Elemento central na culinária baiana, a cultura do dendê vive uma crise histórica na Bahia. Na atual entressafra, os preços do dendê dispararam —o galão do azeite de 16 litros ficou 130% mais caro, saltando de R$ 65 em fevereiro para R$ 150 em agosto.
Maior produtora de dendê na Bahia, a Fazenda Misericórdia, em Jaguaripe, no recôncavo, viu sua produção de mais de 3 mil hectares cair 65% em cinco anos, saindo de 21 mil toneladas em 2014 para 7,7 mil toneladas em 2019.
Uma série de fatores explica queda, o que inclui regime de chuvas, luz e umidade. Mas a principal explicação está na menor produtividade, resultado da falta de recursos para investir em adubação e renovação das palmeiras.
“A realidade é que produzimos dendê na Bahia da mesma forma que há 200, 300 anos. É uma cadeia muito rudimentar”, diz Demétrio Souza, presidente da cooperativa dos pequenos produtores rurais de Nazaré, cidade de 27 mil habitantes do recôncavo baiano.
A Bahia já foi o maior produtor de dendê do país, mas a cultura entrou em declínio tanto no agronegócio quanto na agricultura familiar, com queda na produção e redução das áreas de plantio. Dados do último censo agropecuário do IBGE levantados pelo jornal Folha de S.Paulo, apontam uma produção de 13,8 mil toneladas o estado em 2017.
O estado é o segundo produtor do Brasil, mas com uma diferença abissal para o Pará, que estruturou e profissionalizou sua cadeia e colhe 816 mil toneladas por ano, equivalente da 97% da produção do país.
O ideal é que dendezeiros sejam substituídos por novos a cada 30 anos, mas na Misericórdia, maior fazenda produtora da Bahia, as árvores já chegam a 40 anos. Com isso, uma produtividade que poderia chegar a 18 toneladas por hectare está em 2,3 ton/ha. “Faltam recursos para fazer a manutenção do plantio”, afirma Valdeni Pereira de Oliveira 62, consultor da Fazenda Misericórdia.
Reportagem: https://www.bahianoticias.com.br/municipios