O economista e ex-guerrilheiro de esquerda, Gustavo Petro, de 62 anos, foi eleito presidente da Colombia. O resultado da apuração dos votos foi divulgado na noite deste domingo (19/6). Petro venceu Rodolfo Hernández em segundo turno das eleições presideniais do país. O vencedor sucederá o impopular presidente conservador Iván Duque, que por lei não pôde se candidatar à reeleição.
Com a promessa de democratiozar o país, o economista teve 50,49% dos votos, contra 47,25% de Hernández, segundo informações do órgão de contagem de votos nacional. Cerca de 22 milhões de colombianos foram às urnas para eleger o novo presidente neste domingo. Petro assume o cargo em 7 de agosto de 2022.
“Hoje é um dia de festa para o povo. Que festeje a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos sejam absorvidos pela alegria que hoje inunda o coração da pátria. Essa vitória é para Deus e para o povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e das praças”, disse o presidente eleito, apos a divulgação dos resultados. Esta é a terceira vez que o candidato concorre ao Palácio de Nariño.
Em uma publicação nas redes sociais, Petro agradeceu a confiança do povo colombiano. “Obrigado Colômbia! A mudança veio para nos unir por um único sentimento, o amor pelo nosso país. Chegou a hora de acabar com a desigualdade, chegou a hora da educação, do meio ambiente e das oportunidades. Chegou pela primeira vez um governo do povo e para o povo. Eu te amo muito” (em tradução livre), disse o presidente eleito.
Analistas políticos explicam que o mandato Petro terá dificuldades de governar. Apesar de ter conquistado força no Congresso, a centro-esquerda possui apenas 35% das cadeiras do congresso. Mais da metade está nas mãos da centro-direita tradicional do país.
Gustavo Petro se define como um “rebelde moderado” e atrai desconfiança entre os conservadores, os pecuaristas e uma ala do empresariado e do militarismo. Além de descartar a estatização da propriedade privada, ele propõe interromper a exploração de petróleo, transitar a economia para uma energia mais limpa, ampliar a produção de alimentos e reformar as regras de promoção dentro das forças militares.
O novo presidente colombiano nasceu em 19 de Abril de 1960, na cidade de Ciénaga de Oro, na província de Córdoba – Colômbia, em uma família de classe média. O pai era conservador e a mãe liberal. Aos 10 anos de idade, exatamente, assistiu a uma eleição marcada por denúncias de fraudes por parte dos conservadores, que culminou no surgimento do grupo guerrilheiro Movimento 19 de Abril (M-19).
A trajetória política de Petro começou 7 anos depois, em 1977, quando se juntou ao M-19. Em 1985, o jovem político foi preso por posse ilegal de armas. Na clandestinidade adotou o nome Aureliano, em homenagem ao personagem de Cem Anos de Solidãom de Gabrel Garcia Marquez.
Gustavo ficou preso por um ano e meio, e, segundo ele conta, foi torturado pelo exército. Nos dias 6 e 7 de novembro de 1985, o M-19 grupo invadiu o Palácio da Justiça e fez mais de 300 pessoas reféns durante 28 horas. A ação deixou mais de 100 mortos, incluindo o presidente da Suprema Corte, Alfonso Reys. Petro não participou do ataque porque estava preso.
Em 1990, Gustavi Petro participou da transformação do grupo guerrilheiro em um partido político, a Aliança Democrática M-19. A legenda teve grande atuação na Constituição Colombiana de 1990. No ano seguinte, foi eleito deputado pela primeira vez. O segundo mandato veio em 1998. Desta vez, em um novo partido, que ele fundou juntamente com ex-integrantes do M-19.
Em 2010 foi eleito o terceiro senador mais votado. Gustavo Petro dedicou a carreira política a denunciar a corrupção e revelar esquemas políticos com faccções criminosas, o que conquistou o eleitorado e o tornou um dos parlamentares mais populares da Colômbia.
Rodolfo Hernández, que disputou o segundo turno das eleições presidenciais colombianas com Gustavo Petro, admitiu a derrota para o esquerdista. Em uma breve publicação no Facebook, ele disse: “aceito o resultado, como deve ser (…) Desejo ao doutor Gustavo Petro que saiba dirigir o país que seja fiel a seu discurso contra a corrupção”, disse o milionário independente, de 77 anos, que perdeu com 47,22% dos votos para o senador e ex-guerrilheiro, que obteve 50,51%, segundo apuração oficial.
Informações Correio Braziliense