O mês de setembro assume um tom especial, tingindo-se de lilás, para iluminar um tema crucial de saúde pública: a doença de Alzheimer. O dia 21 de setembro, celebrado como o Dia Mundial e o Dia Nacional de Conscientização da doença, é uma oportunidade para ampliar o conhecimento e o apoio. Sobre este assunto, a médica neurologista, Dra. Patrícia Schettini, credenciada a rede União Médica, explica sobre a complexidade dessa condição debilitante, o papel vital do diagnóstico precoce e da disseminação de informações. “A educação é nossa melhor ferramenta”, afirma Dra. Schettini. “Precisamos disseminar informações sobre o Alzheimer para que as pessoas compreendam a importância do diagnóstico precoce.”
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o Alzheimer é uma forma de demência responsável por 60 a 70% dos casos no mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer estima que 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência, e preocupantemente, 100 mil novos casos surgem anualmente. Esse aumento é impulsionado pelo envelhecimento da população e fatores de risco, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes.
Segundo Dra. Patrícia Schettini, “a demência neurodegenerativa é progressiva, irreversível, de causa desconhecida e com maior frequência entre os idosos. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado.” É um desafio grande, mas identificar o Alzheimer no início é a chave para enfrentá-lo.
Os primeiros sintomas são frequentemente sutis, mas merecem atenção. Entre eles, a perda de memória se destaca. Dra. Schettini adverte: “Todo esquecimento deve ser investigado.” Além disso, os pacientes podem enfrentar dificuldade em resolver problemas, desorientação no tempo e espaço, tarefas cotidianas tornam-se desafios, problemas de linguagem, desorganização e alterações comportamentais. Reconhecer esses sinais iniciais é o primeiro passo”.
A médica afirma ainda que cuidar de um ente querido com Alzheimer é uma jornada emocionalmente desgastante. A Dra. Schettini ressalta que “muitas vezes, o núcleo familiar precisa de apoio psicológico.” A doença não afeta apenas o paciente, mas todo o ambiente familiar, e é fundamental buscar auxílio especializado para enfrentar os desafios que surgem ao longo do caminho.
Existem diversos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da demência e um deles é o aumento da idade. Embora a idade tenha influência no risco de surgimento da doença, a demência não é considerada parte normal do envelhecimento.
Alguns fatores de risco podem ser modificados e outros não. A redução da pressão arterial, por exemplo, diminui o risco de acidente vascular cerebral. Já a idade ou histórico familiar não podem ser alterados.
Embora não seja possível alterar genes, existem mudanças que podem ser feitas e que ajudam a reduzir o risco de desenvolvimento da doença.
*Entenda quais são os 12 principais fatores de risco modificáveis*
A Alzheimer’s Disease Internacional (ADI) listou 12 fatores de risco potencialmente modificáveis que podem prevenir ou retardar até 40% dos casos de demência caso haja uma mudança, como a prevenção primária do Alzheimer.
Sedentarismo
A atividade física regular é uma das melhores maneiras de reduzir o risco de demência. Praticar exercício é bom para o seu coração, circulação, peso e bem-estar mental.
Fumar
Fumar aumenta muito o risco de desenvolver demência. Com este hábito, você também está aumentando o risco de outras condições, incluindo diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão e outros.
Álcool em excesso
A ingestão de álcool em excesso aumenta o risco de demência. O consumo nocivo de álcool é fator causal em mais de 200 condições de doenças e lesões.
Poluição do ar
Uma quantidade crescente de evidências e pesquisas mostram que a poluição do ar aumenta o risco de demência.
Ferimento na cabeça
As lesões na cabeça são mais comumente causadas por acidentes de carro, motocicleta e bicicleta; exposições militares; boxe, futebol, hóquei e outros esportes; armas de fogo e agressões violentas e quedas.
Contato social pouco frequente
Está bem estabelecido que a conexão social reduz o risco de demência. O contato social aumenta a reserva cognitiva e encoraja comportamentos benéficos.
Menos educação
Um baixo nível de escolaridade no início da vida afeta a reserva cognitiva e é um dos fatores de risco mais significativos para demência.
Obesidade
Particularmente na meia-idade, a obesidade está associada a um risco aumentado de demência.
Hipertensão
A hipertensão (pressão alta) na meia-idade aumenta o risco de demência de uma pessoa, além de causar outros problemas de saúde. A medicação para hipertensão é a única preventiva e eficaz conhecida para a demência.
Diabetes
O diabetes tipo 2 é um fator de risco para o desenvolvimento de demência futura. Não está claro se algum medicamento específico contribuí para isso, mas o tratamento do diabetes é importante por outros motivos de saúde.
Depressão
A depressão está associada à incidência de demência. A depressão faz parte do pródromo da demência (um sintoma que ocorre antes dos sintomas verificados para o diagnóstico).
Não está claro até que ponto a demência pode ser causada por depressão ou o inverso.
Deficiência auditiva
Pessoas com perda auditiva têm um risco significativamente maior de demência. O uso de aparelhos auditivos parece reduzir o risco.
Essa é a primeira publicação de uma série que será divulgada no decorrer do mês de setembro abordando temas importantes relacionados à demência.
*Fonte: ASCOM/União Médica*