Os dados oficiais da inflação na Argentina em 2023 ainda não foram divulgados, mas os argentinos, acostumados ao tradicional churrasco, sabem que a taxa está alta. De acordo com reportagem da agência Reuters, que ouviu consumidores do país vizinho, a carne e outros produtos alimentícios já saíram do cardápio ou foram drasticamente reduzidos.
A aposentada argentina Susana Barrio, de 79 anos, disse que não convida mais os amigos para o tradicional “asado”. O dinheiro que recebe não é suficiente para manter o antigo hábito. “A alegria que me dava convidar meus amigos para um churrasco, o que é típico aqui, agora é impossível.”
O proprietário de um açougue em Buenos Aires Guillermo Cabral, de 60 anos, disse que é impossível acompanhar a alta dos preços. “Perde-se totalmente a noção dos preços.”
O advogado Alejandro Grossi, de 49 anos, afirmou que está cansado de se acostumar com o aumento dos preços depois de anos de inflação. “Compro menos coisas para mim do que gostaria; você se adapta”, disse. “É como se estivéssemos acostumados a isso, já é algo tão natural aqui: inflação e mudança de preços.”
Já a aposentada Graciela Bravo, de 65 anos, disse que agora conta cuidadosamente quantas batatas compra. “Nada é barato.” Dois quintos da população da Argentina já vivem na pobreza.
Enquanto o preço dos alimentos — e de todos os produtos — sobe, os salários e as aposentadorias não seguem o mesmo ritmo.
A estimativa de analistas de mercado é que a inflação tenha ultrapassado 200% em 2023, o último ano do esquerdista Alberto Fernández e de sua vice, Cristina Kirchner, na Presidência da Argentina. A projeção é de que em dezembro a inflação tenha atingido 28%, uma das taxas mais altas do mundo.
Os níveis atuais de inflação na Argentina são os mais altos desde o início da década de 1990, quando o país estava saindo de um período de hiperinflação.
Em razão da crise econômica argentina, o novo presidente, Javier Milei, que tomou posse há um mês, baixou uma série de medidas de austeridade para derrubar a inflação, reduzir o déficit fiscal no qual o país foi mergulhado e reconstruir a economia.
Entretanto, o próprio presidente alertou para o fato de que atingir o ponto de equilíbrio levará tempo, e que as coisas podem piorar antes de melhorar.
Informações Revista Oeste