O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu hoje, por unanimidade, manter a taxa básica de juros da economia, Selic, em 13,75% ao ano.
O que aconteceu
Juros a 13,75% ao ano é o mesmo valor que foi fixado nos últimos seis encontros, desde agosto de 2022.
É a maior taxa desde o reajuste estabelecido de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando também estava em 13,75%. A última vez em que a Selic teve um valor mais alto do que esse foi no ciclo de 19 de outubro de 2016 até 30 de novembro de 2016, quando o índice foi a 14% ao ano.
BC citou incerteza com o novo arcabouço fiscal como um dos motivos pela manutenção da taxa de juros. O projeto ainda não foi apresentado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad.
Copom disse que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para 2023 e 2024. No cenário interno, a avaliação foi de que a inflação ao consumidor e as consequentes medidas inflacionárias estão acima do esperado.
O comitê também justificou a manutenção da taxa pelo ambiente externo deteriorado: “Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”.
Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.” Copom, em nota
Pressões para redução da taxa
Membros do alto escalão do governo Lula têm feito críticas ao valor da Selic e pressionado para que a taxa seja reduzida.
Lula chamou a situação de “absurda” e prometeu “continuar batendo, tentando brigar”.
Sindicatos e uniões de trabalhadores protestaram ontem na frente do BC, em São Paulo
Além de críticas à Selic a 13,75%, manifestantes pediam a saída de Roberto Campos Neto, presidente do BC, e atearam fogo em um Cavalo de Troia de papelão com fotos dele.