O Protagonista teve acesso, com exclusividade, a trechos do depoimento, na Polícia Civil, do procurador geral do Município, Ícaro Ivvin, acusado de assédio sexual por uma servidora da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedeso).
No depoimento, Ícaro admite ter mantido relações sexuais com a servidora dentro da Sedeso, porém, segundo ele, foi consensual – com permissão da funcionária.
Em certo trecho do depoimento, Ícaro afirmou que ele e a servidora trocaram carícias dentro da Secretaria, ao final do expediente, já à noite.
Ícaro diz em seu depoimento que estava em sua sala se preparando para deixar a Sedeso, quando foi abordado pela servidora. “Então sentou próximo à mesma, mantendo um diálogo: ‘realmente, você é bonito por dentro e por fora’, teria dito a servidora. Ele respondeu obrigado e sorriu, percebendo nesta postura que E. estava flertando com o interrogado”, diz trecho do depoimento de Ícaro.
“E evoluíram para um beijo. E E. disse: ‘estava o dia todo sem escovar os dentes e que marcariam um encontro’ e o interrogado, disse: ‘sem problema, fique à vontade. Eu também estou com a roupa do dia todo’. Mas E. disse: ‘você está cheiroso. Ao que o interrogado reiterou: ‘mas fique à vontade’. Porém, E. retrucou: ‘amanhã a gente fica direito, mas eu quero’. Nesse momento, conduziu o interrogado para a área da copa do Gabinete, onde se abraçaram e se beijaram, trocaram carícias íntimas e E., ao perceber a excitação do interrogado, abriu o zíper da calça do interrogado, manuseando sua genitália e se movimentando no sentido de praticar sexo oral. Como havia uma janela atrás do casal, o interrogado mencionou esse fato e E. o conduziu a uma área do banheiro do Gabinete e lá praticou sexo oral no interrogado, que chegou a ejacular. Em seguida se abraçaram. Cada um arrumou seu local de trabalho, que conversaram calmamente e saíram. Onde o interrogado foi à Sala de Videomonitoramento da cidade, e como o acesso a esta sala é pelo estacionamento, de lá o mesmo foi embora para sua casa, acreditando que E. já teria feito o mesmo”.
DEPOIMENTO DA FUNCIONÁRIA – Em seu depoimento na Delegacia, E. relata que houve sexo entre ela e o então secretário Ícaro. Porém, foi forçada.
Veja trechos do depoimento da funcionária: “Que no dia 14/4, além dos fatos relatados nesta Delegacia no dia 15/4/2020, houve mais fatos que a declarante não relatou inicialmente por estar com muito medo de que Ícaro ‘fizesse alguma coisa’. Que no dia do fato, além de tentar beijar a declarante, Ícaro colocou o pênis ereto para fora da calça e disse à declarante: ‘venha, eu quero sentir você’ com uma voz muito obsessiva e perguntou se tinha camisinha, repetindo várias vezes as mesmas frases: ‘quero te sentir’ e ‘tem camisinha?’. Que Ícaro empurrou a cabeça da declarante para baixo e colocou o pênis em sua boca. Que a declarante ficou apavorada e começou a tremer, ‘mas chupou o p… dele’, temendo que se não praticasse o que ele mandava, ele pudesse ‘penetrar de mim (sic)’. Que na sala dele tem banheiro e cozinha, onde tem facas e a declarante ficou com muito medo dele. Que, em seguida, ‘ele derramou na minha boca’. Que sentiu muito nojo e até o presente momento sente nojo de ter vivido tal situação. Que cuspiu no chão e não sabe se caiu esperma em suas roupas, mas como ainda não foram lavadas se compromete a entregar nessa unidade para perícia. Que esses detalhes a declarante comentou com sua cunhada, dois ou três dias depois. E depois falou para a psicóloga, para seu marido e duas cunhadas”.
QUEIXA – A servidora pública prestou queixa, em 15 de abril, de assédio sexual contra o então secretário municipal interino da Sedeso, Ícaro Ivvin. Um Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia da Mulher.
A mulher esteve na DEAM com o marido e uma prima, além de advogado. Na delegacia relatou que na terça-feira (14/4) teria sido assediada sexualmente dentro da Secretaria onde trabalhava, pelo então secretário interino da pasta.
Desde então a funcionária tem atendimento psicológico e psiquiátrico no Centro de Atendimento Maria Quitéria e Hospital Especializado Lopes Rodrigues, segundo seus advogados.
Fonte: O Protagonista