“Bom se orgulhar do ‘filho’! Parabéns”;
“Sem noção do ridículo. Logo vai fazer um filho que nem a Cláudia Raia”;
“Gente tão bonito essas fotos da mamãe e o filhinho”;
“A roupa é fantasia de são João ou pra competir com as menininhas”;
“A paixão pelo neto (marido? Nem sei mais)”;
“Kkkkk que roupa é essa minha senhora? Tipo bemmmm menininha a lá Carmem Miranda kkkkkk”;
“Cocota de espora e seu menino”;
“Cuidadora de bebê, já está passando da hora de fazer as plásticas da cara, tá cheia de pé galinha. mts são as rugas”;
“Olha a velhinha barriguinha de fora”;
“A veinha coroa com o novinho”;
Esses são apenas alguns dos comentários agressivos e preconceituosos que Fátima Bernardes recebeu em uma postagem no Instagram esta semana, em que comemorava a diplomação de seu namorado, Túlio Gadelha, deputado federal por Pernambuco. Fátima foi atacada por namorar um homem mais jovem, por vestir um ‘cropped’ com parte da barriga à mostra, por ter rugas. Em resumo, foi atacada por não se comportar da maneira que os outros decidiram que seria adequado para ela “na idade que tem”.
Estamos no fim de 2022 ainda há pessoas que acham aceitável agredir uma mulher dessa maneira (pior é notar que a maioria dos ataques partem de outras mulheres). Depois de passar o ano todo aqui combatendo o etarismo, não era com um texto como este que eu gostaria de encerrar 2022. Mas a gente não está mais disposta a se calar diante do etarismo e do machismo.
Fátima tem 60 anos. É uma mulher bem-sucedida, que a cada década vem se reinventando, se realizando profissionalmente. Se lançou num projeto totalmente fora de sua zona de conforto aos 50, o programa Encontro, que se tornou um queridinho do Brasil. Pouco depois, terminou um casamento de 26 anos de maneira pública e com serenidade. Aos 55, encontrou um novo amor, com alguém 25 anos mais jovem (o que, aliás, não teria causado nenhum ruído se fosse um homem em seu lugar). Aos 56, encarou o medo da água e aprendeu a nadar. E agora, aos 60, volta a se arriscar em mais um desafio, como apresentadora do The Voice.
Por que uma mulher rica, de sucesso, que tem uma vida ativa e amorosa com um homem mais jovem, que veste a roupa que bem entende, que não dá satisfação sobre suas escolhas, ainda causa tanto ódio? Talvez porque muitas mulheres ainda hoje não tenham a coragem ou a possibilidade de viverem da maneira que bem entendem e ver alguém como ela é ter jogado na cara o seu próprio fracasso. Causa frustração.
Eu queria apenas lembrar essas pessoas que o etarismo tem impacto direto e real na nossa saúde, não apenas em como nos sentimos ou nos vemos. Estudos mostram que quem encara o processo do envelhecimento de maneira positiva tem mais cuidados preventivos com a saúde, como se alimentar bem e fazer exercícios, além de ter menos depressão e ansiedade além de, pasme, viver mais. Nesse caso, então, Fátima sai ganhando, porque é exatamente isso que ela faz.
Fátima, você é uma inspiração para as mulheres maduras. Mostra que sim, podemos tudo, não há limites para quem passou dos 50, 60. Podemos aprender, nos reinventar, amar. Se não hoje, quando? É isso que desejo a todas e todos, em qualquer idade, em 2023.
Informações UOL