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Funcionários abrem sacos em contêiner no porto de Santos em ação contra tráfico de drogas
Funcionários abrem sacos em contêiner no porto de Santos em ação contra tráfico de drogas Imagem: 19.abr.2018 – Eduardo Knapp/Folhapress

O Primeiro Comando da Capital, o PCC, alcançou faturamento de R$ 4,9 bilhões por ano, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo. O crescimento e a sofisticação dos negócios da maior organização criminosa do país têm preocupado autoridades inclusive do outro lado do Atlântico.

O que aconteceu

O PCC fatura desde 2020 cerca de US$ 1 bilhão ao ano — o que equivale a mais de R$ 4,9 bilhões, na cotação atual, segundo o promotor de Justiça do Gaeco, Lincoln Gakiya. A arrecadação se refere ao tráfico de drogas em São Paulo e ao lucro, sobretudo, da cocaína comercializada para países da Europa.

Dois terços do faturamento do PCC são exclusivamente do tráfico internacional, de acordo com as investigações. O setor da organização criminosa responsável pela atividade ficou conhecido como “Tomate”. Isso porque, segundo o promotor, a cocaína saía do país por meio de carregamentos de tomates. 

O restante do lucro é obtido com o comércio de drogas em São Paulo — a arrecadação em outros estados permanece nos locais e não entra nessa conta. “Não há um caixa único do PCC no país. Os integrantes de São Paulo mandam dinheiro para os estados que têm interesse”, afirma Gakiya.

O volume de cocaína que sai dos portos do país aumentou nos últimos anos. Segundo o promotor, em 2016 e 2017, de 200 kg a 300 kg de droga eram colocados em cargas para deixar o país por mês. Já em 2021, as investigações demonstravam que a facção despachava, mensalmente, no mínimo uma tonelada de cocaína. 

A facção se tornou tema de preocupação em diversos países europeus. Na medida em que eles se consorciaram com as organizações mafiosas do leste europeu, passaram a lavar dinheiro e ganharam sofisticação.
Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Gaeco, do MP-SP

Outras formas de arrecadação

Hoje, outras formas de arrecadação financeira utilizadas pela facção criminosa acabaram perdendo força, segundo autoridades que investigam a organização.

Desde 2002 — e com mais intensidade a partir de 2008 —, o PCC arrecadava R$ 5 milhões por ano. O dinheiro era proveniente do setor chamado “Progresso”, responsável pelo tráfico de drogas, das rifas e da “cebola”, a mensalidade cobrada de integrantes em liberdade. 

A partir de 2018, o PCC aboliu a rifa, a mensalidade e outras formas de obtenção de lucro em São Paulo. Desde então, a arrecadação passou a se concentrar integralmente no tráfico dentro e fora do país.

Entre 2010 e 2012, uma prática utilizada pela facção para guardar dinheiro eram as casas-cofres. Os valores eram enterrados em um cofre em uma casa administrada por membros da organização. 

Preocupação entre europeus

No site da Europol (Agência Policial Europeia), o PCC é classificado como “notório grupo criminoso”. “Há cinco anos, essa preocupação [com a facção] era mais tímida. Hoje, sou demandado quase que semanalmente por autoridades e policiais da Europa buscando informações sobre o PCC”, relata Gakiya. 

A Polícia Judiciária de Portugal começou a investigar o número de presos envolvidos com o tráfico de drogas, afirma Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo. “O número de brasileiros presos naquele país chamou a atenção nos últimos cinco anos. Durante as investigações, observou-se que se tratavam de presos faccionados.” Segundo a desembargadora, em muitos casos, os presos são procurados da Justiça, têm mandado de prisão ou estão citados em processos envolvendo a facção no Brasil.

A desembargadora também diz que a principal preocupação da Europa e dos EUA hoje é a extensão do PCC nesses países. Segundo Ivana, investigações apontam que a arrecadação não é somente financeira. “O Brasil envia drogas e recebe armas. A venda de drogas não ocorre somente em troca de dinheiro. A droga é trocada por ouro, diamante.”

No rastro do droga e do dinheiro

Integrantes da organização criminosa paulista compram a droga produzida na Bolívia e no Peru. Parte da substância entra em território nacional pela fronteira com o Paraguai e o produto final é escoado principalmente pelo Porto de Santos, em São Paulo. “Santos tem um movimento por dia intenso que facilita a atuação para o crime no que se refere ao transporte de drogas e dificulta o controle das polícias”, diz Ivana.

13.abr.2020 - Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ao ser preso em Moçambique
13.abr.2020 – Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ao ser preso em Moçambique Imagem: Arquivo pessoal

Na Europa, não há lideranças do PCC, mas integrantes da organização responsáveis movimentações financeiras. Nos países europeus, há operadores e doleiros que trabalham para a facção e recebem um percentual do valor da venda.

O fluxo do tráfico e do lucro obtido com o comércio ilegal de drogas também se sofisticou ao longo das três décadas de história da organização criminosa. A droga chega aos países europeus por diferentes portos.

Quando os pontos de entrada pela Europa estão sob maior fiscalização, a ordem é para que as substâncias passem antes pelos países africanos e asiáticos. Em abril de 2020, um dos principais nomes da facção Gilberto Aparecido dos Santos, 49, o Fuminho, foi preso em Maputo, capital de Moçambique. Segundo investigações, ele planejava controlar o crime no sul da África.

O dinheiro movido pelo tráfico internacional passa também pela China, segundo Gakiya. “Passa por dezenas de contas chinesas para dificultar o rastreamento”, afirma. Um dos integrantes do PCC, investigado pelo Gaeco por envolvimento com roubo a banco teve o dinheiro recebido na Holanda; depois, o valor passou pela China, chegou ao Brasil e saiu para o Paraguai, segundo o promotor. 

O rastreamento depende de cooperação internacional e acordos entre países. “Temos que contar com a colaboração de outros países para rastrear o dinheiro porque o crime não tem mais fronteiras”, diz o promotor.

Informações UOL

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