Pressionado por uma escalada de violência, o secretário da Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, defendeu em entrevista ao UOLque a Polícia Militar da Bahia não sai às ruas para “poder matar” e que a pasta deseja uma “repressão inteligente”.
Não é a orientação [para matar]… A polícia não sai para poder matar, ao contrário. Ela sai para poder preservar a ordem, garantir a paz social, garantir os direitos de todos os cidadãos.”
É uma coisa que a gente vem trabalhando porque o desejável é que a gente consiga que nossas ações sejam feitas com uma repressão pontual, com uma repressão inteligente. Mas, por outro lado, a gente tem que dar os meios, porque não pode permitir que o policial seja agredido injustamente ou não esteja em condição de fazer um melhor enfrentamento.”
Cada evento com morte tem que ser e vai ser investigado. Se houver qualquer indício de desvio de conduta, a própria investigação vai apontar isso e vamos dar prosseguimento.
Marcelo Werner, secretário da Segurança Pública da Bahia
O estado enfrenta uma crise na segurança pública com disputa de facções criminosas por territórios. As ações da polícia têm gerado tiroteios e mortes.
Só no mês de setembro, mais de 60 pessoas morreram em ações da PM. O estado descreve as vítimas como “suspeitos”.
No mesmo mês, um policial federal foi assassinado durante uma operação contra o tráfico em Salvador.
As polícias da Bahia mataram mais pessoas em supostos confrontos do que todas as forças policiais dos Estados Unidos juntas no ano de 2022. A letalidade policial no estado também é a maior do país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Marcelo Werner afirma que as mortes se dão em confrontos entre a polícia e criminosos. Ele citou ataques a viaturas e o poder bélico de traficantes. Segundo ele, as ações da pasta apreenderam 48 fuzis neste ano e o número é recorde.
Infelizmente, vivemos uma realidade que nos últimos dois anos e meio foram mais de 200 viaturas atingidas durante o policiamento ordinário, mais de 150 policiais feridos durante o patrulhamento ordinário. O poder bélico que a gente conseguiu apreender ficou neste ano em 4.000 armas.
Marcelo Werner, secretário da Segurança Pública da Bahia
Werner ressaltou que a Force (Força Correicional Especial Integrada), órgão responsável por investigação contra policiais, tem investigado e prendido policiais com desvio de conduta. De acordo com o secretário, neste ano, foram 30 policiais presos e mais de R$ 800 mil apreendidos por autoridades.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública enviou à Bahia R$ 20 milhões extras do FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública), a serem usados para custeio de viaturas, equipamentos de inteligência e armas não letais.
A Polícia Federal já auxilia o governo de Jerônimo Rodrigues (PT) em determinadas operações policiais no estado.
O anúncio de ajuda emergencial aos baianos foi feito durante a divulgação de um plano nacional de enfretamento ao crime organizado, na última segunda-feira, em Brasília. Especialistas criticaram a falta de medidas práticas.
O programa vem em ótima hora porque vem fortalecer as ações de estado, vem integrar também as agências de inteligência, porque a dinâmica das facções não são restritas a um estado só. Elas estão interconectadas entre vários estados da federação.
Marcelo Werner, secretário da Segurança Pública da Bahia
Informações UOL