O fato de ser um estado de potencial turístico, como destacado por Marcon, de fato, não tem garantido à Bahia uma eficiente política nesta área.
A Bahia possui a maior área litorânea do país, com 932 km de praias. Mas também tem áreas de chapadas, montanhas, cachoeiras, belos trechos de rios, como o Rio São Francisco, além do turismo histórico e religioso.
Um dos graves problemas para o desenvolvimento turístico do estado não é a falta de limpeza ou conservação das cidades, mas sim a insegurança.
Nas quatro gestões petistas – duas com Jaques Wagner (2007-20014) e duas com Rui Costa (2015-2022) – não conseguiram frear a escalada de violência na Bahia. O estado figura no topo do ranking de homicídios e mortes violentas, além de ter se tornado destino de organizações criminosas em atuação em outras regiões do Brasil.
A Polícia Militar da Bahia é uma das mais letais do país, tendo como vítimas principais moradores de comunidades pobres atingidos em operações.
Uma das marcas sangrentas da gestão petista na segurança pública é a Chacina do Cabula, que no último dia 6 de fevereiro completou oito anos. Na ocasião, início do governo Rui Costa, 12 jovens, entre 16 e 27 anos, foram executados e outros seis baleados, em um terreno baldio na comunidade, durante uma operação policial. Após investigação, o Ministério Público da Bahia apresentou denúncia contra policiais militares por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.
Como já dissemos aqui, confrontos como esse se repetem no cotidiano dos territórios ocupados por pobres e pretos, escancarando uma política de segurança pública falida, que não consegue combater crimes e nem oferecer tranquilidade aos moradores e aos visitantes.
A insegurança, aliada ao aumento do desemprego e da pobreza, impactam diretamente nas atividades turísticas da Bahia. Quem visita o estado para aproveitar as belezas naturais, o patrimônio histórico e cultural e a rica produção artística dos baianos, enfrenta o assédio excessivo de vendedores informais, pedintes e delitos, mesmo nos pontos turísticos.
Com mais de 20 anos de experiência no turismo da Bahia, o guia Josuel Queiroz, da agência OlafemiTours, em entrevista à coluna, conta que o setor turístico não é prioridade para o governo do estado.
Apesar de não concordar com o racismo e xenofobia do deputado bolsonarista, o guia é crítico em relação às ações de turismo nas gestões petistas.
“O PT nunca deu a devida atenção que o turismo merece. Nas escolhas para o ministério ou para as secretarias estaduais aqui na Bahia, nunca é escolhido alguém com experiência e conhecimento do setor, que possa de fato implantar políticas públicas para desenvolver o potencial turístico do país”..
Atuando prioritariamente com o receptivo de visitantes estrangeiros, Josuel Queiroz destaca que Salvador é a porta de entrada para os turistas que visitam a Bahia e que o Centro Histórico, onde está localizado o Pelourinho, é onde mais se percebe o descaso com a atividade turística.
“O problema principal no Centro Histórico é a sensação de insegurança. O turista sofre com o assédio de vendedores e pedintes, incluindo crianças em situação de mendicância. Um cenário muito triste para os visitantes”. O guia revela que os estrangeiros são ainda mais vulneráveis.
Nas redes sociais, alguns casos ganharam notoriedade como o do turista carioca Kadu Pacheco que, ano passado, relatou em stories o assédio sofrido no Farol da Barra, um dos principais cartões portais de Salvador. Ele contou que, em poucos minutos no local, se sentiu pressionado a pintar o corpo e a comprar um colar e fitinhas do Senhor do Bonfim, desembolsando de cara R$119, mesmo sem interesse nos produtos.
Josuel explica que o grande problema não é a presença de pessoas vendendo lembranças aos turistas ou oferecendo as pinturas do corpo, serviços que devem ser negociados antecipadamente.
“O turismo pode conviver com os trabalhadores informais. O turismo só não consegue sobreviver com os furtos e assaltos em áreas turísticas”.
Quase 50% dos trabalhadores de Salvador estão na informalidade. É muita gente sobrevivendo a partir das oportunidades que surgem no setor de serviços, como o turismo. É muito difícil organizar um setor sem uma política pública efetiva que compreenda as necessidades dos vários agentes envolvidos.
A falta de respeito e desorganização por parte da Prefeitura de Salvador diante do desespero dos vendedores ambulantes em busca de uma licença para trabalhar nas festas populares e no carnaval denunciam a insensibilidade e o descaso com quem mais precisa, que são os trabalhadores informais.
Os petistas baianos devem estar satisfeitos com a gestão do setor já que o novo governador Jerônimo Rodrigues manteve no cargo de secretário estadual de Turismo, o engenheiro civil Maurício Bacellar, da equipe de Rui Costa. O secretário recentemente se filiou ao PV, depois de 15 anos no Podemos, mesmo partido de Mauricio Marcon. Já no governo federal, a pasta do Turismo foi entregue ao União Brasil, confirmando a crítica de que a área é apenas moeda de troca partidária.
.
“É preciso compreender que uma política voltada ao turismo beneficia muita gente, desde o dono do hotel, que emprega muitas pessoas, passando pelos guias de turismo, profissionais que mais diretamente se relacionam com os visitantes, até o vendedor de água que está ali no ponto turístico. É uma cadeia econômica importantíssima que precisa ser valorizada”none, Josuel Queiroz, guia de turismo em Salvador desde 2001.
Sobre à fala do deputado Marcon, Josuel Queiroz denuncia o racismo da visão do parlamentar.
“Eu não se por onde ele andou aqui em Salvador, mas o que eu ouço dos meus clientes, sobretudo os afro-americanos, são muitos elogios de como a cidade é limpa, além de celebrarem os grafites espalhados pela cidade. São pinturas belíssimas, verdadeiras obras de arte, com referências africanas e valorização da mulher negra, das crianças negras, que para um olhar racista e xenofóbico, pode ser considerada uma coisa feia e suja”, define Josuel Queiroz.
Informações UOL
Os baianos parecem estarem satisfeitos com os números, tanto que vêem mantendo o governo