A adolescência é um período de muitos testes: exames regulares da escola, Enem, vestibulares, experimentações de novas vivências, colocar-se à prova no mundo, avaliações e julgamentos de pais, amigos, professores. Não é fácil ser adolescente! Dá medo. Mas quando o medo é extremo, as mãos ficam frias, o coração parece que vai saltar do peito e o temido branco toma conta da mente na hora de uma prova, por exemplo, atenção! Pode ser ansiedade de performance, comum nesta etapa da vida.
Numa conversa esta semana com a psicóloga Raquel Constantino Nogueira sobre esporte na adolescência e a influência de pais e mães nesse processo (não perca a entrevista amanhã neste blog, está muito legal!), ouvi o termo pela primeira vez. Embora aconteça em atletas, essa categoria de ansiedade não está restrita a eles. Por isso, resolvi trazer para o blog neste post.
— Conhecida também como ansiedade de desempenho, pode ser resumida como um medo acentuado e persistente de situações envolvendo julgamentos e avaliações. Tem a ver com uma enorme dificuldade em lidar com erros e falhas — explica Raquel.
Segundo a psicóloga, embora possa ocorrer em crianças, jovens e adultos, a necessidade de aprovação social típica da adolescência torna os adolescentes mais suscetíveis. Em níveis adequados, a ansiedade é benéfica e funcional, mas quando muito elevada resulta em perda de concentração, lapso de memória e instabilidade do corpo.
— Ansiedade é um elemento importante para nos preparar para um evento. O problema é quando ela é exacerbada, o que faz a performance cair ao invés de melhorar — diz o médico psiquiatra Gabriel Bronstein, especialista em infância e adolescência e pós-gaduando em medicina do esporte.
Se já é comum na adolescência, a ansiedade de desempenho é ainda mais frequente entre atletas, ele explica:
— Quem sofre de ansiedade de performance pode ter ótimos treinos, mas na hora da competição não ter o desempenho esperado. Se pensarmos que a maior parte dos atletas tem o início de suas vidas esportivas na infância e adolescência, estes dois fatores combinados podem ser determinantes.
A prática de mindfulness — conjunto de técnicas que ajudam a treinar a atenção no momento presente, usando o corpo como âncora — costuma diminuir as crises e os sintomas ansiosos experenciados, diz Raquel Nogueira:
— Assim, os pensamentos não ficam soltos, se batendo num universo de possibilidades infinitas. Eles têm direcao: a respiração e o corpo.
É sempre indicado procurar profissionais especializados e, por vezes, medicação é necessária.
— Mas deve sempre vir acompanhada de um trabalho psicoterapêutico com foco no desenvolvimento de habilidades e regulação emocional — afirma a psicóloga, que trabalha com atletas de alta performance.
Fonte: Daniela Daiano/Extra