Um adolescente mais disciplinado, que anda e respira melhor e que adquiriu mais qualidade de vida. Este é Alejandro Alano Gonçalves Peixoto, aluno do 4º ano do Centro Municipal de Educação Monteiro Lobato, após 1 ano e 3 meses frequentando aulas de taekwondo. Ele tem Síndrome de Down e foi um dos representantes de Feira de Santana no I Festival Bahia Open de Parataekwondo, neste domingo, 27. Alejandro tem 17 anos.
Em sua primeira edição, o Festival foi realizado no formato virtual e contou com a participação de paratletas de toda a América Latina. Eles gravaram vídeos executando técnicas que aprenderam durante as aulas e enviaram à organização do evento. Os vídeos foram reproduzidos durante transmissão via Facebook. A jovem Júlia Brito, de 12 anos, que nasceu com deficiência auditiva, também representou Feira no Festival.
Alejandro sempre gostou de artes marciais. O Taekwondo chegou de forma aleatória em sua vida, mas, segundo sua mãe, Suely Peixoto, a didática do mestre Cledson Júnior e a dedicação do filho levaram a família a abraçar a modalidade esportiva. Hoje ela comemora o desenvolvimento do adolescente tanto no âmbito físico quanto intelectual.
“O esporte tem regras e códigos que precisam ser obedecidos: exige disciplina – e esse é um atributo que nos dá tranquilidade para lidar com situações em nossas vidas, de forma geral. Jovens acometidos por Síndrome de Down têm algumas instabilidades que meu filho não tem por conta dessa relação com o esporte”, diz Suely.
O professor Cledson Júnior pontua que, logo no início dos treinos com Alejandro, o jovem se cansava rapidamente com os exercícios aeróbicos e tinha pouca flexibilidade. Mas o tempo passou e ele também foi procurando desenvolver novas formas de passar as técnicas ao aluno.
“Mudei o tempo de execução dos movimentos, trabalhei lateralidade para proporcionar mais equilíbrio ao aplicar os golpes, entre outras coisas. Após um tempo já víamos os resultados: perda de peso, maior concentração, disciplina e desenvolvimento da coordenação motora”, conta o mestre Cledson. Ele também destaca que ambos, Júlia e Alejandro, demonstraram nervosismo e euforia quando souberam que participariam do festival.
Até mesmo na escola, professores notaram a diferença no desempenho de Alejandro. Claudine Cordeiro, diretora do Centro Monteiro Lobato, afirma que o estudante passou a ser mais sociável após o taekwondo. “Ele está mais atento às questões pedagógicas em sala de aula, se envolve mais com os colegas e atende mais às propostas dos professores. Ele se comunica melhor”, avalia.