O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que o Brasil não vai “dançar ao som dos Estados Unidos”. A declaração, segundo a agência de notícias russa Tass, foi dada em entrevista ao veículo de comunicação RT, ligado ao governo russo.
Na fala, Lavrov reclamava de sanções aplicadas pelos americanos e pela Europa contra a Rússia em razão da guerra que o país promove contra a Ucrânia. Hoje, o conflito entrou no 23º dia, com novos registros de ataques pelo país, inclusive no oeste ucraniano.
A Tass escreveu que Lavrov declarou que “vários países, incluindo China, Índia, Brasil, México, não dançarão ao som dos Estados Unidos”. O ministro havia apontado que “a Europa praticamente parou de tentar defender sua independência diante dos Estados Unidos”, segundo relato da agência. Para ele, a pressão das sanções sobre o governo do presidente russo, Vladimir Putin, continuará, mas a Rússia está acostumada com isso.
Há jogadores que nunca concordarão com a existência de uma ‘aldeia global’ sob a liderança de um ‘xerife’ da América –são China, Índia, Brasil, México. Tio Sam vai dizer para eles fazerem isso
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou Putin poucos dias antes de o russo iniciar a invasão ao território ucraniano. O Brasil tem se colocado neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia. Na quarta-feira (16), modificou sua posição nas votações do sistema da ONU (Organização das Nações Unidas) e optou por se abster em uma resolução contra a Rússia.
“Deve-se dizer que a Rússia não é de forma alguma um dos países que estaria pronto para saudá-la”, acrescentou o ministro.
Para ele, “os Estados Unidos estão lutando por um mundo unipolar”. “Não será uma ‘aldeia global’, será uma ‘aldeia americana’, talvez um salão americano onde todos dançam ao som dos mais fortes.”
“Se você olhar para o número de países que impuseram sanções contra a Rússia, verá que a maioria daqueles que se opuseram a nós o fizeram sob forte pressão, sob chantagem”, disse Lavrov
Segundo o relato da agência, para Lavrov, a Rússia “está pronta para cooperar com aqueles que estão prontos para agir com base no respeito mútuo”.
Nesta sexta-feira (18), um ataque com mísseis atingiu uma área próxima ao aeroporto de Lviv, cidade ucraniana 550 quilômetros a oeste de Kiev, já próxima à fronteira com a Polônia —que recebeu mais de 2 milhões de refugiados ucranianos.
Na capital Kiev, ao menos uma pessoa morreu em um ataque que atingiu um prédio residencial, segundo o serviço de emergências da Ucrânia.
Enquanto o conflito ainda acontece, lideranças internacionais tentam interceder para o seu fim. Hoje, os presidentes de Estados Unidos e China irão conversar sobre a guerra. Aliada da Rússia, China diz respeitar “soberania e integridade territorial de todos”.Imagem: Arte/UOL
O prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, disse que uma fábrica de reparos de aeronaves que fica perto do aeroporto da cidade foi destruída pelo ataque, mas o terminal não foi atingido. Sadovyi afirmou ainda nas redes sociais que o trabalho na fábrica havia parado antes que os mísseis atingissem o local e não houve relatos de vítimas.
Segundo o Comando Aéreo “Oeste” da Força Aérea da Ucrânia, seis mísseis de cruzeiro foram lançados, “provavelmente, do Mar Negro”. “Dois mísseis foram destruídos por mísseis antiaéreos do Comando Aéreo Oeste”, diz comunicado do órgão. O Mar Negro está a cerca de 800 quilômetros de Lviv.
Chefe da administração militar regional de Lviv, Maksym Kozytsky disse que uma pessoa ficou ferida no ataque.
Em Kiev, “restos de foguete” causaram um incêndio em um prédio residencial de cinco andares no bairro de Podilskyi, segundo o serviço de emergências da Ucrânia.
Cerca de 98 pessoas foram evacuadas. O serviço relata ao menos uma morte e quatro feridos.
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse hoje que a Rússia tem apelado para “medidas extremas” após perder recursos e pessoal na guerra. “Eles estão realizando uma mobilização secreta”, disse, em comunicado, hoje, citando a atração de “voluntários” e também de “mercenários” da Síria.
Os russos, por sua vez, dizem estar “apertando o cerco” a Mariupol —cidade que teve 80% de suas residências destruídas e tem sido alvo de constantes ataques— com o apoio de separatistas do leste ucraniano.
O Ministério da Defesa da Ucrânia diz que os russos estão “tentando criar uma imagem positiva distribuindo alimentos para a população civil”.
“Ao mesmo tempo, eles estão ativamente procurando e detendo ativistas pró-ucranianos, funcionários públicos, membros da Operação Antiterrorista/Operação de Forças Conjuntas e membros de suas famílias, bem como outros cidadãos que possam organizar resistência à ocupação.”
Já o Ministério da Defesa da Rússia diz que conseguiu “libertar” cerca de 90% do território da “República Popular de Lugansk”, área separatista do leste ucraniano, e que tem avançado em Donetsk.
Na região de Lugansk, o governo ucraniano indicou que “mais de 20 instalações residenciais e de infraestrutura foram destruídas durante a noite em Sieverodonetsk e Rubezhnoye”. Já o chefe da Administração Militar Regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, disse que, nesta sexta, os russos lançaram um ataque com mísseis em Kramatorsk, cidade da região.
“Eles atingiram um prédio residencial e um prédio administrativo”, informou, relatando ao menos duas mortes e seus feridos. “Os russos são incapazes de travar uma guerra honesta entre os exércitos. Então, continuam a bombardear civis.”
Em Mariupol, a Rússia diz que “unidades da República Popular de Donetsk, com o apoio das Forças Armadas Russas, estão apertando o cerco e lutando contra os nacionalistas no centro da cidade”.
Informações UOL