Roberto Campos Neto disse que a instituição foca no bem-estar social ao explicar por que a taxa básica de juros do país está em 13,75%.
A nossa agenda toda do Banco Central é [pensando] no social. Então, a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social e inflação descontrolada porque a inflação é um imposto que afeta muito a classe média baixa.”
Roberto Campos Neto, em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura
“A inflação gera uma diferença muito grande entre quem tem capacidade de proteger e quem não tem. Então, a gente entende que olhar para a inflação é olhar para o social também”, completou Campos Neto, na sequência.
O resultado acumulado da inflação em 12 meses no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 5,77% até janeiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A meta da autoridade monetária para 2023 é de 3,25%.
PT apoiou convite a presidente do BC. Na semana passada, líderes petistas na Câmara decidiram apoiar um convite para que Campos Neto vá ao Congresso explicar a política de juros da instituição, em meio à escalada das críticas de Lula à atuação da autoridade monetária.
O pedido foi apresentado pelo líder do PSOL na Câmara, Guilherme Boulos (SP).
Pressão interna. Outras lideranças do partido de Lula, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também criticam a atuação do BC e defendem que discutir a política monetária não pode ser tabu.
Mas tanto Gleisi quanto o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmaram que o governo não propõe revogar a autonomia da instituição, o que também foi rechaçado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Símbolo bolsonarista. Ao ser questionado sobre o voto com o uso da camisa da seleção, em um colégio eleitoral, em São Paulo, Campos Neto minimizou o episódio.
É óbvio que a gente está num sistema muito polarizado. Eu acho que está todo mundo aprendendo. A autonomia do Banco Central é nova. Eu vim indicado por um governo. Também estou aprendendo. Mas é importante enfatizar: esse governo é de coalizão. Há pessoas que estão no governo e votaram contra o governo no passado, que vieram de outros lugares. Acho que agora é hora de a gente se unir, fazer um projeto pelo país e esquecer dessas coisas pequenas.
Roberto Campos Neto
(Informações UOL com Estadão Conteúdo e Deutsche Welle)