A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aprovou, com 14 votos sim e 10 votos não, a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, em sessão nesta terça-feira (1º). O chamamento foi alvo de constante obstrução do governo por mais de um mês, mas a oposição enfim conseguiu emplacar o objeto em pauta.
O ex-governador da Bahia tem histórico conflituoso com o movimento e pode municiar a oposição. A Bahia é palco de diversas invasões do MST e Rui não esconde, nem de correligionários do PT ou de aliados do Planalto, sua falta de simpatia pelo grupo.
A justificativa para a convocação de Rui, segundo o relator e autor do requerimento, deputado Ricardo Salles (PL-SP), é a mesma do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Marco Edson Gonçalves Dias, que será ouvido nesta terça-feira. Se justifica pelo entendimento de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora a atividade de grupos sem-terra. Durante o governo Lula, o órgão esteve subordinado tanto ao GSI, quando ainda estava sob comando de GDias, e da Casa Civil.
A convocação acontece em um momento em que a oposição, composta majoritariamente por deputados que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fortalece a pressão contra o governo na CPI.
A CPI deverá ouvir também os ministros Cárlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e o líder do MST, João Pedro Stedile, em agosto.
No último domingo (30), 1.500 membros do MST invadiram um centro de pesquisas da Embrapa, em Petrolina (PE), ato condenado pelo presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), que definiu a ação como um sinal de “conivência” do governo com o MST.
A comissão deverá adotar sessões na próxima quinta-feira (3) para aumentar o ritmo de trabalho e ouvirá, só nesta semana, GDias e o líder da Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha Júnior, que foi preso no começo deste ano.
*AE