Delegado da Polícia Federal, Valdecy Urquiza disputa a vaga com candidatos da Colômbia e de Trinidad e Tobago
Quase um século após sua criação, a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) pode ter pela primeira vez um representante brasileiro na vice-presidência do Comitê Executivo. O delegado de Polícia Federal Valdecy Urquiza Júnior disputa a vaga com candidatos da Colômbia e de Trinidad e Tobago.
A eleição está marcada para a próxima quarta-feira (25), quando representantes dos países-membro vão se reunir pela primeira vez desde o início da pandemia em Istambul, na Turquia, para participar de uma versão encurtada da Assembleia Geral – que, em condições normais, é convocada anualmente.
Ao todo, 194 nações integram hoje a Interpol em um esforço coletivo para oferecer resistência a crimes transnacionais. Sem uma perspectiva concreta para o fim da crise sanitária, alguns países decidiram não enviar delegações ao evento, o que deve reduzir o universo de participantes a 160 nações, aumentando o peso de cada voto.
O Comitê Executivo da Interpol é responsável por indicar, a cada cinco anos, o secretário-geral da organização. Há também outras atribuições estratégicas, como a definição do orçamento, das metas a serem priorizadas a cada gestão e das diretrizes de fiscalização das atividades.
– De fato, o poder da organização vem desse conselho. Isso porque todos os países participam da organização em um espírito de cooperação multilateral, mas evidentemente que cada um tem sua agenda prioritária – explicou Urquiza Júnior, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
Entre os pares, o delegado é visto como alguém que tem uma “visão global” do trabalho das polícias. Além de ter comandado o escritório central da Interpol no Brasil, entre 2015 e 2018, também liderou uma equipe de 60 policiais, de diferentes nacionalidades e espalhados em seis países, enquanto chefiou a Diretoria de Crime Organizado.
– Esses trabalhos deram uma projeção não só ao Brasil, mas também a mim enquanto delegado de Polícia Federal. A experiência em Lyon [na Diretoria de Crime Organizado] fez com que eu mantivesse, ao longo desse período todo, uma articulação muito forte com os diversos países que são membros da organização – afirma.
Desde 2018, o Brasil é representado no Comitê Executivo pelo delegado de Polícia Federal Rogério Galloro no posto de delegado para as Américas. O fim do mandato, no entanto, coincide com as eleições na próxima Assembleia Geral. A PF apostou na candidatura de Urquiza como uma estratégica para manter a participação do país no conselho.
*AE