O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, falou sobre a permanência dos dois assessores que receberam, na sede da pasta, a mulher conhecida como “Dama do Tráfico”. O integrante do governo Lula abordou o tema em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 16.
Aos jornalistas, Dino admitiu: a dupla que se reuniu com Luciane Barbosa Farias segue no ministério por razão pessoal. Ele afirmou que a dispensa dos assessores não ocorreu porque ele teme ser “desmoralizado”. Além disso, questionou se a equipe que recebeu a “Dama do Tráfico” cometeu algum tipo de crime.
“Confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto.”
“Os secretários que receberam praticaram algum ato ilegal? Os secretários praticaram algum crime? Beneficiaram supostamente o Comando Vermelho em quê?”, perguntou Dino, sem deixar os presentes responderem tais questionamentos. “É preciso ter um pouco de responsabilidade e de seriedade. Tenho o comando da minha equipe, confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto. Se eu fizesse isso, quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu.”
Os secretários mencionados por Dino são Elias Vaz e Rafael Velasco Brandani. O primeiro, que é o titular da Secretaria Nacional de Assuntos Legislativos, recebeu a “Dama do Tráfico” na sede do Palácio da Justiça em março. O segundo, que responde pela Secretaria Nacional de Políticas Públicas Penais, se reuniu com Luciane em 2 de maio.
Casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Batista, o “Tio Patinhas“, Luciane é, tecnicamente, uma condenada. Em segunda instância, ela recebeu sentença de dez anos de prisão por tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Contudo, recorreu e conseguiu o direito de responder em liberdade. O marido dela, entretanto, está preso em Tefé (AM), onde cumpre pena de 31 anos de detenção.
Diante do caso, Dino não explicou por qual razão a “Dama do Tráfico” conseguiu ter livre acesso — por mais de uma vez — à sede do Ministério da Justiça. Ele, entretanto, tentou argumentar que não consegue monitorar todas as ações da pasta pela qual é o responsável. Assim, de forma um tanto quanto indireta, culpou o inchaço da máquina pública na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Tenho embaixo de mim dez órgãos”, disse o ministro. “Tenho que dar conta da minha agenda e dos mais de dez que trabalham comigo?” Pergunta essa que ele não respondeu.
Revista Oeste