A nova cepa do coronavírus que se propaga no sul da Inglaterra e infectou quase 1.100 pessoas nos últimos dias está sendo meticulosamente estudada por especialistas britânicos. Neste fim de ano em que a maioria dos países europeus adotou sérias restrições de circulação para evitar um aumento do contágio durante as festas de Natal e Ano-Novo, descobrir que uma variante do Sars-CoV-2 é ainda mais contagiosa do que outras só aumenta a ansiedade no continente.
A variante que assola o Reino Unido, e faz países europeus suspenderem voos e trens provenientes do país vizinho, apresenta várias alterações genéticas. Uma delas interessa particularmente os cientistas: é a mutação N501Y, que ocorre na sequência genética que codifica uma parte altamente sensível do vírus, a proteína Spike, localizada em sua superfície.
Essa proteína é uma espécie de chave que se agarra à superfície das células humanas, rompendo depois esta barreira para se multiplicar. “Mudanças nesta proteína podem fazer com que o vírus se torne mais infeccioso e se espalhe mais facilmente entre as pessoas”, explicou a Agência de Saúde Pública Britânica.
Essa mutação não é totalmente nova. O pesquisador Julien Tang, da Universidade de Leicester, lembra que ela já circulou no Brasil em abril, sendo observada posteriormente na Austrália, em junho, e nos Estados Unidos, em julho.