O Bahia Notícias teve acesso com exclusividade ao depoimento da empresária Cristiana Prestes Taddeo, dona da Hempcare, envolvida no caso dos respiradores comprados pelo Consórcio Nordeste através da Bahia que não foram entregues. Em trecho, a empresária acusa o ex-secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, de ter sugerido um aditivo no contrato para aumentar o valor dos respiradores comprados.
O ex-chefe da Casa Civil teria sugerido aumentar o valor do contrato, saltando de 23 mil dólares para 27 mil dólares e, então, para 35 mil dólares.
Cristiana teria respondido que “não iria estuprar o Governo dessa maneira”. Ela assegura que empresa da qual é sócia faz importação de medicamentos derivados da cannabis e teria repassado ao intermediador Fernando Galante cerca de R$ 9 milhões por ele ter sido a “ponte” com o Consórcio Nordeste, representado por Cleber Isac, que também teria recebido uma “comissão” de R$ 3 milhões. A empresária afirmou que emitiu uma nota como tendo sido prestado um serviço de “consultoria”, apesar de afirmar que sabia que não seria esse o serviço.
A empresária relata que, durante a contratação, a análise para o fechamento das negociações teria durado 20 minutos, sendo que a autorização não teria passado pelo Comitê Executivo do Consórcio, tendo sido, supostamente, apenas conduzida por Dauster. O pagamento também teria assustado a empresária, que revelou ter recebido os R$ 48 milhões de forma integral em apenas dois dias após o firmamento.
ENTENDA O CASO
A compra dos ventiladores que agora é algo de investigação por deputados, Polícia Civil e o Ministério Público Federal foi concretizada pelo governo da Bahia, que pagou adiantado pelos produtos que nunca foram entregues.
Foi a gestão do governador baiano que, inicialmente, denunciou e deflagrou a Operação Ragnarok para apurar irregularidades na empresa que recebeu pelos equipamentos, a Hempcare Pharma.
No entanto, a investigação tomou outros rumos. Dias após a deflagração da Ragnarock pela Polícia Civil da Bahia, a dona da empresa Hempcare, Cristiana Prestes, um dos alvos da operação, citou o ex-chefe da Casa Civil do estado, Bruno Dauster, como o principal responsável pelas negociações envolvendo os respiradores. Segundo ela, que chegou a ser presa temporariamente, Dauster foi quem a procurou e ele conduziu “99,9%” das tratativas. O chefe da Casa Civil da Bahia foi exonerado após a declaração.
Após ter seu nome associado à compra mal sucedida de respiradores, o ex-secretário afirmou que sempre agiu “com absoluta transparência e rigor ético” e que deixou a pasta para evitar a politização do tema.