Ele foi capturado pela polícia da Pensilvânia (EUA) nesta quarta-feira (13), 14 dias após fugir de uma cadeia nos Estados Unidos. Além de matar brasileira nos Estados Unidos, ele responde pela morte do estudante Valter Júnior no Tocantins.
Danilo Sousa (à esq.) e Valter Júnior (à dir.) — Foto: Foto: Chester County Government e Arquivo Pessoal
A família de Valter Júnior Moreira dos Reis, morto em 2017 no interior do Tocantins, disse estar satisfeita com a prisão de Danilo Sousa Cavalcante, do suspeito pelo crime. Ele foi capturado pela polícia da Pensilvânia (EUA) nesta quarta-feira (13), 14 dias após fugir de uma cadeia nos Estados Unidos.
Danilo Sousa estava preso nos EUA após ser condenado à prisão perpétua pela morte de Débora Evangelista Brandão, de 34 anos, com quem ele tinha um relacionamento. O crime aconteceu na cidade de Phoenixville, em abril de 2021. Danilo esfaqueou a vítima na frente dos dois filhos e foi preso horas depois do crime. Ele fugiu no dia 31 de agosto
“Graças a Deus. E não vai sair mais. Esperamos que ele pague pelo que ele fez e que ele fique até cumprir a pena dele e que a segurança da penitenciária que ele conseguiu fugir fique mais forte, de olho para que ele não consiga fugir mais”, comentou Daiane Moreira dos Reis, irmã de Valter Júnior.
Condenado à prisão perpétua por matar a ex-namorada, o brasileiro Danilo Cavalcante fugiu de cadeia e mudou aparência nos EUA — Foto: Divulgação/U.S. Marshals Service Philadelphia
Durante a fuga, Danilo invadiu casas, mudou de aparência, roubou um carro e uma arma usada para trocar tiros com um morador. A população do condado de Chester, na Pensilvânia, ficou amedrontada.
No Tocantins, a família de Valter Júnior, morto por causa de uma dívida do conserto de um carro, acompanhava o cerco com aflição. A mãe e as irmãs vivem o sentimento de impunidade, pois o assassinato do estudante aconteceu em 5 de novembro 2017 e só na semana passada a Justiça decidiu marcar a primeira audiência do caso.
O laudo da perícia feito na época do crime mostrou que Danilo continuou atirando mesmo depois que Valter Júnior já estava caído e quase morto. “Queremos justiça aqui no Tocantins. A Justiça está muito lenta”, lamentou a irmã.
Irmã de jovem assassinado por brasileiro foragido nos EUA chora ao lembrar do crime
A morte de Valter Júnior foi em novembro de 2017 na frente de uma lanchonete em Figueirópolis, no sul do Tocantins. Ele foi baleado com seis tiros. O laudo da perícia do Instituto Médico Legal (IML) encontrou diversas perfurações pelo tórax, crânio e braço.
O crime teria acontecido por causa de uma dívida que Valter Júnior teria com Danilo, por conta do conserto de um carro. Eles eram considerados amigos e a vítima não acreditava que as ameaças fossem concretizadas. Em entrevista, a irmã e testemunhas relembraram a noite em que o assassinato de Valter Júnior aconteceu.
O inquérito sobre o caso foi concluído pela Polícia Civil menos de uma semana após o crime, depois de ouvir várias testemunhas que apontaram Danilo Sousa como autor do crime.
Uma semana depois da morte de Valter em Figueirópolis, a Justiça acatou um pedido de prisão feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) e Danilo se tornou foragido no Brasil. Ele responde por homicídio duplamente qualificado.
Mesmo considerado foragido, em janeiro de 2018 ele conseguiu embarcar para os Estados Unidos pelo aeroporto de Brasília (DF). Isso porque o mandado de prisão do processo, que corre no Fórum de Gurupi, no sul do Tocantins, ainda não havia sido registrado no banco nacional de mandados. Ou seja, a informação sobre o crime ainda estava disponível somente para as autoridades tocantinenses.
Em nota o TJ informou que a prisão preventiva do acusado foi proferida no dia 13 de novembro de 2017 e na mesma data enviada à Polícia Civil para seu cumprimento, entretanto o acusado já tinha fugido do Tocantins. Sobre o registro do mandado no banco nacional de prisão, disse que a ferramenta, disponível desde 2011, só em 2018 foi oficializada.
Irmã de Valter Júnior chora ao lembrar do irmão morto por Danilo — Foto: Reprodução/Tv Anhanguera
Danilo é natural do Maranhão. Mudou para o Tocantins com parentes para e chegou trabalhar como lavrador. Débora Brandão, ex-companheira do foragido, é do mesmo estado. Ela vivia regularmente no estado norte-americano da Pensilvânia, onde eles se conheceram. Ele estava ilegal nos EUA.
Débora foi esfaqueada 38 vezes por Danilo na frente dos dois filhos no dia 18 de abril de 2021. Segundo as investigações, ele não aceitava o fim do relacionamento e desde 2020, ameaçava a vítima.
Danilo foi preso quando estava no estado da Virgínia, uma hora depois de matar Débora. A condenação aconteceu uma semana antes da fuga da prisão no Condado de Chester, em West Chester.
A empresária Silvia Brandão, irmã da Débora que mora em São Luís (MA), falou da tristeza que o assassinato da irmã deixou na família.
“Nossa vida até hoje tem um vazio muito grande. Nós não estamos completos mais, e minha mãe… Uma mãe perder um filho não tem dor maior, né? Então nossa família está assim, tentando se reconstruir novamente, se reestruturar, mas incompletos. Ela faz muita falta, é uma dor imensa”, lamentou.
Os filhos de Débora, que na época do crime tinham 4 e sete anos, hoje são criados pro Sara Brandão, outra irmã da vítima, que ainda mora com as crianças nos EUA.
Informações G1