O dólar comercial abriu a semana com valorização de 2,54% e fechou cotado a R$ 5,115 na venda, na sexta alta seguida, chegando ao maior valor em um mês, desde 12 de maio (R$ 5,141). É o maior avanço diário da moeda desde 2 de maio (2,63%). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), sofreu perda de 2,73%, a sétima consecutiva, e encerrou aos 102.598,18 pontos. É o menor nível da Bolsa em cinco meses, desde 10 de janeiro (101.945,20 pontos). É a maior queda diária e mais de um mês, desde 5 de maio (-2,81%).
Os mercados seguiram abalados hoje pelos dados recentes da inflação dos Estados Unidos, que atingiu 8,6% nos 12 meses encerrados em maio —o maior índice dos últimos 40 anos. Investidores também aguardam as reuniões dos bancos centrais do Brasil e dos EUA, ainda nesta semana, para definir os juros.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
De acordo com a economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha, a dinâmica dos mercados nesta segunda-feira continuou a ser influenciada pelos fatores que levaram os mercados a terem uma forte realização na última sexta-feira, quando saíram dados de inflação e de confiança do consumidor nos EUA.
“Esses dados serviram de alerta a respeito de uma trajetória de inflação pior que a esperada e de um ambiente de arrefecimento do crescimento”, afirmou, destacando que esses vetores fazem o mercado questionar qual será a reação do Fed, o BC norte-americano.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed anuncia na quarta-feira decisão sobre os juros com o mercado esperando nova alta de 0,5 ponto percentual. Investidores buscarão sinais sobre os passos seguintes do Fed, em especial após setembro, e se ele precisará ser mais enérgico para controlar a inflação.
“É um dia de estresse geral”, afirmou o gestor da Vitreo Rodrigo Knudsen, acrescentando que não é possível explicar o comportamento de determinado papel a partir de fundamentos próprios. “Ninguém quer posição de risco, todo mundo está vendendo qualquer coisa de risco.”
Nos Estados Unidos, o S&P 500 fechou em baixa de quase 4% e uma parte importante da curva de juros norte-americana se inverteu pela primeira vez desde abril, com investidores se preparando para a perspectiva de os esforços do Fed para conter a inflação prejudicarem a economia.
“O mercado vai continuar muito ruim enquanto os investidores externos não acharem o ritmo de elevação de juros e o final dessa longa estrada”, avaliou o sócio e estrategista da Meta Asset Management, Alexandre Póvoa.
No Brasil, o Banco Central também se encontra para discutir os juros nesta semana, nas mesmas datas que o Fed. A maior parte dos participantes do mercado espera a adoção de um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 13,25%.
O Goldman Sachs compartilha dessa visão, disse o banco em relatório do final da semana passada, embora espere que o Copom deixe a porta aberta para outra alta moderada da Selic na reunião de agosto.
A instituição também não descarta o fim do ciclo de juros na reunião desta semana com um ajuste acima de 0,5 ponto esperado pelo mercado, citando “efeitos defasados de uma postura monetária já claramente restritiva” e “maior incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade financeira”.
Quanto mais alta a Selic, mais atraente tende a ficar o real para investidores que utilizam estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com a compra de moedas de retornos elevados.
*Com Reuters