O empresário Thiago Brennand, de 42 anos, foi preso em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, na noite desta quinta-feira (13). Acusado de violência contra mulheres e de crimes sexuais, o milionário estava foragido desde o dia 27 de setembro. Ele havia sido flagrado por câmeras de segurança ao agredir a modelo Helena Gomes em uma academia em São Paulo.
A prisão de Brennand foi confirmada nesta sexta-feira (14) pela PF (Polícia Federal) e pela delegada Ivalda Aleixo, do Departamento de Capturas da Polícia Civil de São Paulo. A policial afirmou que segue em contato com a embaixada do Brasil no país do Oriente Médio e com a Interpol a fim de que o trâmite para trazer o empresário para São Paulo seja realizado.
“Recebi a informação de que ele havia sido preso às 21h de ontem. Passei a madrugada tentando apurar melhor como foi a prisão, quem prendeu, onde está e quando será trazido para o Brasil. Como ele declarou que estava nos Emirados Árabes, ficou mais fácil encontrá-lo. A polícia de lá conduziu [a prisão], mas teve a participação do setor brasileiro da Interpol”, informou Aleixo.
A PF, que representa o Brasil na Interpol, reforçou o trabalho em conjunto com as autoridades da polícia dos Emirados Árabes para localizar e prender o empresário, acusado de lesão corporal, tentativa de feminicídio e corrupção de menores.
“A prisão se deu em razão da difusão vermelha e dos contatos realizados pela Polícia Federal, em especial da recém-criada Adidância da PF na Jordânia, para o cumprimento da medida em Abu Dhabi. O detido, agora, permanecerá em Abu Dhabi aguardando os trâmites relativos ao processo de extradição”, informou a PF.
A modelo Helena Gomes, agredida pelo empresário na academia paulistana, disse ao R7 que se sente aliviada após a prisão de Brennand. “Não consigo pensar nem um minuto no Thiago. Assim que recebi a notícia, comecei a receber mensagens de vítimas e foram tão profundas. Não tem como pensar nele”, revelou.
Emocionada, Helena diz que recebeu áudios de mulheres que não tiveram coragem de seguir com a denúncia. “Muitas não têm condição financeira para lutar. Meu pensamento vai para essas pessoas. Se eu tinha algum propósito nessa história, é para essas pessoas”, disse.
A vítima disse ainda que foi informada sobre a prisão de Brennand no início da manhã desta sexta-feira (14). “Não estou feliz pelo que está acontecendo com ele, estou aliviada pelas pessoas. Meu caso não foi nada perto do delas”, afirmou. “Me sinto orgulhosa de representar essas mulheres.”
Acusações contra Thiago Brennand
Thiago Brennand é acusado de lesão corporal, tentativa de feminicídio e corrupção de menores. A prisão preventiva foi decretada no dia 27 de setembro pela 6ª Vara Criminal do Foro Central Criminal da Barra Funda, em São Paulo, após ele não retornar ao país nem entregar o passaporte.
A prisão ocorreu após contatos realizados pela Polícia Federal, em especial da recém-criada Adidância da PF na Jordânia, para o cumprimento da medida em Abu Dhabi. Brennand permanecerá nos Emirados Árabes aguardando os trâmites relativos ao processo de extradição.
De acordo com comunicado, a PF destacou que “já localizou e prendeu mais de 50 foragidos internacionais no Brasil e mais de 70 brasileiros que tentaram fugir do país, no exterior, no ano de 2022”.
No domingo (9), o empresário milionário publicou vídeos na internet em que se diz “perseguido” e “vítima de uma cruzada midiática”. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de São Paulo no dia 27 de setembro, acusado de agredir a modelo Alliny Helena Gomes em uma academia localizada em um shopping de São Paulo.
Os vídeos foram publicados por Brennand e apagados na segunda-feira (10). Nas publicações, ele critica a imprensa, o Ministério Público de São Paulo, a ex-promotora de Justiça Gabriela Manssur e a advogada Dora Cavalcanti. Além disso, o empresário reprova as denúncias contra ele, mas, ao mesmo tempo, afirma: “Não prejudicam minha biografia”.
Em outro momento do vídeo, ele se dizia tranquilo e chegou a negar que estivesse fugindo da Justiça brasileira. “Estou absolutamente tranquilo, não estou fugindo”, afirma. “Vamos ver se uma pessoa como eu, politicamente perseguida, se o mundo civilizado percebe ou cai na balela da imprensa.”
A decisão judicial de determinar a prisão preventiva atendeu ao pedido do Ministério Público de São Paulo e se deu após Brennand não ter se apresentado no prazo de dez dias determinado anteriormente pela Justiça, que se encerrou no dia 23 de setembro. Após o caso de agressão, o empresário deixou o país rumo aos Emirados Árabes.
Brennand também usou plataformas na internet para negar ter tido interesse em Helena: “Onde que eu teria interesse em uma mulher daquela? Nem beber eu bebo. Sóbrio não tem como. Quem não vê o nível daquela cidadã”, disse em um dos vídeos.
Em relação aos comentários do empresário, Helena rebate e diz que é preciso ter coragem para enfrentar o medo de denunciar casos de assédio e agressão. “Ele pergunta quem é a Helena Gomes. Minha resposta para isso é ‘a mulher que falou não, que não abaixou a cabeça, que procurou a Justiça, que expôs ele ao Brasil, que está lutando por si e por todas que não tiveram oportunidade, nem ajuda'”, disse a modelo após a divulgação das imagens.
Na avaliação de Helena e dos advogados de defesa da modelo, os vídeos não tiveram impacto sobre o processo. “Não influenciou em nada”, diz ela. “Esperávamos que em algum momento ele fosse dar um retorno já que nunca se pronunciou. O que ele falou não é surpresa: é a forma como ele atinge as pessoas ao redor.”
*R7