Cerca de metade da população mundial, 49% segundo cálculos da AFP, terá eleições em 2024. Por volta de 30 países vão eleger um presidente, e também estão previstas eleições legislativas em cerca de 20 deles. No Brasil, vale lembrar, teremos os pleitos municipais.
As votações vão acontecer em um contexto internacional conturbado pelo conflito russo-ucraniano e a guerra entre Hamas e Israel. Além disso, vão enfrentar o risco de desinformação e manipulações potencializadas pela inteligência artificial afetarem os resultados.
Confira a seguir as eleições mais significativas de 2024:
Em 5 de novembro, dezenas de milhões de norte-americanos comparecerão às urnas para escolher os integrantes do Colégio Eleitoral, responsáveis por eleger o inquilino da Casa Branca.
Esta 60ª eleição presidencial americana terá um ar de déjà-vu, com a revanche esperada entre o presidente democrata Joe Biden, de 81 anos, e seu antecessor republicano, Donald Trump, de 77. Este possível enfrentamento entre veteranos será escrutinado com a perspectiva das polêmicas e informações falsas que marcaram a eleição presidencial de 2020.
Trump jamais reconheceu sua derrota e alguns americanos seguem convencidos de que seu voto foi “roubado”. Do outro lado, o Congresso aprovou em 14 de dezembro a abertura de um processo de destituição de Biden, motivado pelos negócios controversos de seu filho, Hunter, no exterior. Apesar disso, não há clima e condições para um impeachment ser aprovado.
Sem surpresas, o presidente Vladimir Putin anunciou, em 8 de dezembro, que será candidato à reeleição em março. À frente da Rússia há 23 anos, Putin modificou a constituição em 2020, o que teoricamente o autorizaria a permanecer no poder até 2036, superando Josef Stalin como o dirigente mais longevo do Kremlin.Continua após a publicidade
Nos últimos anos, a oposição e a sociedade russas foram amordaçadas tendo o conflito na Ucrânia como pano de fundo: os principais adversários políticos estão ou exilados ou presos, como Alexei Navalny, inimigo número um do Kremlin, cujo paradeiro é desconhecido por seu entorno; outros morreram ou foram reduzidos fisicamente ao silêncio.
Em junho, uma mulher pode se tornar presidente de México pela primeira vez, um símbolo importante em um país que registra milhares de feminicídios por ano.
Duas mulheres são as favoritas para suceder o presidente Andrés Manuel López Obrador: a ex-prefeita da Cidade do México Claudia Sheinbaum, do partido no poder Morena (esquerda), que lidera amplamente as pesquisas, e a senadora Xóchitl Gálvez, por uma Frente que reúne três partidos de oposição.
Em busca do terceiro mandato. Na Venezuela, afetada por uma grave crise política e econômica que levou mais de sete milhões de pessoas ao exílio, o socialista Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez (1999-2013), busca um terceiro mandato no segundo semestre de 2024.Continua após a publicidade
Sua reeleição em 2018, considerada fraudulenta, não foi reconhecida por muitos países, entre eles os EUA. Os Estados Unidos, que aliviaram em outubro, por seis meses, o embargo ao petróleo da Venezuela, detentor das maiores reservas do mundo, exigem a suspensão da inelegibilidade dos opositores, entre eles María Corina Machado.
Grande parte da oposição, que durante muito tempo esteve dividida, se uniu em torno da liberal María Corina Machado, apesar de ela estar inabilitada politicamente.
Tensão com Guiana. Considera-se que Maduro passou a exigir a anexação de Essequibo, na Guiana, como uma manobra para diluir seus problemas internos, já que a oposição é favorável à ampliação do território venezuelano.
Cerca de 945 milhões de indianos estão convocados a comparecer às urnas em maio para as eleições gerais neste país que, em 2023, se tornou o mais populoso do mundo. O BJP, partido do primeiro-ministro Narendra Modi, no poder desde 2014, é apontado como o grande favorito nas pesquisas, já que seu nacionalismo seduz a maioria hindu.
Esta eleição acontecerá em um contexto de retrocesso nos direitos políticos e liberdades civis, segundo a ONG Freedom House.Continua após a publicidade
Oposição unida. Liderado por Rahul Gandhi, neto da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, o Partido do Congresso —outrora dominante, mas agora enfraquecido— tentou formar uma grande coalizão com forças de oposição regionais de diversas tendências para desafiar Modi.
Mais de 400 milhões de eleitores de 27 países europeus. Este é o tamanho da convocação para eleger, no começo de junho, 720 deputados para o Parlamento Europeu, em um gigantesco pleito transnacional.
Estas eleições podem se caracterizar por um novo avanço das forças eurocéticas, como evidencia o triunfo do partido de extrema direita e islamofóbico PVV no pleito legislativo dos Países Baixos. A eleição para o Parlamento Europeu ocorre no momento em que a imigração é objeto de intensos debates em muitos dos 27 países e que o custo de vida dos europeus tem aumentado por conta da inflação.
Eleições legislativas estão marcadas para 1º de março no Irã, 18 meses depois da morte de Mahsa Amini. Esta jovem curda morreu após ser detida pela polícia pelo mau uso do véu islâmico, o que desencadeou meses de manifestações multitudinárias contra as lideranças políticas e religiosas. Um movimento duramente reprimido, com centenas de mortos e milhares de prisões.Continua após a publicidade
A eleição anterior, de 2020, foi caracterizada pela desclassificação maciça de candidatos reformistas e moderados, restringindo o pleito na prática a uma disputa entre conservadores e ultraconservadores.
Estão previstas dez eleições presidenciais no continente africano em 2024, cenário de oito golpes de Estado em três anos. No Senegal, cujo pleito está previsto para 25 de fevereiro, tudo indica que a votação ocorrerá em um ambiente de tensão.
O presidente Macky Sall, no poder desde 2012, designou em setembro o seu primeiro-ministro Amadou Ba como candidato de seu campo político, o que foi alvo de questionamentos internos. Do lado da oposição, a candidatura de Ousmane Sonko, terceiro colocado nas eleições de 2019, continua suspensa, já que é objeto de uma disputa na Justiça.
*Com informações da AFP