Folhapress – O impacto desproporcional da Covid-19 sobre os italianos mais velhos parece ter maior relação com o isolamento social em que grande parte deles vivia do que com a quantidade de seus contatos com gente mais nova, revela um estudo publicado na revista PLOS One em de 21 de maio.
A associação entre morbidade e idade já era conhecida, mas a pesquisa comandada pelo doutor Giuseppe Liotta, professor associado de higiene e saúde pública da Universidade de Roma, queria confirmar o papel do contato intergeracional na disseminação do vírus entre os mais velhos.
Para testar a hipótese, analisaram diversas variáveis, como o percentual de pacientes acima dos 80 anos entre os infectados, o número de leitos disponíveis em casas de repouso, a taxa de incidência de Covid-19 e o tempo de expansão da contaminação, chamado de maturidade da epidemia. Incluíram ainda na análise o tamanho médio das famílias e a porcentagem de pessoas vivendo sós.
No fim das contas, encontraram um paradoxo: a pandemia foi mais grave em regiões italianas com maior fragmentação familiar e maior disponibilidade de leitos nas chamadas instituições de longa permanência, ou casas de repouso.
A interpretação dos relatórios diários do Ministério da Saúde da Itália entre 28 de fevereiro e 31 de março, com base nos dados domiciliares e populacionais de cada região administrativa italiana, provou que há, na verdade, uma correlação negativa entre o tamanho médio das famílias e a porcentagem de residentes com mais de 80 anos infectados pelo novo coronavírus.
Quando compararam a proporção de infecções por Covid-19 em idosos com a porcentagem de domicílios com um só membro e taxa de leitos para idosos, a situação se inverteu. Em resumo: pelo estudo italiano, o isolamento social dos velhos é um fator de risco maior para os idosos do que o contato intergeracional.
Os pesquisadores especulam que, no fim das contas, as relações sociais podem servir como um fator protetor contra o aumento das taxas de mortalidade da Covid-19.