Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)
Exceto o comando petista na Câmara — que está afinado com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) —, os demais integrantes da articulação política do governo no Congresso não veem com bons olhos a escolha do deputado Arthur Maia (União-BA) para presidir a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
Maia é hoje o favorito do presidente da Câmara para o posto. Ele é conhecido em seu estado como homem da estrita confiança do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, principal adversário do PT na Bahia.
O deputado disputa a indicação contra o líder do PP, André Fufuca (MA). Este é o nome favorito do Palácio do Planalto por sua proximidade na política do estado com o ministro da Justiça e ex-governador, Flávio Dino (PSB).
Apesar de pertencer a seu partido, foi Arthur Lira quem convenceu Fufuca a anunciar publicamente que não deseja comandar as investigações da CPMI. Com isso, abrindo espaço para Arthur Maia. O anúncio surpreendeu o governo.
O comando petista da Câmara, no entanto, está defendendo junto ao Palácio do Planalto a escolha do deputado baiano. A afirmação é de que o fato de Arthur Lira ter indicado é uma garantia de apoio ao governo e não de oposição.
O PT da Câmara vê Lira como um aliado fiel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar do apoio que emprestou ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Diferentemente dos deputados, os articuladores do governo no Senado temem a força excessiva de Lira e que ele passe à oposição quando algum de seus pedidos de cargos e verbas não for atendido.
Nesse caso, a CPMI será um dos principais instrumentos de pressão contra o Planalto.
O ministro chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, está pessoalmente dividido sobre o assunto. Outro ministro importante no Planalto, por sua vez, o baiano Rui Costa, da Casa Civil, está junto com os senadores governistas quanto ao temor sobre a atuação de Lira.
O presidente Lula resolveu assumir pessoalmente as articulações para escolha dos integrantes da CPMI. Quer tentar decidir ainda neste final de semana ou, no máximo, no início da próxima semana.
Informações G1