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O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou, nesta segunda-feira (8), que decretou estado de exceção para todo o país, incluindo o sistema penitenciário, após a fuga do chefe da maior quadrilha criminosa de um presídio em Guayaquil (veja mais abaixo).
O estado de exceção no Equador permite que as Forças Armadas vão às ruas apoiar o trabalho da polícia. O decreto é justificado pela grave comoção interna no país. O estado de exceção tem vigência de 60 dias. Nesse período, estão restritos os seguintes direitos no Equador:
Direito de locomoção, há toque de recolher entre 23h e 5h.
Direito de reunião.
Direito a privacidade de domicílio e de correspondência (ou seja, não é preciso uma ordem judicial para que as autoridades entrem nas casas das pessoas).
Noboa está no cargo há menos de dois meses. Essa é a primeira vez que ele decretou estado de exceção. No entanto, no passado recente já houve uma situação semelhante no Equador: o governo de Guillermo Lasso, usou o decreto pelo menos duas vezes.

No Brasil, há três tipos de estado de exceção: estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal, em situações específicas de guerra ou grave ameaça. O primeiro deles, o estado de defesa, impõe restrições aos direitos de reunião, sigilo de correspondência e de comunicação telefônica e telegráfica, e ocupação e uso de bens públicos. Estabelece ainda o direito de prender pessoas que atentem contra o estado. Ele requer consulta ao Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional e precisa ser submetido ao Congresso em 24 horas. Além disso, tem validade máxima de 30 dias. O presidente não tem autonomia para decretar estado de sítio e a intervenção federal; precisa de maioria absoluta no Congresso.

No domingo (7) à noite, o Ministério Público do Equador anunciou que um dos principais criminosos do país, José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, não foi encontrado na prisão onde ele deveria estar cumprindo pena.
Fito, de 44 anos, é um dos líderes do grupo Los Choneros e considera-se que ele é um dos criminosos mais perigosos do Equador.
O comandante da polícia, César Zapata, disse que as autoridades se deram conta da “não presença” de Fito na prisão da cidade de Guayaquil onde ele cumpria pena, segundo texto do “El País”.
A polícia e o exército convocaram mais de 3.000 homens para tentar encontrar Fito, mas, até agora, o paradeiro dele continua desconhecido.
O Los Choneros começou suas atividades como um grupo de matadores de aluguel. Eles ampliaram sua atuação e passaram a também traficar drogas e praticar roubos. No Equador, os Choneros são considerados os primeiros a se associar com um grupo estrangeiro –no caso, o cartel de Sinaloa, do México.

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Foto: Reprodução/@ffaaecuador


Reprodução/ Redes Sociais

O presidente da Argentina, Javier Milei (foto), divulgou uma mensagem de Ano Novo e alertou que o país enfrentará “uma catástrofey social de proporções bíblicas”, caso o Congresso não aprove as medidas enviadas por seu governo.

“Estamos em uma situação de emergência nacional, que requer a utilização de todos os recursos e ferramentas possíveis, como fizemos nessas três primeiras semanas de governo”, disse em vídeo compartilhado nas redes sociais.

Em seu discurso, Milei afirmou que os decretos econômicos “são o primeiro passo” para o país se afastar do modelo que “empobreceu” os argentinos nas gestões anteriores.

“Estes são os primeiros passos para virar a página e deixar para trás de uma vez por todas o modelo econômico, a casta que mergulhou os argentinos na miséria durante mais de cem anos. A mudança radical deste modelo empobrecedor é um compromisso inegociável que assumi com todos os argentinos. No entanto, o problema herdado é muito profundo.”

Milei anunciou na semana passada um decreto que cortará sete mil empregos públicos. O objetivo é reduzir o tamanho da máquina estatal argentina e realizar uma auditoria sobre o total do funcionalismo público do país.

O governo também estuda a implementação de um congelamento salarial e redução de até 15% na remuneração para a elite do funcionalismo público do país.

No comunicado de fim de ano, o presidente cobra os argentinos a pressionarem o Congresso para aprovar essas e outras medidas.

“A Pátria precisa dela. Se todos os atores políticos, empresariais e sindicais aprovarem nosso programa, haverá luz”, afirmou.

Ao final da mensagem, afirmou que o objetivo da nova legislação é “voltar a ser um país livre, limitando o poder do Estado, focando na defesa da vida, liberdade e propriedade dos argentinos”.

“Onde todos sejam livres para trabalhar, produzir, empregar, comercializar, importar e exportar como considerem melhor, e não como um burocrata ditando as regras de um escritório governamental. Quem pode preferir o país devastado de hoje ao país próspero que propomos?”, questionou.

Fonte: O Antagonista.


De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), medidas são “ousadas” e constituem “passo importante” para recuperar a economia do país

O presidente da Argentina, Javier Milei, faz um discurso após sua cerimônia de posse no Congresso Nacional em 10 de dezembro de 2023 em Buenos Aires, Argentina

O Fundo Monetário Internacional (FMI) manifestou apoio ao pacote de medidas anunciado pelo novo ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, na terça-feira (12/12).

De acordo com a instituição, as propostas apresentadas pela equipe econômica do presidente Javier Milei, que tomou posse no domingo (10/12) para um mandato de quatro anos na Casa Rosada, são “ousadas” e constituem “um passo importante” para recuperar a economia do país.

“Eu saúdo as medidas decisivas anunciadas pelo presidente Milei e sua equipe econômica para enfrentar os desafios econômicos significativos da Argentina. Um passo importante para restaurar a estabilidade e reconstruir o potencial econômico do país”, escreveu a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em uma breve em mensagem publicada em sua conta no X (antigo Twitter).

A diretora de Comunicações do FMI, Julie Kozack, também elogiou o pacote econômico do novo governo argentino. Para ela, são medidas “ousadas” que devem “melhorar significativamente as finanças públicas de uma forma que proteja os mais vulneráveis da sociedade e fortaleça o regime cambial”.

“Depois das graves revelações na política econômica dos últimos meses, esse novo pacote de medidas constitui uma boa base para prosseguir as discussões encaminhadas e reconduzir o atual programa respaldado pelo fundo”, afirmou Kozack.

Em outubro, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a inflação anual na Argentina chegou a 142,7%, o maior patamar desde 1991. A taxa de juros subiu de 118% para 133%, uma alta de 15 pontos percentuais. Dados do Indec referentes a setembro mostram que quatro de cada 10 argentinos viviam em situação de pobreza.

O plano de “choque”, como vem sendo tratado pela imprensa argentina, conta com uma série de medidas que confluem, basicamente, em pilares como diminuição da máquina do Estado, corte de gastos, aumento de impostos para importação e desvalorização do peso.

Principais pontos

A primeira medida tem como objetivo incentivar os setores produtivos (como o agrícola) a aumentar sua produção. A taxa de câmbio será rastreada mensalmente, acompanhada por ajustes temporários no imposto sobre importações e retenções na fonte.

A segunda trata da proposta de contratos de trabalho do Estado com menos de um ano não serem renovados, para evitar práticas nepotistas comuns no período próximo ao fim do mandato governamental. Outra proposta que busca cercear a atuação política de recursos é a que minimiza as transferências discricionárias do Estado para as províncias.

Há, ainda, a suspensão das orientações oficiais para a comunicação social por um ano, sob o argumento da necessidade de reduzir gastos significativos, e o corte de gastos por meio de obras públicas (o que envolve o cancelamento de concursos dessa área), além da redução dos subsídios à energia e aos transportes.

Veja os ajustes anunciados:

Informações Metrópoles


EXTRA URGENTE: incêndio de grandes proporções atinge prédio do Poder Judiciário na Argentina; VEJA VÍDEO

Foto: Reprodução/Twitter.

Um incêndio ocorreu na tarde desta terça-feira no sexto e sétimo andares de um prédio adjacente ao Ministério do Trabalho, localizado no centro de Buenos Aires, na Argentina. O fogo teria iniciado em escritórios do Poder Judiciário, de acordo com o La Nación. As pessoas foram evacuadas e receberam assistência com oxigênio. Agora, está em curso o resgate de ao menos sete pessoas que estão presas no 10º e 12º andares. 

No local, estão trabalhando oito ambulâncias do Serviço de Atendimento Médico de Emergência (SAME), além de equipes dos bombeiros e da polícia da cidade. Em imagens que circulam pelas redes sociais, é possível ver as chamas surgindo do sexto andar e se espalhando rapidamente para o sétimo, enquanto uma grande coluna de fumaça preta se eleva sobre o prédio de 14 andares. 

Incêndio atinge prédio ao lado do Ministério do Trabalho na Argentina

O SAME também afirmou que 10 pessoas foram assistidas no local, das quais cinco receberam oxigênio e cinco foram transferidas. Destes últimos, uma mãe e um bebê foram levados para o Hospital Elizalde, e três adultos para o Hospital Argerich. 

Primeiro protesto contra Milei

Mais cedo, o Movimento pela Dignidade Juvenil de Esquerda (MIJD, em espanhol), liderado pelo piqueteiro Raúl Aníbal Castells, concentrou-se na porta do antigo Ministério do Trabalho — agora rebaixado à Secretaria — com uma demanda: elevar o salário mínimo vital e móvel para 350 mil pesos (R$ 4,7 mil). A manifestação durou pacificamente até o momento em que o incêndio começou. 

— Estamos pedindo que as negociações salariais sejam abertas em todos os sindicatos. Porque o aumento dos preços, especialmente dos alimentos, é tal que exige que os salários, os programas sociais e as aposentadorias sejam corrigidos — disse Castells. — Faltam 12 dias para a véspera de Natal. Para 25 milhões de pessoas neste país, não há a possibilidade de montar uma mesa com comida para as festas. 

Este é o primeiro desafio para o governo de Javier Milei, que alertou em seu discurso de posse que “quem bloqueia as ruas não recebe”. Algo que foi reforçado ainda hoje pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em sua segunda coletiva de imprensa. Quando questionado sobre a conflitividade social nas ruas, ele disse: “Dentro da lei, tudo; fora da lei, nada”. Nesta terça, os manifestantes permaneceram nas calçadas. 

Na véspera das eleições de novembro que consagraram Milei como presidente, o ex-ministro e ex-candidato da União pela Pátria, Sergio Massa, anunciou a transferência da administração dos programas sociais do Ministério do Desenvolvimento Social para a atual Secretaria do Trabalho. Como o presidente ratificou a transferência, o grupo de Castells se dirigiu à sede. 

O Globo


"É o começo do fim do Hamas": Netanyahu se pronuncia sobre rendição de terroristas e envia recado ao Hamas; Veja

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (foto), afirmou neste domingo, 10, que a rendição de vários terroristas do Hamas nos últimos dias mostra o fracasso do grupo e sua luta contra Israel. 

“Nos últimos dias, dezenas de terroristas do Hamas se renderam perante as nossas forças. Eles largaram as armas e se entregaram aos nossos bravos combatentes”, afirmou Netanyahu em vídeo. 

“Vai levar mais tempo, a guerra ainda está com força total, mas este é o começo do fim do Hamas”, acrescentou. 

Netanyahu também enviou uma mensagem aos membros do Hamas: “Eu digo aos terroristas do Hamas: acabou. Não morra por [Yahya] Sinwar. Renda-se agora.” 

Líder do Hamas, Yahya Sinwar é uma figura central na perpetuação do conflito Israel-Palestina. 

No sábado, o porta-voz militar Daniel Hagari, afirmou que muitos dos terroristas que se renderam nos últimos dias forneceram informações importantes sobre o funcionamento do grupo. 

De acordo com o porta-voz militar, eles têm se queixado “de que a liderança do Hamas está fora de sintonia com a difícil situação em que se encontram no terreno”. 

Fonte: O Antagonista.


País vai multar e expulsar pessoas “fedorentas” de bibliotecas públicas

A prefeitura de Montreal, no Canadá, decidiu que irá expulsar pessoas que estiverem “fedidas” e “fedorentas” das 45 bibliotecas públicas da cidade. Os indivíduos que forem flagrados em situação de mau cheiro poderão ser multados. A medida valerá a partir de 1° de janeiro de 2024. 

A decisão integra um novo projeto de regulamento do uso das bibliotecas que Montreal está adotando. A partir do ano que vem, será proibido que a falta de higiene incomode ou atrapalhe os frequentadores ou funcionários locais, segundo informações do jornal La Presse. 

“É ultrajante!”, afirmou, ao periódico, Annie Savage, diretora de uma instituição que apoia moradores em situação de rua. “É uma tendência, em muitos locais públicos, portanto pagos com os nossos fundos, dizer que não é seu papel acolher pessoas sem abrigo. Isto é extremamente chocante e alarmante”, acrescentou. 

Oito conselhos distritais concordaram com a medida, enquanto nove devem julgá-la até meados de dezembro. Os dois últimos distritos apresentarão uma moção em breve. Questionada pelo jornal La Presse, a prefeita Valérie Plante — que concordou com a decisão — disse que aceitaria discutir a medida, mas não indicou qualquer recuo. 

Ainda de acordo com o jornal canadense, a prefeitura de Montreal quer fornecer “um guia de apoio aos gestores, permitindo-lhes aplicar a regulamentação de forma humana, sensível e respeitosa em todos os momentos”. 

Metrópoles


URGENTE: Maduro anuncia "novo mapa" da Venezuela e designa General como “autoridade única da Guiana Essequiba”; VEJA VÍDEO

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anuncioua criação de uma província na região de Essequibo, região que fica na Guiana e está prestes a ser invadida. 

Falando a Assembleia Nacional venezuelana, Maduro fez uma série de decretos. 

Em vídeo, Maduro designou um General como “autoridade única da Guiana Essequiba” e anunciou a criação de “zona militar de defesa”. Além disso, ele também apresentou “novo mapa” da Venezuela, com território que hoje pertence à Guiana. 

Informações TBN


Realizar ‘privatizações corajosas’ está entre os desafios a serem encarados pelo presidente eleito, afirma o colunista Ubiratan Jorge Iorio

Javier Milei - argentina
Javier Milei é o presidente eleito da Argentina | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons/Adrián Escandar 

Em artigo publicado na Edição 193 da Revista Oeste, o economista e professor Ubiratan Jorge Iorio afirma que, com a eleição de Javier Milei, o povo da Argentina fez sua “aposta na liberdade”.

No texto, Iorio afirma que o político libertário terá de seguir uma “receita” para voltar a colocar nos trilhos a economia do país sul-americano. De acordo com ele, essa tarefa conta com 11 “ingredientes”.

Leia um trecho da coluna de Ubiratan Jorge Iorio sobre os desafios de Milei no comando da Argentina

milei economia
Milei vai reduzir os ministérios da Argentina de 18 para 8 | Foto: Reprodução/Instagram/@javiermilei

De acordo com Iorio, para recuperar a economia da Argentina, Milei terá de trabalhar em prol das seguintes ações:

  1. reformas vigorosas no Estado para enxugá-lo;
  2. responsabilidade fiscal permanente;
  3. intolerância absoluta com a inflação;
  4. taxa de câmbio realista;
  5. desregulamentação substancial;
  6. privatizações corajosas;
  7. abertura econômica arrojada;
  8. estímulos ousados à competição;
  9. liberdade de entrada e de saída em todos os mercados;
  10. reescalonamento da dívida externa; e
  11. respeito absoluto aos direitos de propriedade.

“Com tal agenda, a economia argentina tem tudo para acordar de sua octogenária letargia, levantar-se e arrancar”, afirma o colunista de Oeste. “Por ser um país potencialmente rico e porque está demonstrado historicamente que esse é o único caminho possível para a prosperidade, o mesmo que foi percorrido no Brasil entre 2019 e 2022, com bons resultados, apesar dos estragos causados pela pandemia, mas que foi jogado fora pela administração desastrosa atual.”

Informações Revista Oeste


Ministra de Milei anuncia que Argentina não vai integrar o Brics

Futura ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino afirmou que o seu país não vai entrar no grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O anúncio foi feito nesta quinta-feira (30). 

Em agosto, durante uma reunião entre os líderes dos países do Brics, foi anunciado que havia outras nações haviam sido convidadas para fazer parte do bloco. 

Foram anunciados os seguintes países:Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. 

Os novos participantes do Brics passariam a fazer parte dos Brics em 1º de janeiro. No entanto, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, assume no dia 10 de dezembro. 

Sua posse acontece semanas antes da data programada para o ingresso dos novos países ao Brics. 

Gazeta Brasil

Argentinos estocam comida
18 de Novembro de 2023

Argentinos estocam comida

Foto: Luciana Taddeo.

Na porta de um atacadista, Ana e sua filha seguram um pacote com 40 rolos de papel higiênico, um carrinho de feira e três ecobags cheias de produtos, enquanto esperam um motorista de aplicativo. É a segunda vez que a cena se repete em poucas semanas. Agora, elas contam com estoque de compras para três ou quatro meses – e pelo menos quanto aos produtos básicos, conseguirão se proteger da disparada de preços que os argentinos esperam após as eleições presidenciais de domingo (19). 

Nas sacolas, há produtos de limpeza e de higiene pessoal, leite, bolachas e salgadinhos. “Teria comprado também papel toalha, mas estava em falta”, conta Ana. Ela começou a frequentar o atacadista há um ano, diante da alta dos preços – a inflação argentina é de quase 143% em 12 meses. “Estou sempre fazendo contas e conheço bem a realidade, é a maneira de me proteger”, diz. 

Muitos argentinos adquiriram o hábito de comprar mais do que precisam para a semana ou o mês, em uma tentativa de serem mais rápidos do que o avanço dos preços. Para Guillermo Oliveto, especialista em consumo, humor social e marcas, a ideia de “economizar consumindo” responde ao cenário de incerteza em que o país está imerso, além da brusca perda de poder aquisitivo. 

“A sensação é de que não se deixa para amanhã o que pode ser comprado hoje, porque amanhã vai ser mais caro e talvez nem queiram te vender”. (Guillermo Oliveto, especialista em consumo). 

No dia seguinte às eleições primárias de agosto, quando o ultradireitista Javier Milei teve mais votos do que políticos tradicionais do país, o governo desvalorizou o peso em 22%, o dólar disparou no mercado paralelo, os preços foram remarcados e o abastecimento de certos produtos foi interrompido por alguns dias. Como resultado, a inflação passou de 12% em agosto e setembro. 

A população, acostumada a impactos bruscos na economia após resultados eleitorais surpreendentes, correu para lojas e supermercados para se resguardar para o primeiro turno, realizado em 22 de outubro. Agora, compra o que consegue pensando no segundo. 

Para conter a disparada do dólar no mercado paralelo, o câmbio oficial ficou congelado desde agosto. Além disso, antes e depois do primeiro turno, o governo levou a cabo fiscalizações em casas de câmbio ilegais para evitar especulações durante o processo eleitoral. 

Agora, a estratégia para minimizar o impacto na cotação do peso após o pleito de domingo, começaram a ser realizadas “micro-desvalorizações” diárias, iniciadas nesta quarta (15), até chegar a uma desvalorização de 3% por mês. 

Ansiedade no ar e efeito “act now”

A ansiedade, no entanto, paira no ar. “Diante da sensação de que alguma coisa grave vá acontecer, a população enche o freezer e a despensa. Uns compram óleo de cozinha, outros carne, vinho, massa, arroz. Quem consegue compra televisores ou passagens aéreas”, diz Oliveto. “Como é muito difícil economizar, é melhor gastar agora. Por isso, as compras em ‘modo bunker’”. 

Com a queda do poder aquisitivo da população e a dificuldade de ter acesso a propriedades, automóveis ou realizar viagens ao exterior, o argentino consome o que consegue. Em 2017, o salário médio no país era de US$ 1.800; hoje, ronda US$ 400, considerando a cotação do mercado paralelo. 

Devido ao efeito “act now”, o consumo não caiu, avalia Santiago Manoukian, chefe de research da consultoria Ecolatina. Apesar da perda de poder de compra e do crescimento da pobreza, que chegou a 40% no primeiro semestre, as políticas públicas de distribuição de renda – incrementadas pelo ministro da Economia e candidato Sergio Massa após as primárias – e a urgência de se livrar rapidamente dos pesos, antes que percam valor, ajudaram a manter a atividade econômica. 

Já do ponto de vista da oferta, segundo Manoukian, o ritmo permaneceu porque o governo “forçou” empresas importadoras a recorrer a créditos comerciais, que aumentaram em US$ 13 bilhões em 2023. Para o especialista, é um problema. 

“Os níveis de pagamentos pendentes geram o risco de que [os importadores] parem de receber mercadorias. Os fornecedores estão pedindo pagamentos de dívidas para somente depois reestabelecer os negócios”. (Santiago Manoukian, chefe de research da Ecolatina). 

Devido à falta de dólares no Banco Central, o governo argentino apertou o cerco contra as importações. De janeiro a setembro, as importações argentinas caíram 10,1% em relação ao ano anterior. Segundo Manoukian, o governo argentino também pagou parte das importações e da dívida privada com empréstimos da ordem de US$ 11,5 bilhões da China. 

O contexto é ruim, mas a previsão da Ecolatina é de que a atividade econômica caia somente 1,5% neste ano. 

Estoques de bem-estar e prazer

A sensação de que os “pesos queimam” nas mãos também leva o argentino a formar “estoques de bem-estar e prazer”. Segundo Oliveto, em um contexto de impacto psicológico gerado pela longa quarentena no país durante a pandemia, somado à incerteza econômica, o consumo atua como um “ansiolítico”. 

Não à toa, shows internacionais recentes no país tiveram todos os ingressos vendidos (como os três de Taylor Swift nos últimos dias e os dez do Coldplay no ano passado), estádios de futebol estão sempre cheios, há recordes de presença em teatros e o turismo interno se intensifica. 

“Primeiro as pessoas estocam bens, alimentos. Depois saem sábado à noite, vão ao bar, comem uma pizza com amigos para esquecer a realidade. É a construção de bolhas de bem estar, e é transversal entre as classes sociais. Alguns comem em restaurante de luxo, outros fazem piquenique ao lado da estrada”, pontua. 

“Há muito medo do que pode acontecer depois das eleições, ganhe quem ganhar. Por isso, a sociedade está na defensiva e nessa situação de estocar bens e bons momentos”. (Guillermo Oliveto, especialista em consumo). 

Facundo Kelemen é dono do Mengano, um reconhecido restaurante de Palermo, em Buenos Aires, com capacidade para 40 comensais – que lota em plena terça-feira. Como os fornecedores reajustam os preços, ele costuma fazer correções mensais nos pratos. Por isso, o cardápio físico já não apresenta valores (só o digital). 

Apesar do contexto econômico, a prosperidade do local já faz com que ele planeje a abertura de um bar. “Estamos indo bem e temos que aproveitar. É preciso continuar”, diz. 

Para iniciar o novo empreendimento, porém, ele precisa esperar a incerteza sobre o que acontecerá com os preços a partir da semana que vem passar. “Há várias semanas pedimos orçamentos para construtoras e não enviam. Ninguém quer se arriscar”. 

Fonte: InfoMoney.

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