O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela polêmica fala em que o petista cita “gratidão” à África “por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão”.
Lula fez a declaração em visita a Cabo Verde, e o episódio repercutiu negativamente nas redes sociais. De acordo com o ministro, Lula afirmou que o Brasil tem uma dívida com a África. Houve um certo silêncio entre integrantes do governo. Coube a Silvio Almeida sair em defesa do presidente.
“O que o presidente Lula disse foi: ‘o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga’. E por isso, o Presidente tem insistido – e já falei com ele sobre isso – é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento”, argumentou o ministro à Coluna.
Ameaçado de perder o cargo no xadrez da reforma ministerial, Silvio Almeida é um dos ministros mais populares do governo e reconhecido por sua luta contra o racismo. Ainda assim, ele periga ficar sem cargo na Esplanada para o Palácio do Planalto conseguir abrigar dois nomes do Centrão na equipe ministerial, os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).
“Quero recuperar a relação com o continente africano porque nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. A nossa cultura, nossa cor, nosso tamanho são resultado da miscigenação entre índios, negros e europeus. Nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”, disse o chefe do Executivo no país africano.
Em seguida, Lula afirmou que o Brasil precisa “pagar” a África pelo período da escravidão. “Achamos que a forma de pagamento que o Brasil pode fazer é a possibilidade de formação para que tenham especialização nas várias áreas que o continente africano precisa, possibilidade de industrialização, agricultura”, disse o petista.
Para Silvio Almeida, é a segunda parte que precisa ser valorizada. “Lula considera que nossa relação com a África vai muito além do passado, que não se pode esquecer para que suas consequências não sejam reiteradamente vividas”, disse o chefe da Pasta dos Direitos Humanos. Veja mais aqui sobre o ministro.
Em meio às especulações sobre a reforma na Esplanada, o ministro afirma ainda que o Ministério vem atuando no combate ao racismo. “Promovendo ações e projetos comprometidos com a memória, a verdade e a reparação histórica diante das violações de direitos humanos seculares perpetradas contra o povo brasileiro pelo sistema opressor. Criamos, inclusive, uma estrutura administrativa inédita para essa tarefa”, declara.
A ministra da Igualdade Social, Anielle Franco, também foi procurada pela Coluna para comentar a fala de Lula, mas não retornou aos contatos.
Créditos: Estadão.