a Pasta no documento.
O ministério ressaltou ainda a “urgência na imediata entrega do quantitativo contratado e acima mencionado, tendo em vista que este ministério precisa fazer o devido loteamento para iniciar a logística de distribuição para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitativa, conforme cronograma previsto no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a Covid-19”.
Sobre o pedido, o Butantan informou ter recebido o documento disse que “para todas as vacinas destinadas pelo instituto ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), é praxe que uma parte das doses permaneça em São Paulo, estado mais populoso do Brasil. Isso acontece, por exemplo, com a vacina contra o vírus influenza, causador da gripe. Portanto, o instituto aguarda manifestação do Ministério também em relação às doses da vacina contra o novo coronavírus”.
A CoronaVac foi desenvolvida pelo Butantan em parceria com a Sinovac.
Agência Brasil-
O governo do Amazonas informou nesta sexta-feira (15) que 235 pacientes com covid-19 serão transferidos da rede pública hospitalar de Manaus para sete estados e para o Distrito Federal. Um primeiro grupo que estava na internado na rede estadual foi removido na manhã de hoje para continuar o tratamento na capital piauiense, Teresina.
Segundo o Ministério da Saúde, as transferências ocorrerão por via aérea e estão garantidos – de imediato – 149 leitos: 40 em São Luís (MA); 30 em Teresina (PI); 15 em João Pessoa (PB); 10 em Natal (RN); 20 em Goiânia (GO); 04 em Fortaleza (CE); 10 em Recife (PE) e 20 no Distrito Federal.
A pasta informou ainda que os pacientes que serão trasladados atendem a critérios clínicos definidos pela equipe médica. O transporte será feito em parceria com o Ministério da Defesa por duas aeronaves da Força Aérea Brasileira com capacidade de 25 pacientes deitados em macas.
Teresina é a primeira capital que receberá pacientes de covid-19 oriundos de Manaus. O estado do Piauí tem atualmente 52,1% de ocupação em leitos de UTI (146) e conta com 134 leitos disponíveis. Até o momento, o estado já registrou 2.930 mortes provocadas pelo novo coronavírus.
Segundo o governo do Piauí, o estado tem 801 leitos ativos (entre UTI e enfermaria). Atualmente, os leitos de covid-19 estão 44% ocupados. O sistema informa que há 153 leitos de UTIs ocupados e outros 152 disponíveis.
De acordo com o Painel Covid-19 atualizado pelo governo do Maranhão, o estado tem 62,22% dos leitos exclusivos para o novo coronavírus ocupados. Atualmente, há 84 leitos livres, o correspondente a 37,78%. O estado registra 245 pacientes internados por coronavírus em leitos de UTI na rede pública hospitalar.
Dados da Secretaria de Saúde da Paraíbaapontam que o estado tem 801 leitos ativos (entre UTI e enfermaria). Atualmente, os leitos para covid-19 estão 44% ocupados. O sistema informa que há 153 leitos de UTIs ocupados e outros 152 disponíveis. O município com maior número de leitos é João Pessoa, com 139 leitos de enfermaria e 59 leitos de UTI.
O Rio Grande do Norte tem atualmente 64,29% dos leitos de UTI para tratamento de covid-19 na rede pública hospitalar ocupados. Segundo o governo do estado, 11 leitos de UTI e 9 leitos clínicos estão bloqueados para atendimento de pacientes. Esse bloqueio pode ser realizado por fatores como manutenção, rede de gases em manutenção, vazamentos ou falta de pessoal.
A secretaria de Saúde do estado de Goiásinformou que a taxa de ocupação de leitos de UTI para tratamento de covid-19 estão com taxa de ocupação de 59,29%. A capital goiana tem 295 leitos, dos quais 197 estão ocupados (66,78%). O município deve receber cerca de 20 pacientes de Manaus.
Segundo o governo do Ceará, no estado os leitos de UTI registram uma ocupação de 64,8% e estão com tendência de alta. Os dados disponíveis no sistema, contudo, ainda são referentes à dezembro de 2020.
Os dados sobre internação em Pernambuco englobam informações sobre pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e indicam que há uma ocupação de 83% dos leitos de UTI na rede hospitalar do estado, com 973 pessoas em tratamento. Outros 892 pacientes ocupam leitos de enfermaria nos hospitais para tratamento de covid-19.
A capital federal deve receber cerca de 20 pacientes de Manaus. Atualmente, o Painel Covid-19 no Distrito Federal registra 68,12% de ocupação em leitos públicos com suporte de ventilação mecânica. A rede inclui leitos em hospitais particulares do DF. Segundo o sistema, quase 80% dos pacientes permanecem até 15 dias em internação.
Vanessa Centamori/Colaboração para VivaBem- Joana*, 22, passava por tratamento intensivo, mas não se sentia viva. Enquanto tomava altas doses de medicamentos psiquiátricos, ficava dias a fio deitada na cama, só comia quando estava prestes a desmaiar e apenas saía de casa para ir a consultas médicas.
Aqueles momentos de sofrimento eram fruto de um problema de saúde já conhecido: o transtorno afetivo bipolar, distúrbio que ela trata desde os dez anos de idade, quando tentou suicídio pela primeira vez. Os medicamentos psiquiátricos, todavia, só fizeram efeito até a pré-adolescência, embora tenham sido experimentadas várias formas e doses de medicação, além de terapia cognitivo-comportamental e outras linhas.
Consequentemente, a jovem foi internada diversas vezes em clínicas psiquiátricas por novas tentativas de tirar a própria vida. Então, em outubro de 2019, veio mais uma tentativa de suicídio —a ingestão dos próprios medicamentos se mostrava um risco. Percebendo isso, a psiquiatra da jovem deu a sugestão: “vamos tentar ECT (eletroconvulsoterapia)”? A carga do “eletrochoque” A princípio, aquilo não soou bem para a paciente. Isso porque a ECT era antigamente conhecida como “eletrochoque” e já foi uma prática desumana, usada pelos nazistas alemães, na ditadura militar brasileira e no famoso caso do “Holocausto Brasileiro”, no Hospital Colônia de Barbacena, fundado em Minas Gerais no ano de 1903.
Mas a ciência foi desenvolvendo uma técnica menos barbárica, ainda que lentamente. Nos anos 1930, o médico húngaro Von Meduna começou a estudar o uso de cânfora (substância extraída da árvore canforeira) para injetá-la em pacientes epiléticos, causando convulsões na esperança de evitar psicoses.
Oito anos depois, as convulsões continuaram a ser estudadas, mas, dessa vez, foram implementadas via estímulos elétricos cerebrais para tratar condições psiquiátricas, em experimentos de dois médicos da Universidade de Roma: Ugo Cerletti e Lucio Bini.
Todavia, foi só após o surgimento do tratamento medicamentoso na psiquiatria, no fim dos anos 1950, que pesquisadores retomaram os estudos de eletroconvulsoterapia para pacientes que não respondiam aos medicamentos, entre 1970 e 1980. Finalmente, em 1985, o Instituto Nacional de Saúde e a Conferência Nacional de Saúde Mental dos EUA deram um “aval cauteloso” para a ECT, estimulando estudos e critérios novos.
Hoje, a eletroconvulsoterapia é um tratamento clínico legalizado, que deve seguir parâmetros controlados e rigorosos por motivos de segurança —como, por exemplo, a exigência de anestesia e o monitoramento do paciente antes e durante o procedimento.
Quem deve fazer ECT?
No filme ‘Um Estranho no Ninho’, personagem de Jack Nicholson é submetido a eletrochoque sem anestesia como punição
A eletroconvulsoterapia deve ser indicada somente em casos mais graves ou refratários. Ou seja, quando não há resposta satisfatória a medicamentos psiquiátricos e outras intervenções terapêuticas —como foi o caso de Joana. Além de servir para tratar transtorno afetivo bipolar (seja em ciclos de depressão ou mania), a ECT é aplicada também em pessoas com depressão severa, esquizofrenia, em alguns casos de epilepsia e nos de catatonia.
As situações de catatonia são emergências médicas, quando os pacientes estão tão graves e acamados que nem se comunicam, comem ou evacuam. Isso pode piorar ainda mais e gerar um quadro infeccioso, em que a pessoa pode até morrer, de acordo com o psiquiatra José Gallucci Neto.
O especialista é coordenador do serviço de eletroconvulsoterapia do IPq (Instituto de Psiquiatria) do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e recebe pacientes catatônicos e casos muito sérios diariamente.
“Os remédios antidepressivos demoram, em média, de três a quatro semanas para fazer efeito. Com a ECT, você tem melhoras em uma ou duas semanas”, explica Neto. “Para a catatonia, nas primeiras duas ou três aplicações já há uma melhora absurda. Salva a vida na grande maioria dos casos”, acrescenta.
Tratamento não traz cura, mas remissão
Em episódios de depressão, várias revisões e estudos já estimaram que a remissão do quadro com a ECT se dá em mais de 80% das vezes. Isso contra 60 a 70% de sucesso se são usadas em vez disso apenas drogas antidepressivas.
Portanto, para as pessoas com ideação suicida que não melhoram ao tomarem remédios, a ECT pode ser uma alternativa emergencial para trazer alívio —embora não seja uma cura definitiva. Joana, por exemplo, diz que teve remissão do grave estado depressivo em que estava e “teve a vida de volta” depois de passar por 15 sessões da técnica em 2019.
Hoje ela segue com outros tratamentos psiquiátricos conforme retoma a rotina.”Voltei a ser ativa, sair para conversar, me encontrar com meus amigos. Retomei a academia, voltei a viver, de fato. Antes, no período em que estava com depressão, não vivia”, relata a garota.
O procedimento é seguro?
Protocolos internacionais exigem que a ECT seja feita em ambiente hospitalar, sob efeito de anestesia e supervisão de médicos e enfermeiros capacitados. Em termos de risco de mortalidade, a literatura médica mostra que é muito baixo: o mesmo de se submeter a uma anestesia comum (entre uma a quatro mortes a cada 100 mil tratamentos).
Isso significa que a taxa de suicídio no Brasil é maior do que a chance de morrer durante uma sessão de eletroconvulsoterapia. Por aqui, são seis suicídios a cada 100 mil habitantes, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Outro fato relevante é que, do passado de tortura para cá, a segurança virou um requisito a ser seguido. Tanto que o procedimento é indolor —graças a anestésicos obrigatórios e hoje aperfeiçoados— e há exigência de avaliação clínica completa do paciente, para identificar possíveis contraindicações.
Por último, o próprio aparelho para induzir estímulos elétricos mudou. O instrumento é usado com parâmetros para controlar a carga elétrica e o comprimento de onda específicos para cada pessoa. Mas deve haver cuidado, pois a máquina é complexa de ser manipulada e é preciso haver profissionais bem treinados —o que nem sempre é a realidade do sistema de saúde brasileiro.
O mecanismo de ação em si da eletroconvulsoterapia é desconhecido e alvo de debates, assim como ocorre com remédios psiquiátricos. O que se sabe é que o procedimento consiste em colocar eletrodos nas têmporas de uma pessoa, iniciando um estímulo elétrico que provoca convulsões leves, enquanto o paciente está anestesiado.
De modo geral, os cientistas acreditam que a corrente elétrica do estímulo reativa os neurônios em algumas regiões do cérebro, pois atua em neurotransmissores (mensageiros químicos dos neurônios). Assim, como resposta, a ECT faria o sistema nervoso voltar a funcionar de modo regulado.
“Enquanto os antidepressivos fazem um aumento de balanço de neurotransmissores ao longo de semanas e meses, a eletroconvulsoterapia faria isso de maneira mais rápida”, explica o psiquiatra José Gallucci Neto.
São normalmente recomendadas pelo menos 12 aplicações, de duas a três vezes por semana, mas esse número pode chegar a até 20 sessões se for necessária uma resposta adicional. Por último, o tratamento pode ter ainda uma fase de manutenção, de uma ECT por mês, por exemplo.
Contraindicações A eletroconvulsoterapia possui risco de complicação cardiovascular e há aumento da pressão arterial durante o procedimento, por isso é contraindicada para:
• Quem possui aumento de pressão intracraniana, tenha sido diagnosticado com tumor cerebral ou aneurisma
•Tenha tido infarto do miocárdio recente •Hipertensão arterial descontrolada
•Arritmias cardíacas graves •Descompensações clínicas importantes, como um quadro infeccioso grave ou hipotireoidismo grave
Efeitos colaterais
Não necessariamente o paciente sofre todos os efeitos colaterais na ECT. Joana, por exemplo, teve só um deles: dor de cabeça passageira, que é tratável com analgésico convencional. Além desse incômodo, há chances baixas de náusea e também é possível ter déficit de memória recente, causado tanto pelo estímulo elétrico da ECT quanto pelo anestésico.
Conforme mostra a maioria dos estudos sobre o assunto, a “perda” de memória atinge principalmente o período circunscrito a cada sessão de eletroconvulsoterapia —ou seja, não há risco de se esquecer o que se fez no passado. “Tem paciente que acorda e fala, ‘doutor e aí? Vamos lá para o procedimento?’, mas já foi realizado. Ou pode ser que ele não se lembre do que fez no dia anterior, o que comeu. Ou se você pergunta se ele lembra de ter ido lá [no hospital], ele diz ‘mais ou menos’. A memória fica meio borrada”, descreve o psiquiatra.
Todavia, Neto explica que todos os cuidados são tomados para evitar esse déficit de memória, que é o efeito mais recorrente. Por exemplo, além de exames de memória, usa-se a chamada técnica unilateral (com um eletrodo apenas) e também se manipula o comprimento de onda elétrica para prevenir essa perda.
Se ECT causa convulsão, o corpo todo contorce?
Não há nenhuma contorção assustadora do corpo, como ocorria no passado, pois o anestesista aplica um relaxante muscular para evitar que a convulsão se manifeste de modo físico.
A droga atua na placa motora, entre o neurônio e o músculo. Com isso, se liga no mesmo lugar que o neurotransmissor se ligaria e os movimentos involuntários, quando ocorrem, são, na verdade, bem leves. Todavia, na primeira sessão de ECT esses movimentos sutis podem provocar um efeito peculiar.
Alguns músculos do crânio, ao serem afetados pelo relaxante muscular, podem dar a “sensação de a pessoa ter mastigado um alimento um pouco mais firme em uma refeição”, segundo Gabriel Guimarães, anestesista especializado em eletroconvulsoterapia. Outra sensação possível nessa primeira aplicação é o paciente sentir como se “tivesse malhado” devido à reação muscular à medicação. “No dia seguinte, ele não sente mais isso, pois o corpo já terá se adaptado àquela atividade muscular”, explica Guimarães, que atua no Instituto Castro e Santos e também no Hospital Sírio-Libanês de Brasília.
O que pode ocorrer também, segundo o anestesista, é o uso de um aparelho para impedir que o relaxante muscular chegue nos pés. Dessa maneira, só os pés se movem e é possível identificar a convulsão ocorrendo. Mas, claro, isso não significa que os parâmetros da pessoa deixarão de ser monitorados em um eletroencefalograma. Até porque existem também convulsões sem crises motoras.
O que dizem os críticos da ECT? Apesar de a eletroconvulsoterapia ser prática regulamentada no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina (resolução CFM nº 2057/2013), em 2019 o tema causou alvoroço após a publicação de uma “nota técnica” do Ministério da Saúde que, entre outros fatores, autorizava a compra de equipamentos para ECT no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde).
O texto foi mais tarde retirado do ar, mas reforçou uma linha crítica, da qual faz parte o psiquiatra Paulo Amarante, coordenador do LAPS/ENSP/Fiocruz (Laboratório de Atenção Psicossocial da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca).
Amarante condena a falta de consenso na hora de se explicar o mecanismo de funcionamento da ECT. E ainda critica o fato de que o método seja um “ato de desespero e não terapêutico” usado por instituições médicas que não seguem parâmetros humanizados.
“É um mecanismo facilmente relacionado às situações de violência e violação de direitos humanos. Os aparelhos de eletroconvulsoterapia acabam sendo usados sem a devida prescrição profissional adequada. É um equipamento que teria que ter um controle mais rigoroso”, opina o profissional. O especialista também é contra o que ele chama de “lobby da indústria de equipamentos”, dentro de um contexto precário do sistema de saúde público. “O aparelho de eletroconvulsoterapia não tem necessidade na rede pública que não tem médicos para aplicá-lo ou não tem anestesia ou nem sequer médico anestesista para fazer a indução”, argumenta.
Falta de acesso Por outro lado, o psiquiatra José Gallucci Neto acredita que já ocorre um subuso da ECT, já que, segundo ele, muitos pacientes possuem dificuldade de ter acesso a instituições que a apliquem de modo responsável.
“Não é concebível que atualmente o Brasil ainda esteja em uma política de saúde mental que exclui a eletroconvulsoterapia e pune os pacientes a não terem um tratamento que pode salvar vidas”, opina.
A paciente Joana relata que encontrou dificuldade para conseguir passar pela eletroconvulsoterapia mesmo na rede privada. O plano de saúde da jovem negou o procedimento por não ter sido considerado “essencial”.
“Acredito que só consegui [a reversão da negativa] porque meu pai é promotor de Justiça”, recorda, e acrescenta que ainda há um “estigma” acerca do método terapêutico.
Referências: DE OLIVEIRA, Walter Ferreira. Eletroconvulsoterapia (ECT)/Eletrochoque: A produção de evidencias sobre seu uso, eficácia e eficiência. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, v. 11, n. 28, 2019.
SIENAERT, Pascal. Based on a true story? The portrayal of ECT in international movies and television programs. Brain stimulation, v. 9, n. 6, 2016.
Agência Brasil- Decola hoje (15) do Recife em direção a Mumbai, na Índia, o avião da companhia aérea Azul que vai buscar os 2 milhões de doses da vacina contra a covid-19 importadas do país asiático. A previsão é que a aeronave decole às 23h e chegue amanhã (16) à Índia.
Inicialmente o voo estava previsto para decolar na noite de ontem (14), também às 23h, mas a viagem foi reprogramada em razão de questões logísticas internacionais.
O voo com destino ao Recife partiu na tarde de ontem, por volta das 15h30, do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). A Azul comentou a alteração na viagem e disse que, após chegar à capital pernambucana, a tripulação pernoitaria na cidade, prosseguindo o voo nesta sexta-feira.
A volta da aeronave ao Brasil estava marcada para sábado(16), aterrissando no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Mas, com a alteração no voo, ainda não há informações sobre o retorno do avião.
“A data de retorno ao Brasil, com a carga de vacinas estimada em 15 toneladas, ainda está sendo avaliada de acordo com o andamento dos trâmites da operação de logística feita pelo governo federal em parceria com a Azul”, disse o Ministério da Saúde, ontem, em nota.
Ao chegar, a vacina ainda precisa aguardar o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência se reúne no domingo (17) para analisar o pedido de uso emergencial apresentado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parceira da AstraZeneca e da Universidade de Oxford no Brasil.
De acordo com o ministério, a vacina será distribuída aos estados em até cinco dias após o aval da Anvisa para, assim, dar início à imunização em todo o país, de forma simultânea e gratuita.
A segurança no transporte das doses pelo Brasil será realizada pelas Forças Armadas, em ação conjunta com o Ministério da Defesa.
O avião que parte em direção à Índia é um Airbus A330neo, maior aeronave da frota da Azul, e estará equipado com contêineres específicos para garantir o controle de temperatura das doses, de acordo com as recomendações do fabricante. O avião percorrerá cerca de 15 mil quilômetros até o destino final.
O ministério informou que, além do apoio da Azul, conta com a Associação Brasileira de Empresas Aéreas por meio das companhias aéreas Gol, Latam e Voepass, para a logística de transporte gratuito da vacina.
Declaração foi dada durante transmissão ao vivo com o presidente Jair Bolsonaro
Plenos News- O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse em live com o presidente Jair Bolsonaro que irá colocar seis aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar oxigênio para o Amazonas. Como o Broadcast Político mostrou mais cedo, o governo brasileiro pediu ajuda aos Estados Unidos (EUA) para tentar socorrer a rede de saúde do Amazonas após o estoque de oxigênio acabar em vários hospitais da capital, Manaus, nesta quinta-feira (14).
A situação levou pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos.
– A procura por oxigênio na capital subiu seis vezes, então, já estamos ai em 75 mil metros cúbicos de demanda de ar na capital e 15 mil metros cúbicos no interior. Estamos já com a segunda aeronave entrando em circuito hoje, a C-130 Hércules, fazendo o deslocamento Guarulhos – Manaus e a partir de amanhã entram mais duas e chegaremos a seis aeronaves, totalizando ai algo em torno de 30 mil metros cúbicos por dia, a partir de Guarulhos. Nessa ponte aérea, existem também os deslocamentos terrestres – afirmou Pazuello.
Pazuello disse ainda que Manaus, capital do estado, não teve a “efetiva ação no tratamento precoce da Covid-19” e reconheceu que há um colapso no atendimento público da cidade e que apoia o estado.
*Estadão
Feira de Santana supera a marca de 20 mil recuperados da Covid-19. Até agora, são exatamente 20.540 pacientes livres da doença, índice que representa 93% dos casos confirmados. Além disso, nas últimas 24h foram registrados 528 exames negativos para o vírus e 255 casos positivos.
O boletim epidemiológico contabiliza ainda 62 pacientes internados no município e 1.114 casos ativos, ou seja, pessoas que ainda estão com a doença. O informativo também confirma mais duas mortes. A informação é da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde nesta quinta-feira (14).
Relatório sobre Covid-19 em Feira de Santana
NÚMEROS DESTA QUINTA-FEIRA
14 de janeiro de 2021
Casos confirmados no dia: 255
Pacientes recuperados no dia: 820
Resultados negativos no dia: 528
Óbitos comunicados no dia: 2
Datas dos óbitos: 27/12 e 09/01
Total de pacientes hospitalizados no município: 62
A Secretaria de Saúde ressalta que a inclusão no boletim dos registros de óbito por Covid-19 é feita quando a declaração de óbito, ficha de notificação e resultado do exame positivo para a doença chegam à Vigilância Epidemiológica.
NÚMEROS TOTAIS
Total de pacientes ativos: 1.144
Total de casos confirmados no município: 22.071 (Período de 06 de março de 2020 a 14 de janeiro de 2021)
Total de pacientes em isolamento domiciliar: 1.082
Total de recuperados no município: 20.540
Total de exames negativos: 30.410 (Período de 06 de março de 2020 a 14 de janeiro de 2021)
Aguardando resultado do exame: 817
Total de óbitos: 387
INFORMAÇÕES TESTES RÁPIDOS
Total de testes rápidos realizados: 20.545 (Período de 06 de março de 2020 a 14 de janeiro de 2021)
Resultado positivo: 3.676 (Período de 06 de março de 2020 a 14 de janeiro de 2021)
Em isolamento domiciliar: 7
Resultado negativo: 16.869 (Período de 06 de março de 2020 a 14 de janeiro de 2021)
O teste rápido isoladamente não confirma nem exclui completamente o diagnóstico para covid-19, devendo ser usado como um teste para auxílio diagnóstico, conforme a nota técnica COE Saúde Nº 54 de 08 de abril de 2020 (atualizada em 04/06/20).
Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana
Início da imunização contra a Covid-19 contará com a vacina de Oxford/AstraZeneca e a CoronaVac
Pleno News- O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou a prefeitos, em reunião nesta quinta-feira (14), que a vacinação contra a Covid-19 deve começar no próximo dia 20. A data já era apontada pelo governo federal como o cenário “mais otimista” para abrir a campanha de imunização. Pazuello participa de reunião com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Mais de 130 chefes de municípios acompanham virtualmente a discussão.
O ministro repetiu aos presentes que 8 milhões de doses de vacinas devem estar disponíveis em janeiro, sendo 2 milhões do modelo de Oxford/AstraZeneca e 6 milhões da Coronavac. Estes imunizantes serão entregues no Brasil pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan, respectivamente.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidirá no domingo (17), se libera ou não o uso emergencial destes dois imunizantes. Após este aval, as doses poderiam ser aplicadas na população.
Pazuello disse aos prefeitos que as doses da vacina de Oxford/AstraZeneca devem chegar aos estados na segunda-feira (18). Um avião sairá na noite desta quinta-feira (14) do Brasil para buscar as doses na Índia. A previsão de retorno é no próximo sábado (16). Antes do aval da Anvisa, porém, as doses devem ficar sob cuidados da Fiocruz.
O Ministério da Saúde planeja realizar um evento no Palácio do Planalto para começar a campanha. A ideia era realizar o evento no dia 19. Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou na quarta-feira (13) que quer abrir a vacinação no seu estado imediatamente após a decisão da Anvisa.
*Estadão
De acordo com médicos, pacientes internados acabaram morrendo por asfixia
Pleno News- Com a nova explosão de casos de Covid-19 no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus nesta quinta-feira (14). Com isso, pacientes internados acabaram morrendo por asfixia, de acordo com relatos de médicos que trabalham na capital amazonense.
O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo nesta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao Estadão uma médica da unidade que não quis de identificar.
– Colegas perderam pacientes na UTI por causa da falta de oxigênio. Eles ainda tentaram ambuzar (ventilar manualmente), mas foi mesmo para tentar até o último recurso, porque é inviável manter isso por muito tempo. Cansa muito, tem que revezar os profissionais. Chamaram residentes para ajudar, revezar na ventilação manual. A vontade que dá é de chorar o tempo inteiro. Você vê o paciente morrendo na sua frente e não pode fazer nada. É como você se ver numa guerra e não ter armas para lutar – disse.
Ambuzar é uma expressão usada para a oxigenação mecânica em que um profissional precisa ficar bombeando um balão de oxigênio com as mãos, o que é exaustivo e precisa de revezamento constante, daí o apelo da médico.
O hospital recebeu, por volta das 12 horas, alguns cilindros de oxigênio, mas a estimativa é que eles seriam suficientes para apenas duas horas.
Segundo a médica e outros profissionais de saúde que postaram apelos nas redes sociais, a maioria dos hospitais da cidade sofre com o mesmo problema. Há registro de falta do insumo nos hospitais Fundação de Medicina Tropical e 28 de Agosto e nos serviços de pronto-atendimento (SPAs) da cidade.
Diversos relatos que circulam nas redes sociais dão conta de que a situação é crítica e de que centenas de pessoas internadas correm risco de morrer.
– O Getúlio Vargas (Hospital Universitário Getúlio Vargas) está sem oxigênio, e todos os pacientes estão sendo ambuzados (ventilação manual). Se alguém puder ajudar a fazer o revezamento para ambuzar no CTI no quinto andar, por favor, estamos necessitando – disse um médico, em um alerta que circulou pelas redes sociais e que foi confirmado ao Estadão por profissionais que trabalham no hospital.
O procurador de Justiça Públio Caio Dessa Cyrino, que tinha um filho internado no Hospital Fundação de Medicina Tropical, disse ao Estadão que pela manhã não havia oxigênio para nenhum dos pacientes.
– Minha nora me ligou às 5h, quando ela foi lá visitá-lo, avisando que [o oxigênio] tinha acabado. Ele estava no terceiro dia de UTI e evoluindo bem. Por sorte, eu tinha uma “bala” de oxigênio em casa e corri para o hospital para levar para ele. Quando cheguei com a bala na mão, vi o olhar de desespero dos médicos, servidores. Eles estavam em choque, sem poder fazer nada – relatou.
Cyrino conta que o filho, de 36 anos, começou a se sentir mal há quase duas semanas, mas logo no início não achou vaga em hospital e ficou em home care, por isso ele tinha oxigênio.
– Isso aqui é uma praça de guerra. E esse governo irresponsável não se planejou para a guerra, apesar de saber que ela iria ocorrer – disse.
Ele conseguiu contratar uma UTI aérea e ia transferir o filho para São Paulo agora à tarde.
– Eu consegui, mas quantas centenas não têm como fazer isso e podem morrer hoje? – questionou.
Segundo Marcellus Campêllo, secretário Estadual da Saúde do Amazonas, as empresas fornecedoras de oxigênio entraram em colapso por não conseguirem atender à demanda pelo insumo, que dobrou em relação ao primeiro pico da pandemia, em abril e maio.
– No 1º pico, o consumo máximo foi de 30 mil metros cúbicos de oxigênio; e, nesse momento, nós estamos com consumo acima de 70 mil cúbicos de oxigênio. O número mais [do] que dobrou em relação ao pico do ano passado. Ontem à noite, fomos informados do colapso do plano logístico em relação a algumas entregas que estariam abastecendo a cidade de Manaus, o que causará uma interrupção da programação por algumas horas – declarou.
*Estadão