O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou nesta quinta-feira (1º) que os Estados Unidosdevem “tirar seus narizes” da Venezuela, em resposta ao reconhecimento de Edmundo González Urrutia como vencedor da eleição presidencial do último domingo, apesar do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter anunciado a reeleição do chavista.
“Os EUA deveriam tirar seus narizes da Venezuela, porque é o povo soberano que governa na Venezuela, que coloca, que escolhe, que diz, que decide”, afirmou Maduro em um discurso inflamado. Pouco antes, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, divulgou um comunicado afirmando que o governo americano concluiu, com base em “provas contundentes”, que González foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.
Em uma resposta direta, Maduro afirmou: “O processo na Venezuela, legal, constitucional e institucionalmente, ainda não foi concluído, e os EUA dizem que têm as atas e as provas”. Ele reiterou que o sistema eleitoral “sofreu um ataque brutal” que teve como objetivo “impedir os resultados das eleições” e, por isso, apresentou um recurso à Câmara Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) para esclarecer “tudo o que precisa ser esclarecido” sobre as eleições.
Nesta quinta-feira, a Câmara Eleitoral do mais alto tribunal venezuelano aceitou o recurso e anunciou uma investigação para “certificar, de forma irrestrita, os resultados” das eleições, convocando os 10 candidatos a comparecerem em 2 de agosto. Maduro disse que espera que “todos compareçam” e fez uma referência especial a González: “Espero que esse senhor tenha a coragem mínima (…) necessária para assumir posições políticas e comparecer à convocação obrigatória do TSJ, onde veremos os rostos uns dos outros”.
A maior coalizão de oposição da Venezuela, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), afirmou que possui mais de 80% das folhas de contagem das seções eleitorais, graças ao trabalho de testemunhas e membros das seções eleitorais, e que essas folhas apontam a vitória de González Urrutia.
Maduro também mencionou que, em uma conversa com a presidente do Supremo e chefe da Câmara Eleitoral, Caryslia Rodríguez, as autoridades estão “preparadas” para apresentar todas as atas de votação, “até a última”. Caryslia Rodríguez é uma simpatizante declarada do regime e entusiasta do chavismo.
Especialistas em política latino-americana observam que a situação na Venezuela continua complexa e volátil. Alguns acreditam que o reconhecimento de González pelos EUA pode aumentar a pressão internacional sobre Maduro, enquanto outros veem a ação do TSJ como um movimento para ganhar tempo e validar a reeleição do ditador.
Em suma, a tensão política na Venezuela permanece alta e o futuro do país sul-americano é incerto. Os desdobramentos das investigações do TSJ e as reações tanto internas quanto externas serão cruciais para determinar se haverá uma nova direção ou se a crise política continuará.
Informações TBN