Imunizante da AstraZeneca é recomendado pela OMS e tem eficácia comprovada em evitar casos graves de covid-19. Mas desconfiança infundada de alemães está deixando centros de vacinação às moscas.A ampla e completamente vazia rua que leva ao desativado aeroporto de Berlim-Tegel é vigiada por apenas seis guardas. Seus coletes amarelos brilham ao sol. Eles policiam a entrada do centro de vacinação contra o coronavírus, no antigo terminal C. E não há muito o que fazer. Por hora, diz um deles, não chegam mais que três ou cinco pessoas para se vacinar.
No posto, somente a vacina da farmacêutica AstraZeneca, também conhecida como “vacina de Oxford”, está sendo aplicada. Devido à falta de estudos em pessoas idosas, a vacina só é aprovada na Alemanha para pessoas com menos de 65 anos. Nesta faixa etária, pessoas com uma doença anterior relevante, mas especialmente grupos ocupacionais com risco elevado de infecção estão sendo atualmente vacinadas.
Mas muitos alemães, especialmente médicos, enfermeiras e cuidadores, frequentemente rejeitam a vacina da AstraZeneca sob o argumento de ela é menos eficaz que osimunizantes da Biontech/Pfizere da Moderna.
De acordo com o Instituto Robert Koch, responsável pelo controle e prevenção de doenças na Alemanha, em todo o país, apenas 211.886 das mais de 1,4 milhão de doses da vacina já entregues haviam sido aplicadas até o início desta semana. Na segunda-feira, de acordo com cálculos da revista Spiegel, apenas 24.866 doses de AstraZeneca foram aplicadas.
Nesse ritmo, levaria cerca de sete semanas para usar o estoque restante de mais de 1,2 milhão de doses não utilizadas. Até o domingo, a Alemanha já está esperando outro lote da AstraZeneca, de 650 mil doses.
Há preconceito e desconfiança com a vacina da AstraZeneca na Alemanha. Em grande parte devido à ignorância das pessoas sobre o tema. O imunizante tem aval da Organização Mundial da Saúde (OMS) e eficácia comprovada em evitar casos graves de covid-19, inclusive já após a aplicação da primeira dose.
Os primeiros resultados em países que estão largamente aplicando a vacina, além disso, sugerem uma alta eficácia. Na Escócia, análises de universidades e da autoridade sanitária mostram que mesmo a primeira de duas doses da AstraZeneca reduz o risco de hospitalização para a covid-19 em até 94% após quatro semanas. A taxa para a vacina da Pfizer, por exemplo, foi de 85%.
O imunizante da AstraZeneca-Oxford é parte fundamental da iniciativa internacional Covax Facility, correspondendo a quase todas as 337,2 milhões de doses que o programa pretende enviar a cerca de 145 países no primeiro semestre deste ano, incluindo o Brasil.
Vacina da AstraZeneca é melhor que sua reputação
Um som de motor quebra o silêncio em frente ao centro de vacinação. Um ônibus está se aproximando. Três jovens desembarcam. Eles são assistentes em um consultório médico de Berlim.
“Eu também estava cética quanto a ser vacinada com a AstraZeneca”, diz uma das mulheres, que tem que mostrar aos seguranças a confirmação de horário marcado.
Ela diz que seu chefe lhe forneceu informações abrangentes e também mostrou a ela a opinião do virologista Christian Drosten, baseado em Berlim. “Isso me convenceu”, conta, antes de embarcar na van que a levará para o centro de vacinação.
Basicamente, Drosten, um virologista, disse em seu podcast Coronavirus Update na rádio Norddeutscher Rundfunk que a vacina da AstraZeneca é muito melhor do que sua reputação. “Há muitos mal-entendidos e problemas de comunicação”, afirmou ele.
Políticos como a especialista em saúde Kordula Schulz-Asche, do Partido Verde, têm visão semelhante. O ceticismo entre a população se deve à “comunicação realmente falha”, disse Schulz-Asche ao jornal Die Welt. Muito pouco é explicado, segundo ela, e “histórias de medo” acabam se espalhando sobre a eficácia da vacina.
“Dizer que a vacina AstraZeneca é de segunda categoria é completamente descabido, tanto cientificamente quanto em termos de impacto público”, diz por sua vez Carsten Watzl, da Sociedade Alemã de Imunologia (DgfI), em uma entrevista ao jornal Augsburger Allgemeine Zeitung.
Para melhorar a aceitação, ele sugere que a vacina tenha a garantia de uma vacina de reforço com um ingrediente ativo diferente. “Você pode aumentar a imunidade gerada pela vacina da AstraZeneca mais tarde com uma outra vacina mRNA sem nenhum problema”.
Em Berlim não se escolhe vacina
Klaus Reinhardt, presidente da Associação Médica Alemã, insiste que a vacina da AstraZeneca previne infecções severas ou fatais “com uma alta eficácia semelhante” à da Biontech ou da Moderna. Para médicos e enfermeiros com menos de 65 anos, seria “inapropriado” insistir em outras vacinas. Estas, afirma ele, têm que ser reservadas para idosos, dada à escassez de doses.
Berlim era o único estado da Alemanha onde você podia escolher a vacina até agora. Mas isso mudou. “Não há liberdade de escolha”, disse na quarta-feira o secretário de saúde de Berlim, Dilek Kalayci. Vacinas diferentes ainda estarão disponíveis nos centros de vacinação. Mas cidadãos com menos de 65 anos, reforçou Kalayci, não poderão escolher com que dose se imunizar.
No início do mês, especialistas da OMS recomendaram o uso da vacina da AstraZeneca-Oxford, afirmando que ela pode ser administrada inclusive em pessoas com mais de 65 anos, apesar das dúvidas que surgiram sobre sua eficácia nessa faixa etária.
A recomendação foi feita pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas (Sage), que emite recomendações sobre o uso de vacinas à OMS.
O Sage reconheceu que os testes clínicos com a vacina da AstraZeneca-Oxford tiveram uma participação pequena de pessoas com mais de 65 anos, mas disse ter concluído que “os resultados nesse grupo não são diferentes dos mais jovens”.
Ceticismo infundado
A decisão de Berlim segue uma recomendação da Comissão Permanente de Vacinação do RKI, a autoridade alemã para assuntos epidemiológicos. De acordo com essa avaliação, as vacinas recomendadas apenas para pessoas entre 18 e 65 anos devem ser usadas “principalmente” para estes grupos.
Entretanto, esta recomendação por si só dificilmente dissipará o ceticismo em relação à vacina da AstraZeneca e poderá levar a que os mais jovens não sejam vacinados .
Especialmente porque há relatos de reações em muitas partes do país após as vacinações com doses da AstraZeneca. Em uma clínica em Braunschweig, 37 dos 88 funcionários vacinados não retornaram ao trabalho no dia seguinte por causa das reações da vacinação. A clínica suspendeu então as vacinações para não colocar em risco a continuidade de seu funcionamento.
Para a Fundação para Proteção do Paciente na Alemanha (DSP), os efeitos colaterais das vacinas não são novos. Já em janeiro, funcionários de hospitais e lares de idosos haviam relatado reações às vacinas da Biontech/Pfizer e da Moderna. No entanto, isso foi pouco notado pelo público.
Os médicos também explicam que reações como dores de cabeça, dores nos membros e até febre não são incomuns após uma vacinação. Nas pessoas mais jovens, os efeitos colaterais ocorreriam com mais frequência porque o sistema imunológico ainda é mais ativo e reage mais violentamente a uma vacinação do que nas pessoas mais velhas.
Cronograma de vacinação em xeque
O Instituto Central de Seguro de Saúde da Alemanha (ZI) está preocupado que a desconfiança com a vacina AstraZeneca possa atrasar consideravelmente o cronograma de vacinação na Alemanha.
Atualmente, o governo federal espera que todos que quiserem possam receber uma oferta de vacinação até o final de setembro. O ZI calcula que este cronograma poderia ser adiado em até dois meses se a vacina da AstraZeneca não for aplicada de forma mais ampla.
Enquanto isso, fora do centro de vacinação de Berlim, em Tegel, a van que levou os três assistentes médicos para a vacinação partiu. Uma segunda van aparece do outro lado da estrada, trazendo de volta duas pessoas vacinadas. O motorista sai, fica de pé ao sol e acende um cigarro. Ele tem tempo. Os novos passageiros com horários marcados par vacinação devem demorar a chegar.
Informações Revista Planeta
A investidores, UBS apontou reação “exagerada” do mercado ao “fluxo de notícias” sobre a troca do presidente da empresa
Após o presidente Jair Bolsonaro indicar um novo nome para a presidência da Petrobras, setores da imprensa brasileira e do mercado financeiro entraram “em alvoroço”. Apesar das variações nas ações da empresa, o banco suíço UBS realizou uma análise, nesta segunda-feira (22), e recomendou, em comunicado a investidores, a compra dos papéis da petrolífera brasileira. A informação foi dada pelo site Poder 360.
Em sua análise, que pode ser vista aqui, o banco apontou uma reação “exagerada” do mercado devido ao “fluxo de notícias”. Apesar da queda de 21% no valor das ações da Petrobras nesta segunda, os papéis da empresa recuperaram parte das perdas nesta terça-feira (23).
O UBS disse achar que o desempenho dos papéis “é descomedido e uma reação exagerada ao fluxo de notícias recentes”. Para o banco, a Petrobras está “muito próxima da paridade na importação de combustível” e “mais protegida de uma perspectiva de governança do que antes”.
A instituição também disse considerar que “assombrações do passado”, em referência à gestão da empresa nos governos do PT, estariam “afetando as percepções dos investidores”. Apesar disso, o banco lembrou que “a estrutura regulatória atual da Petrobras é muito diferente em comparação com há 5 a 10 anos”. Por fim, a instituição também falou sobre a reação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a medida.
A troca no comando da empresa ocorreu após a Petrobras decidir por um novo reajuste nos combustíveis. Em transmissão ao vivo pelas redes sociais na quinta-feira (18), Bolsonaro chegou a criticar o aumento e prometeu mudanças na empresa. Na sexta-feira (19), ele indicou o general Joaquim Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco.
A troca do presidente da Petrobras deve ser confirmada nesta terça, após decisão do conselho de administração da empresa.
Informações Pleno News
Jake Sullivan acredita que a única forma de haver uma investigação com base científica é tendo acesso a todos os dados
O assessor de segurança do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Jake Sullivan, garantiu neste domingo (21) que a China não forneceu dados suficientes sobre a origem e a posterior propagação do novo coronavírus.
– Estão a ponto de publicar um informe sobre as origens da pandemia em Wuhan, sobre o qual temos perguntas, porque não acreditamos que a China tenha colocado à disposição suficientes dados originais sobre como começou a se propagar essa pandemia tanto na China como em todo o mundo – afirmou o assessor, em entrevista à emissora americana CBS News.
Em 9 de fevereiro, a missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que fez investigação no país asiático descartou a possibilidade de que o SARS-CoV-2 tenha sido criado em laboratório, ao mesmo tempo que considerou possível que o patógeno tenha chegado à China, vindo de outros países, por meio da cadeia de alimentos congelados.
O diretor de Emergências da OMS, Mike Ryan, chegou a afirmar nesta semana que o objetivo da missão não era “investigar a China, mas sim obter lições para o futuro”, podendo, assim, evitar outras pandemias.
Sullivan, no entanto, afirmou hoje que a única forma de acontecer uma investigação com base científica é tendo acesso a todos os dados, embora admita que não tenha respostas sobre o desenrolar da crise, evitando, assim, fazer qualquer tipo de acusação.
– Não estou em condições de dizer como chegou a Covid-19 a este mundo. Tudo o que tenho condições [de fazer] é pedir à OMS que faça seu trabalho da melhor maneira possível – disse o assessor.
Sullivan ainda deixou claro que toda a busca de informações deve ficar a cargo de cientistas e especialistas, “sem nenhuma interferência por parte de qualquer governo”.
O assessor de segurança ainda deu detalhes sobre a conversa de cerca de duas horas que Biden teve com o presidente da China, Xi Jingping, no último dia 10.
– O presidente Biden levantou a questão da Covid-19 e da necessidade de todos os países assumirem a responsabilidade de ajudar a proteger o mundo, inclusive a China – revelou Sullivan.
Informações Pleno News/ EFE
Com 5 mil anos, local de produção de bebida ficava em cidade que abrigou vastos cemitérios e templos no Egito; cerveja era usada em rituais
Durante escavações recentes na antiga necrópole de Abidos, no Egito, conhecida por seus vastos cemitérios e templos, uma equipe de arqueólogos descobriu umacervejaria de 5 mil anos, considerada a mais antiga do mundo. Segundo Mostafa Waziry, secretário geral do Ministério de Antiguidades do Egito, a produção de cerveja acontecia em grande escala no local.
Foram encontradas oito grandes áreas de produção de bebida, cada uma com 20 metros de comprimento por 2,5 metros de largura. As 40 bacias de cerâmicas descobertas enfileiradas tinham capacidade para armazenar 22.400 litros de cerveja.
Os arqueológos acreditam que a bebida foi criada não muito longe dali, na antiga Mesopotâmia (atual Iraque), e rapidamente adotada pelos egípcios. As primeiras cervejas provavelmente eram feitas com pão de cevada.
“A cervejaria possivelmete foi construída em Abidos com o propósito de fornecer a bebida para rituais dos faraós que aconteciam durante os serviços funerários”, disse o arqueólogo americano Matthew Adams, da Universidade de Nova York, que participou das escavações.
Abidos, que fica em uma região desértica a 540 quilômetros do Cairo, foi um dos centros religiosos e de uma das necrópoles mais importantes do antigo Egito, onde foi realizado o sepultamento de dezenas de múmias. O local guarda os templos dos faraós Seti I e Ramessés II, e o de Osíris, um dos deuses mais venerados da Antiguidade. De acordo com os arqueológos, a bebida provavelmente era utilizada em rituais e sacríficios às divindades.
O Egito tem investido mais fortemente em escavações arqueológicas desde o início da pandemia do coronavírus, com o objetivo de atrair visitantes. O turismo respondia por 12% do PIB do país antes da crise da Covid-19. A atividade costumava gerar em média 30 bilhões de dólares por ano e empregava cerca de 10% da força de trabalho. A expectativa é que as descobertas arqueológicas possam voltar a atrair turistas com o avanço da vacinação do mundo e a volta das viagens.
Informações Revista Exame
Perseverance buscará sinais de vida microbiana passada e coletará amostras de rochas e sedimentos
O robô explorador Perseverance pousou em Marte, nesta quinta-feira (18), após superar com sucesso os “sete minutos de terror” que envolviam atravessar a fina atmosfera do planeta vermelho e descer na superfície rochosa da cratera Jezero. As informações foram divulgadas pela Nasa.
O ‘rover’ tocou o solo marciano às 17h56 (de Brasília), de acordo com a agência espacial americana. Ele se tornou o quinto desses veículos a explorar o planeta vizinho, neste caso com o objetivo de descobrir sinais de vida no passado.
Cinco minutos após o pouso em Marte, o Perseverance já estava pronto para iniciar sua exploração depois de enviar a primeira imagem da superfície marciana. A foto foi publicada na conta oficial do veículo no Twitter junto com a mensagem: “Olá Mundo. Meu primeiro vislumbre do que será meu lar para sempre”.
O veículo de seis rodas, com cerca de 3 metros de comprimento e 1.025 quilos de peso, buscará em Marte sinais de vida microbiana passada e coletará amostras selecionadas de rochas e sedimentos para embarque futuro para a Terra.
O robô explorador pousou depois de reduzir a velocidade para 20 mil quilômetros por hora em sete minutos e com a ajuda de um “trem de pouso” que lhe permitiu descer suavemente, uma operação que os cientistas da Nasa haviam descrito como perigosa.
– Que equipe incrível para trabalhar através de todas as adversidades e desafios que vêm com o desembarque de um ‘rover’ em Marte, mais os desafios da Covid – declarou o administrador interino da agência espacial americana, Steve Jurczyk, logo após o pouso.
O Perseverance carrega dois microfones, que pela primeira vez captarão o som de Marte, e um helicóptero de quatro patas pesando menos de 2 quilos, o Ingenuity Mars, que tentará o primeiro voo controlado e motorizado em outro planeta. Ela também abrirá o caminho para a futura exploração humana além da Lua.
Pleno News com informações da Agência EFE
Após quase sete décadas atrás grades, Joe Ligon foi libertado de uma prisão da Pensilvânia, aos 83 anos. Ele é considerado o condenado juvenil à prisão perpétua que passou mais tempo encarcerado nos EUA.
Ligon foi encarcerado em fevereiro de 1953 aos 15 anos de idade, recebendo uma sentença de prisão perpétua após se declarar culpado de acusações decorrentes de uma onda de roubos e esfaqueamentos na Filadélfia, ao lado de quatro outros meninos adolescentes.
Os crimes deixaram seis feridos e duas pessoas – identificadas pelo Philadelphia Inquirer como Charles Pitts e Jackson Hamm – mortas.
Apesar de uma audiência ter considerado Ligon culpado de duas acusações de assassinato de primeiro grau, e o próprio admitir ter esfaqueado pelo menos uma das oito pessoas atacadas à faca pela gangue em um dia, seu advogado Bradley Bridge disse à CNN que seu cliente afirma que não matou nenhum deles.
“A criança que cometeu esses crimes em 1953 não existe mais. A pessoa que saiu da prisão em 2021 tem 83 anos, cresceu, mudou e não é mais uma ameaça”, disse Bridge. “Ele retribuiu amplamente à sociedade pelos danos e prejuízos que causou. E agora, é apropriado que ele passe os últimos anos de sua vida em liberdade.”
“Sou um adulto agora”, disse Ligon à CNN. “Não sou mais uma criança. Não sou apenas um homem adulto, sou um homem velho e envelheço a cada dia.”
Ao longo dos sete décadas, Ligon teve diversas oportunidades de deixar a prisão.
Na década de 1970, ele e seus comparsas receberam a opção de clemência do governador da Pensilvânia. Enquanto dois dos homens optaram por aceitar a oferta – que significava estar em liberdade condicional – Ligon a rejeitou.
Ele recusou outra oferta de liberdade condicional em 2017, depois que uma decisão da Suprema Corte dos EUA o tornou elegível.
Um ano antes, em 2016, o tribunal decidiu que deveria ser aplicada retroativamente a jurisprudência do caso “Miller vs. Alabama”, de 2012, segundo o qual sentenças de prisão perpétua juvenis obrigatórias sem a perspectiva de liberdade condicional eram consideradas ilegais.
A decisão tornou Ligon elegível para liberdade condicional, após mais de 60 anos na prisão àquela altura.
Mas o prisioneiro rejeitou a oferta novamente, afirmando que a liberdade condicional não lhe daria a liberdade que ele desejava após décadas na cadeia.
“O conselho estadual de liberdade condicional presumivelmente o teria libertado, mas com a condição de que ele ficasse sob sua supervisão pelo resto de sua vida”, disse Bridge. “Ele optou por não buscar liberdade condicional sob esses termos.”
Bridge, que representa Ligon há 15 anos, acabou argumentando que uma sentença de prisão perpétua por um crime que Ligon cometeu quando jovem era inconstitucional. Depois de uma audiência fracassada no tribunal intermediário de apelação da Pensilvânia, o advogado conseguiu levar o caso ao tribunal federal e venceu a questão em novembro de 2020, que finalmente concedeu a Ligon a liberdade sob seus próprios termos em 2021.
Agora que Ligon saiu da prisão, seu trabalho de reentrada na sociedade começou.
John Pace, um ex-presidiário e atual coordenador de reentrada do Projeto de Sentenciamento e Reentrada Juvenil (YSRP) da Filadélfia, disse que está trabalhando com Ligon para ajudá-lo a se levantar.
Pace tinha apenas 17 anos quando ele próprio foi preso por assalto e agressão a um homem. Ele passou os 31 anos seguintes preso. Depois de ser liberado, Pace afirmou ter sentido uma espécie de enjoo depois de ser repentinamente exposto à sua nova realidade.
“Você está em um ambiente de prisão onde não há muitos estímulos. Você não tem permissão para ter contato com as pessoas. Suas interações são muito limitadas. E, portanto, não há muitos estímulos”, disse Pace. “Então, agora você sai da prisão e imagine tudo isso, você pode fazer o que quiser agora. E o que você faz com isso?”
Bridge, Pace e vários outros têm trabalhado com Ligon para resistir ao choque de entrar em um novo mundo.
Isso incluiu encontrar um alojamento para que o idoso tenha cuidados domiciliares, onde viverá com uma família da Filadélfia que desempenhou um papel importante no processo de retorno à sociedade.
“Sempre haverá pessoas que pensam que Joe deveria ficar na prisão pelo resto de sua vida”, disse Pace. “Joe tem controle sobre como demonstra quem ele é hoje, e ele espera que isso seja o suficiente para ajudar outras pessoas a perceberem como ele está tentando ajudar outras pessoas a usar o bom senso.”
Ligon disse que queria que outros aprendessem com sua experiência.
“Estou realmente ansioso para agradar as pessoas e ajudá-las da maneira como estão me ajudando”, disse Ligon, acrescentando, “conhecendo alguns da geração mais jovem, alguns da geração mais velha e alguns dos repórteres para compartilhar um pouco da minha história. “
Questionado sobre como é estar de volta ao mundo um dia e meio após sua libertação, Ligon disse o seguinte:
“Lindo”, disse ele. “Bonito.”
Informações CNN
O governo chinês acredita que os jovens do país se tornaram muito “femininos”.
É o que sugere uma mensagem recente do Ministério da Educação, que gerou bastante polêmica nas redes sociais.
A declaração, publicada no site do ministério, foi considerada sexista por muita gente, e há quem diga que as celebridades chinesas do sexo masculino são parcialmente culpadas.
A “Proposta de Prevenção da Feminização de Homens e Adolescentes” faz um apelo para que as escolas reformulem totalmente as aulas de educação física e invistam na contratação de professores.
O texto recomenda recrutar ex-atletas e pessoas com experiência esportiva, além do “desenvolvimento vigoroso” de determinados esportes, como futebol, com o objetivo de “cultivar a masculinidade dos alunos”.
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A medida é promovida em um país onde a imprensa costuma mostrar estrelas imaculadas e “socialmente responsáveis”.
Havia alguns sinais de que um movimento deste tipo estava prestes a eclodir na China.
Em maio do ano passado, um delegado do principal órgão consultivo do governo disse que muitos dos jovens da China tinham se tornado “fracos, tímidos e autodestrutivos”.
Os TF Boys (foto) são extremamente populares, mas alguns membros do governo questionam se são bons exemplos a serem seguidos
Si Zefu afirmou que havia uma tendência à “feminização” entre os jovens chineses do sexo masculino, que “inevitavelmente colocaria em risco a sobrevivência e o desenvolvimento da nação chinesa”, a menos que fosse “administrada com eficácia”.
Segundo ele, o ambiente doméstico era em parte culpado, já que a maioria das crianças chinesas é criada por suas mães ou avós.
E o crescente apelo de certas celebridades masculinas significava, na visão dele, que muitos meninos “não queriam mais ser ‘heróis do Exército’.
Ele sugeriu então que as escolas deveriam desempenhar um papel mais central para garantir que os jovens chineses recebessem uma educação equilibrada.
A reação das pessoas à declaração do governo foi avassaladora — e a maioria repudiou o conteúdo.
Milhares de chineses expressaram sua indignação nas redes sociais e muitos chamaram a mensagem de sexista.
“A feminização agora é um termo depreciativo?”, questionou um usuário na rede social Sina Weibo, recebendo mais de 200 mil “curtidas”.
Outro acrescentou: “As crianças também são humanas… sendo emotivas, tímidas ou gentis, essas são características humanas”.
“Do que os homens têm medo? De ser iguais às mulheres?”, perguntou um terceiro.
“Há 70 milhões de homens a mais do que mulheres neste país”, emendou outro.
“Nenhum país no mundo tem uma proporção entre os sexos tão distorcida. Isso não é masculino o suficiente?”
O presidente Xi Jinping, apaixonado por futebol, visitou o estádio do Manchester City em sua visita ao Reino Unido em 2015
“Nenhuma dessas propostas partiu de mulheres”, observou mais um usuário.
Muito já foi escrito sobre como a liderança da China é significativamente dominada por homens.
No entanto, em alguns meios de comunicação do país, a grande maioria sob controle estatal, a medida foi bem recebida. O jornal governista Global Times observou que “havia ganhado certo apoio”.
Na Sina Weibo, os comentários a favor sugeriam que as celebridades masculinas chinesas eram as culpadas, especialmente aquelas conhecidas como “pequenas carnes frescas” (小 鲜肉).
Esta é uma expressão da moda que se refere a jovens chineses vistos como impecáveis, bem tratados e com traços delicados.
A banda TF Boys e o cantor chinês Lu Han se enquadram nessa categoria, assim como muitas estrelas do K-pop.
Embora figuras como o jogador de basquete Yao Ming tenham ganhado fama internacionalmente, é notável que o futebol esteja incluído especificamente na proposta.
Mas não é uma surpresa. O presidente Xi Jinping já falou anteriormente sobre sua esperança de que o país se torne uma “superpotência mundial do futebol” em 2050.
Lu Han e os TF Boys são conhecidos como as ‘pequenas carnes frescas’ da China
Mas as repetidas tentativas de melhorar o nível dos jogadores de futebol da China fracassaram e até foram ridicularizadas.
Há dois anos, Marcello Lippi, que levou a Itália a ganhar a Copa do Mundo da FIFA de 2006, renunciou ao cargo de técnico da seleção chinesa de futebol.
Enquanto isso, o governo tem se esforçado nos últimos meses para introduzir e promover novos exemplos a serem seguidos pelos jovens chineses.
No que diz respeito às mulheres, a pandemia de covid-19 tem sido uma boa oportunidade para demonstrar o papel importante que elas desempenham como profissionais na linha de frente.
E as conquistas da China no espaço no ano passado promoveram figuras como Zhou Chengyu, que aos 24 anos é a comandante do programa de exploração Chang’e-5 — e se tornou um verdadeiro fenômeno viral nas redes sociais.
Mas, como sugeriu Si Zefu no ano passado, o apelo para os jovens chineses se tornarem bravos soldados, policiais ou bombeiros está diminuindo.
Zhou foi descrita na imprensa estatal como uma ‘irmã mais velha’ que os jovens chineses podem admirar
O fenômeno da “pequena carne fresca” continua sendo um sucesso comprovado, mas as jovens celebridades masculinas estão sob crescente escrutínio, o que torna difícil ser outra coisa senão um modelo de perfeição.
Nos últimos anos, os veículos de comunicação têm enfrentado problemas para permitir que jovens estrelas do sexo masculino apareçam com tatuagens ou brincos na televisão.
E uma das principais estrelas pop da China foi duramente criticada online em 2019, quando foi fotografada fumando.
Informações BBC News Brasil
Novas hipóteses sobre o final desta espécie humana mostram que seu desaparecimento está relacionado à maior interconexão dos grupos de ‘sapiens’
A paulatina aproximação entre os Homo sapiens, os humanos atuais, e os neandertais, do ponto de vista intelectual, mas também genético, foi um dos processos científicos mais desafiantes das últimas décadas. A espécie humana mais próxima, que habitou a Europa e a Ásia durante pelo menos 300.000 anos, deixou de ser um espelho longínquo para se transformar em um reflexo cada vez mais próximo da humanidade moderna. Essa mudança se traduziu em um imparável interesse pelos neandertais, que protagonizam constantes publicações científicas, livros de divulgação e exposições.
Como disse o ensaísta israelense Yuval Noah Harari, “pelo mero fato de ter existido, os neandertais desafiam alguns dos nossos mais apreciados ideais e percepções, nos obrigam a questionar a crença de que o Homo sapiens se ergue como o ápice da criação e o que significa ser humano. E esses assuntos são agora mais urgentes do que nunca”. O autor de Sapiens escreveu estas palavras na crítica no The New York Times do livro Kindred. Neanderthal life, love, death and art (Familiares. A vida, o amor, a morte e a arte dos neandertais), da pesquisadora e arqueóloga britânica Rebecca Wragg Sykes, um sucesso de vendas no mundo anglo-saxão (ainda sem tradução ao português).
Wragg Sykes tenta resumir em seu livro todos os conhecimentos acumulados sobre os neandertais nas últimas três décadas, um processo que acelerou após, dez anos atrás, uma equipe do Instituto Max Planck de Leipzig dirigida por Svante Pääbosequenciar seu genoma e descobrir que os humanos atuais têm uma pequena proporção de genes neandertais, o que demonstra que ocorreu hibridação entre as duas espécies. É mais filosófico o livro recente La vida contada por un sapiens a un neandertal (A vida contada por um sapiens a um neandertal), em que o escritor Juan José Millás e o paleoantropólogo Juan Luis Arsuaga, codiretor da Fundação Atapuerca, falam do divino, mas principalmente do humano. Também foi editado El sapiens asesino y el ocaso de los neandertales (O sapiens assassino e o ocaso dos neandertais), do paleontólogo Bienvenido Martínez-Navarro, que se centra no que se mantém como o grande mistério sobre os neandertais: Por que desapareceram?
“Eles nos fascinam pela mesma razão pela que nos fascinam os romances de ficção científica: porque são outra versão de nós”, diz Juan Luis Arsuaga em conversa telefônica. “Tudo indica que têm o mesmo nível intelectual que nós e, entretanto, não são iguais.
Podemos dizer que têm a mesma mente, mas não a mesma mentalidade. Representam outra maneira de ser humano e isso é algo que temos muita dificuldade de imaginar”. Em uma entrevista por videochamada, Wragg Sykes fala o mesmo: “Os neandertais mudaram a percepção de nós mesmos. Na cultura ocidental sempre tentamos nos separar do resto da natureza, demonstrar que somos melhores do que os animais. Os neandertais nos obrigam a repensar isso”.
Kindred perpassa três décadas de descobertas sobre os neandertais, que também coincidem com uma revolução na arqueologia e na genética. A aplicação da química e de sofisticadas técnicas de datação permitiram saber que os neandertais tinham pensamento simbólico ―ainda que não necessariamente artístico―, que dominavam as plantas e a paisagem que os cercava, que eram conscientes do material lítico que utilizavam para diferentes instrumentos, que utilizavam cores, principalmente vermelho e ocre, que enterravam seus mortos e cuidavam dos idosos. Tanto pela presença do gene FOXP2, associado à linguagem, como pelo tipo de animais que caçavam ―abatê-los precisava da cooperação do grupo―, os cientistas consideram que utilizavam alguma forma de comunicação.Exposição sobre neandertais no museu de Moesgaard. Michael Johansen
“Durante a última década, numerosas descobertas mudaram nosso paradigma sobre as capacidades dos neandertais”, diz a pesquisadora dinamarquesa Trine Kellberg Nielsen, professora da universidade de Aarhus e curadora de uma exposição sobre neandertais no museu de Moesgård, especializado em antropologia e pré-história, que estará até o final do ano (o museu está atualmente fechado pela covid-19). “Muitas das coisas que antes atribuíamos somente a nossa própria espécie, como uma cultura visual e um comportamento social, se estendem agora aos neandertais.”
As novas descobertas se acumulam quase a cada mês, até a cada semana. Somente nos últimos sete dias surgiu um estudo, baseado em sedimentos da caverna de Salt ―a Espanha é um dos campos mais férteis no estudo dessa espécie pela quantidade de jazidas―, sobre a presença de microrganismos benéficos na microbiota intestinal dos neandertais e na sexta-feira foi publicada outra pesquisa que pode permitir entender no futuro como seu cérebro evoluiu e influenciou em seu comportamento.
Mas, como disse o escritor britânico John Lanchester em um texto na London Review of Books sobre Kindred, o grande mistério permanece: “Não são uma versão fracassada de nós e a trajetória deles até nós não é teológica. E, entretanto… o fato é que nós estamos aqui e eles, não, e ainda que não exista um propósito na evolução, a questão de por que e como aconteceu isso continua sendo apaixonante”. A data é a única coisa que se sabe: há 40.000 anos, quando os sapiens começaram a avançar pela Europa, os neandertais desaparecem do registro fóssil.
Alguns pesquisadores afirmam que ainda permaneceram alguns milênios no sul da península ibérica, em duas cavernas em Gibraltar, mas são datações ainda polêmicas. Em seu livro, Bienvenido Martínez-Navarro aposta em uma explicação baseada principalmente na luta pelos recursos. “Competíamos pelos mesmos recursos no mesmo território” diz, sem descartar de modo nenhum a violência. Mas não é a hipótese mais difundida entre os especialistas. Arsuaga, por sua vez, acha que a chegada do Homo sapiens em circunstâncias extremas ―o começo de uma glaciação― foi determinante. “Em um momento crítico, a espécie que teve menos problemas é a que prevaleceu”.
Rebecca Wragg Sykes adianta em Kindreduma hipótese nova, baseada em estudos genéticos e químicos das ferramentas que as duas espécies utilizaram. “Sabemos pela genética que não havia muita diferença no número de indivíduos, mas também que os grupos de Homo sapiens estavam muito mais interconectados. Se consideramos que se encontravam em um momento em que as condições climáticas estavam se deteriorando rapidamente, quando se conta com uma rede de contatos é mais fácil se mover a outros lugares e pode ser que os neandertais não tivessem isso. Sabemos pela arqueologia que não havia grandes diferenças entre o que comiam e sabemos que os Homo sapiens desse período já tinham armas para caçar à distância, lanças, flechas, sistemas para lançar dardos, e os neandertais não”. Seu final foi uma mistura de desvantagens tecnológicas, mudança climática e sociabilidade. Mas, uma vez que os humanos não africanos têm entre 1% e 4% de genes neandertais, nunca houve na história tanto material genético da espécie extinta circulando pelo planeta. Wragg Sykes afirma: “Eles nos demonstram que na Terra existiu mais de uma forma de ser humano”.
Informações El Pais Brasil
Pablo Escobar é um nome que a Colômbia tenta esquecer há 30 anos.
BBC News Brasil- Um dos criminosos mais famosos de todos os tempos, ele foi o fundador do cartel de drogas de Medellín na década de 1980, responsável por sequestros, bombardeios e assassinatos. A certa altura, ele foi considerado um dos homens mais ricos do mundo.
Mas o chefão da cocaína também é responsável pelo que os cientistas chamam de uma bomba-relógio ecológica.
Um grupo de hipopótamos importados originalmente por Escobar para seu zoológico particular décadas atrás se multiplicou e, de acordo com os cientistas, agora está se espalhando por um dos principais cursos de água do país, o rio Magdalena. No mês passado, um estudo publicado na revista Biological Conservation apontou que o abate dos animais seria a única forma de mitigar seu impacto ambiental.
“É óbvio que sentimos pena desses animais, mas, como cientistas, precisamos ser honestos”, disse a bióloga colombiana Nataly Castelblanco, uma das autoras do estudo, à BBC. “Os hipopótamos são uma espécie invasora na Colômbia e se não matarmos uma parte de sua população agora, a situação pode ficar fora de controle em apenas 10 ou 20 anos.”
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A ascensão dos chamados “hipopótamos da cocaína” começou em 1993, depois que as autoridades mataram Pablo Escobar e confiscaram sua luxuosa propriedade Hacienda Napoles, a cerca de 250 km (155 milhas) a noroeste da capital Bogotá.
Os animais encontrados lá foram distribuídos para zoológicos de todo o país, mas não os hipopótamos. “Era logisticamente difícil transportá-los, então as autoridades simplesmente os deixaram lá, provavelmente pensando que os animais morreriam”, disse Castelblanco.
Em vez disso, eles prosperaram.
Ao longo dos anos, os cientistas tentaram calcular quantos hipopótamos vivem nas águas da Colômbia, com estimativas que variam de 80 a 120 animais. “É o maior rebanho de hipopótamos fora da África, que é sua região nativa”, disse o veterinário e conservacionista Carlos Valderrama à BBC.
Hacienda Napoles já foi uma propriedade de luxo de Pablo Escobar e agora é um parque temático
E as projeções apontam que os números devem ficar cada vez maiores.
Castelblanco e seus colegas dizem que a população chegará a mais de 1.400 espécimes já em 2034 se não for feito um abate. Todos eles descendem do grupo original de um macho e três fêmeas. No estudo, eles colocam um cenário ideal em que 30 animais precisariam ser abatidos ou castrados todos os anos para impedir que isso aconteça.
Castelblanco explica que os “hipopótamos da cocaína” aproveitaram uma oportunidade evolutiva. Eles não têm predadores naturais na América do Sul, o que significa que podem se reproduzir com muito mais facilidade.
O clima também ajuda: na África, a população é em parte controlada por secas, que não ocorrem na Colômbia.
As condições em sua casa na América do Sul parecem tão ideais para os hipopótamos que estudos mostram que eles começam a se reproduzir em idades mais precoces, disse ela.
Sem abate, os cientistas acreditam que a população de hipopótamos pode chegar a mais de 1.400 em uma década
Cientistas que estudam o impacto ambiental dos hipopótamos acreditam que eles podem afetar o ecossistema local de várias maneiras: desde o deslocamento de espécies nativas já ameaçadas de extinção, como o peixe-boi, até a alteração da composição química da água, o que pode colocar em risco a pesca — embora outros estudos sugiram que eles também podem ajudar o meio ambiente.
“Os hipopótamos estão se espalhando pela maior bacia hidrográfica da Colômbia, a partir da qual muitos milhares de pessoas vivem”, disse. “Hipopótamos têm sido vistos a uma distância de até 370 km da Hacienda Napoles.”
Este não é o primeiro grupo de cientistas a pedir um abate. Mas alguns especialistas se opõem à ideia. Enrique Ordoñez, biólogo da Universidade Nacional da Colômbia, disse que os “hipopótamos da cocaína” oferecem esperança de preservar o número global de hipopótamos. Eles são considerados uma espécie vulnerável por ONGs como a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Um programa de esterilização seria a melhor maneira de controlar sua população, disse ele à CNN.
Courtesy of Carlos Valderrama
A castração de hipopótamos é um exercício perigoso e logisticamente complicado, dizem os especialistas
Mas esses procedimentos estão longe de ser simples (ou baratos) e Carlos Valderrama tem experiência nisso. Em 2009, ele realizou a castração de um “hipopótamo da cocaína” macho como parte de um experimento para estudar opções para controlar o crescimento da população.
“Estamos falando de um animal que pode pesar cinco toneladas e ser muito agressivo”, disse Valderrama. “Embora tivéssemos sedado o animal, ele quase derrubou o guindaste que usávamos para ajudar no procedimento. Era como estar com um dinossauro em um filme de Jurassic Park.”
O veterinário disse que a principal lição do experimento foi que a castração por si só não era uma opção, especialmente considerando a conta de US$ 50 mil (R$ 270 mil). Estatísticas oficiais do governo mostram que apenas quatro animais foram submetidos à esterilização entre 2011 e 2019.
“Muitos desses hipopótamos vivem na natureza. Simplesmente não é possível encontrá-los facilmente. Enquanto isso, eles continuarão se reproduzindo”, disse Valderrama.
Então, o que está impedindo as autoridades de tomar medidas mais drásticas? A resposta curta: opinião pública. Depois que a mídia colombiana noticiou o estudo, a bióloga Nataly Castelblanco começou a receber mensagens com ataques e ameaças de morte.
“Algumas pessoas na Colômbia podem ficar muito bravas quando o assunto é hipopótamos”, disse ela. “As pessoas tendem a entender muito mais sobre as espécies invasoras quando falamos sobre plantas ou criaturas menores, e não quando falamos de um mamífero enorme que muitos podem achar fofo.”
Os hipopótamos também são perigosos e frequentemente aparecem nas listas dos animais mais mortais do mundo. Em 2016, a BBC informou que seus ataques matavam pelo menos 500 pessoas por ano na África.
Não houve registro de mortes por esse motivo na Colômbia, mas em maio de 2020 a mídia local noticiou que um trabalhador rural foi gravemente ferido por um hipopótamo em uma cidade perto de Hacienda Napoles.
Ainda assim, houve um grande protesto quando soldados do Exército colombiano atiraram no hipopótamo Pepe em 2009, depois que ele foi considerado uma ameaça às comunidades locais. Foi o suficiente para levar as autoridades a tornar os hipopótamos legalmente protegidos, o que é um obstáculo a qualquer plano de abate.
David Echeverri, biólogo que trabalha para a agência ambiental colombiana Conare, admite que a opinião pública está atrapalhando os esforços. Ele disse à BBC que um abate já havia sido discutido, mas que a morte de hipopótamos provavelmente não aconteceria em breve.
“É um assunto que polariza as pessoas”, disse ele, “e é por isso que temos que continuar procurando outras soluções”.
Hospital no Reino Unido lançou cartilha de vocabulário para incluir pessoas trans
Um hospital no Reino Unido divulgou nesta terça-feira (9) uma cartilha de mudanças no vocabulário da equipe de obstetrícia, com o objetivo de incluir pessoas trans. Assim, profissionais de saúde são instruídos a evitar termos que façam referência ao sexo do paciente em trabalho de parto.
A expressão “leite materno”, por exemplo, deve ser substituída por “leite humano”. A palavra “mãe” deve evitada e substituída por “pessoa que amamenta”. Até o nome da unidade foi modificado. Em vez de “maternidade” passou a ser chamada de “serviços perinatais”.
– Reconhecemos que atualmente há um essencialismo biológico e transfobia presentes nos discursos do parto. Nós nos esforçamos para proteger nossos pacientes trans e não binários de perseguições por causa de terminologias, reconhecendo o impacto significativo que isso pode ter no bem-estar psicológico e emocional [deles] – diz trecho da cartilha do Hospital Universitário de Brighton e Sussex.
Em publicação no Twitter, a unidade escreveu que deseja que sua nova linguagem seja “inclusiva”, em vez de “neutra”.
– Queremos que todos que usam nossos serviços se vejam refletidos na linguagem que usamos. Isso significa não apenas mulheres grávidas, mas também grávidas trans e não binárias.
Informações Pleno News