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Novo intervalo para o referencial de juros está na faixa de 5,25% a 5,50% — nível mais elevado desde 2001. Taxa tende a se refletir na cotação do dólar frente ao real, além de gerar efeitos no longo prazo para o Brasil e para a economia mundial.

Sede do Federal Reserv (Fed), Banco Central dos EUA. — Foto: REUTERS/Joshua Roberts

Sede do Federal Reserv (Fed), Banco Central dos EUA. — Foto: REUTERS/Joshua Roberts 

O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aumentou os juros do país nesta quarta-feira (26) em 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 5,25% a 5,50% — marcando o maior nível das taxas desde 2001.A decisão veio em linha com as estimativas do mercado. 

A elevação dos juros nos Estados Unidos tende a se refletir em alta na cotação do dólar frente ao real, uma vez que há saída da moeda do Brasil, com o objetivo de buscar melhor remuneração lá fora. 

Os efeitos no país, contudo, também podem ser de longo prazo: juros altos nos EUA indicam uma desaceleração da economia mundial, já que os empréstimos e investimentos ficam mais caros. 

Essa desaceleração tende a ter efeitos no Brasil na forma de uma menor demanda pelos produtos e serviços brasileiros — que pode, por outro lado, ajudar a reduzir a inflação por aqui. 

Nesse contexto, há ainda a expectativa sobre a taxa de juros brasileira, que será decidida na próxima semana pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Grande parte dos analistas projeta uma redução de 0,25 ponto percentual na Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. 

Em comunicado à imprensa, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, destacou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica dos EUA vem crescendo em ritmo moderado. 

A nota reforça que os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses, enquanto a taxa de desemprego permaneceu baixa e a inflação segue elevada.

“Ao determinar a extensão do endurecimento adicional da política que pode ser apropriada para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com os quais a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os fatores econômicos e financeiros”, disse.

O Comitê também destacou que continuará monitorando as implicações das perspectivas econômicas e que, caso surjam riscos que possam impedir o alcance de suas metas, estará “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado”. 

O Fomc também voltou a fazer referência à turbulência que atingiu o sistema bancário norte-americano, diante da quebra dos bancos médios Silicon Valley Bank e Signature Bank e da crise enfrentada pelo First Republic Bank. 

“O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação”, afirmou.

O que esperar das próximas reuniões

Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que é possível que o banco central norte-americano aumente novamente os juros na reunião agendada para setembro. 

“É certamente possível que elevemos a taxa de juros se os dados justificarem. E eu também diria que é possível que decidamos nos manter estáveis ​​nessa reunião” caso os dados peçam isso, disse Powell. Ele observou que o Fed tomará decisões sobre a política monetária reunião a reunião.

Powell ponderou ainda que uma ampla gama de dados será considerada pelo Fed ao dar os próximos passos. 

Presidente do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa após decisão sobre taxa de juros dos EUA, em Washington. — Foto: Reuters

Presidente do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa após decisão sobre taxa de juros dos EUA, em Washington. — Foto: Reuters 

Para o economista-chefe da Kínitro Capital, Sávio Barbosa, a elevação nesta quarta-feira será a última desse ciclo de alta de juros, devido a uma perspectiva mais otimista sobre a inflação americana. 

“Nossas projeções indicam que o núcleo da inflação desacelerará para um ritmo anualizado abaixo de 3% no segundo semestre deste ano. Acreditamos que essa dinâmica da inflação dará conforto ao Fed para manter a taxa de juros estável ao longo dos próximos meses”, disse.

Já para o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, o comunicado no Fomc não trouxe um recado explícito sobre os próximos passos. 

O especialista ponderou, no entanto, que a economia americana continua forte — apesar de sinais de desaceleração —, o que pode exigir um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião. 

“Na decisão em que o Fed manteve a taxa inalterada, eles sugeriram aumentos consecutivos. Então, talvez tenha mais um aumento ainda este ano. E o que é mais importante: talvez um ciclo de cortes comece só na segunda metade de 2024”, projetou.

O banco central norte-americano vem aplicando altas na taxa básica de juros para conter a alta inflação do país. Em termos simples, o arrocho monetário é uma forma de dificultar o acesso ao crédito, desaquecer a atividade econômica e, assim, incentivar a queda nos preços. 

O objetivo do Fed é aplicar uma política monetária que reduza a inflação à casa dos 2% — marca que não é atingida desde fevereiro de 2021, quando chegou 1,7% no acumulado em 12 meses. 

Desde então, foram sucessivas altas na inflação — atualmente na casa dos 3% — e, consequentemente, na taxa de juros, que vem em uma crescente desde março de 2022. 

Banco digital chegou a 77,6 milhões de clientes no 2º trimestre de 2023. Caixa Econômica Federal continua sendo a líder, com mais de 150 milhões de clientes.

Informações G1

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