O Paris Saint-Germain conseguiu agir rápido e jogar para baixo do tapete o conflito de egos que estourou neste início de temporada entre Neymar e Kylian Mbappé. Mas isso não significa que a briga pública pelo posto de “dono do time” não tenha tido um vencedor.
Apesar de ter participado diretamente de 13 gols nas quatro primeiras partidas de 2022/23 (sete marcados por ele mesmo, além de seis assistências) e de viver um dos melhores momentos da sua carreira, astro brasileiro sabe que perdeu a queda de braço contra seu companheiro de ataque.
Afinal, apesar de recentes elogios públicos do técnico Christophe Galtier ao futebol que tem praticado e do seu comprometimento com o elenco, Neymar virou mesmo a segunda opção do clube francês para as cobranças de pênalti -ainda que essa situação possa se inverter dependendo do contexto das partidas.
E essa preferência nem é uma questão técnica (o camisa 10, assim como o zagueiro Sergio Ramos, possui aproveitamento melhor nas cobranças do que Mbappé), mas sim uma decisão hierárquica.
Quando convenceu o atacante francês a recusar seu alegado sonho de se transferir para o Real Madrid para renovar contrato por três temporadas (até 2025), a diretoria do PSG não deu à sua jovem estrela apenas o maior salário do futebol mundial, mas também o direito de mandar e desmandar no Parc des Princes.
Voltar atrás nessa promessa logo no primeiro momento em que a liderança de Mbappé foi colocada em xeque por uma outra peça importante do vestiário teria um efeito catastrófico para as relações entre o clube e o jogador escolhido para ser o símbolo máximo do projeto futebolístico parisiense.
O francês é o único integrante do badalado trio ofensivo que forma com Lionel Messi e Neymar que ainda não chegou aos 30 anos (ainda 23). Logo, é aquele que provavelmente será útil ao clube por mais tempo.
Além disso, apesar de também ter seus rompantes, especialmente nos últimos meses, ainda é visto pela diretoria como uma influência mais positiva para o elenco que Neymar e como um atleta com nível de profissionalismo (cuidados com a saúde e com a preparação física) bem maior que o do brasileiro.
Os atritos entre os dois astros não são propriamente uma novidade. Durante o período de pré-temporada, até circularam rumores de que Mbappé teria pedido à diretoria para que o camisa 10 fosse negociado.
Mas os problemas de relacionamento estouraram para o público há duas semanas, durante a partida contra o Montpellier, válida pelo Campeonato Francês.
Após Mbappé perder um pênalti (o primeiro sofrido pela equipe) e Neymar (que até a última temporada era o responsável pelas cobranças) converter outro, o brasileiro curtiu postagens no Twitter com indiretas ao companheiro de ataque.
“”É importante para nossos atacantes marcar gols, para a confiança deles. Mas há situações de jogo, e cabe aos jogadores serem inteligentes para desaparecer quando necessário para dar confiança aos parceiros. Essa não foi realmente a mentalidade de Neymar no último fim de semana”, criticou Galtier, antes de começar a adotar um discurso mais conciliador.
O PSG é uma das atrações deste começo de temporada na Europa. A equipe do trio formado por Messi, Neymar e Mbappé goleou seus primeiros quatro adversários de 2022/23 (Nantes, Clermont, Montpellier e Lille), balançou as redes 21 vezes nesses compromissos e entrou no fim de semana como o dono do melhor ataque da Europa.
A campanha perfeita dos parisienses tem um clássico pela frente nesta tarde. A partir das 15h45 (de horário), os atuais campeões franceses recebem o Monaco para tentarem se manter como líderes isolados da Ligue 1.
O time da Cidade Luz também já sabe como será o início do seu caminho na Liga dos Campeões, competição que nunca venceu e que é a obsessão do seu dono, o governo do Qatar. Na fase de grupos, que começa no dia 6 de setembro, medirá forças com Juventus, Benfica e Maccabi Haifa.