O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) pediu a quebra de sigilo telefônico e telemático do hacker Walter Delgatti.
No requerimento, Ramagem detalhou que os dados devem ser referentes ao período de 1º de janeiro de 2017 a 21 de agosto de 2023.
O parlamentar argumentou que o acesso ao sigilo telefônico, telemático e dos dados objetivos das empresas de telefonia está inserido no rol das competências e prerrogativas constitucionais das Comissões Parlamentares de Inquérito.
O deputado justificou o pedido ao citar que foram constatadas “inúmeras contradições” durante o depoimento do hacker na CPI do 8 de janeiro.
Trecho do requerimento destaca que “é preciso lembrar que as incoerências motivaram, inclusive, a sua reconvocação pela Polícia Federal para detalhar e esclarecer justamente quem foram as pessoas com as quais o hacker manteve relações”.
O UOL tentou contato com a defesa de Delgatti para falar sobre o tema, mas não houve retorno.
Entre os principais dados requeridos, estão:
Histórico de localização;Continua após a publicidade
Histórico de chamadas efetuadas e recebidas;
Dados armazenados pela Apple, Microsoft e Google;
Relação de contatos salvos e não salvos pelo usuário;
Dados armazenados nos aplicativos WhatsApp, Telegram, Instagram e Facebook.
Em depoimento à CPI do 8 de Janeiro, Delgatti afirmou ter sido procurado por Zambelli para se reunir com Jair Bolsonaro, que teria lhe prometido um indulto para o hacker tentar fraudar as urnas eletrônicas e, com isso, colocar em dúvida a lisura das eleições.Continua após a publicidade
O hacker afirmou que Bolsonaro teria deixado a seu critério decidir quais ilegalidades seriam cometidas para provar que a urna não seria segura ou demonstrar sua fragilidade.Ele teria se reunido com o então presidente no Palácio do Alvorada e conversado com ele por telefone em outra ocasião.
Nesta outra conversa, também mediada por Zambelli, Bolsonaro teria mencionado um grampo no ministro do STF Alexandre de Moraes. O então presidente teria pedido que o hacker assumisse a autoria do crime. “Nesse grampo teriam conversas comprometedoras do ministro”, alegou Delgatti.
No fim de semana, um extrato bancário mostrou que pessoas próximas à Carla Zambelli fizeram transferências para a conta de Delgatti. O documento foi uma das provas usadas pela Polícia Federal para embasar o pedido de busca e apreensão contra a parlamentar, e foi obtido pelo portal Metrópoles.
No dia do depoimento à CPI, a defesa da deputada afirmou que Delgatti negou as acusações feitas pelo hacker. “Ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade”, afirmou o advogado Daniel Bialski em comunicado.
Segundo o advogado da parlamentar, a denúncia será feita após Delgatti ter citado participação de Zambelli “em um crime que ela não tem envolvimento”. A declaração foi feita hoje pelo advogado Daniel Bialski em entrevista à GloboNews. Ele também defende a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.Continua após a publicidade
Bialski afirmou que o hacker “enxerta na história dele fantasias maravilhosas que fazem muito bem aos ouvidos daquele que não gostam daquelas pessoas”, em referência àqueles que ele envolveu em seu depoimento, como Bolsonaro e Zambelli.
O advogado da deputada disse ainda que não houve “pagamento para fraudar urna, para tentar criar um mandado de prisão em nome do ministro Alexandre de Moraes”. Segundo Delgatti, o pedido contra as urnas partiu de Bolsonaro e, o outro, contra o ministro do STF, veio de Zambelli.
O defensor diz que Zambelli deveria ter sido mais cautelosa ao lidar com o hacker. Bialski apontou as investigações e condenações contra Delgatti como elementos para descredibilizar a versão apresentada sobre o envolvimento da deputada na contestação das urnas eletrônicas e do resultado da eleição.
Informações UOL