Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a taxa de juros (Selic) do Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT) publicou uma nota oficial, em que volta a atacar a autonomia do Banco Central (BC). O partido é reincidente nas críticas à Selic, a qual considera alta.
O comitê define a taxa que serve de referência para os juros dos demais bancos no país. A próxima reunião ocorre nos dias 18 e 19 de junho, e a tendência é de que a Selic não abaixe, ao contrário do desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em nota, o PT afirma que manter a taxa elevada é uma “escancarada sabotagem ao crédito, ao investimento e às contas públicas”.
O que corroboraria para uma queda abrupta da Selic, de acordo com o documento assinado pela comissão executiva nacional do partido, seria a “sequência dos bons resultados de crescimento da economia, controle da inflação e retomada de empregos e investimentos”.
Não é de hoje que o Partido dos Trabalhadores (PT) critica o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Há cerca de três anos, o BC ganhou força operacional para decidir com autonomia a política de juros no Brasil. A medida foi estabelecida no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Campos Neto, abaixar forçosamente a taxa de juros pode aumentar a inflação no Brasil de forma descontrolada.
No começo de março, depois da troca de farpas entre a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o presidente Lula e o presidente do BC, a petista classificou a autonomia do banco como “ditadura monetária”.
Em contrapartida, o objetivo de Campos Neto é ampliar ainda mais o processo decisório exclusivo do BC. Ele é entusiasta da proposta de emenda à Constituição (PEC) que dá autonomia orçamentária, financeira e administrativa ao BC. Ela é de autoria do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).
Ainda na nota oficial, o PT se colocou contrário à PEC e defendeu o presidente Lula enquanto gestor das contas públicas brasileiras.
“Nos manifestamos contrariamente à proposta de emenda constitucional que pretende conferir autonomia ainda maior — financeira e administrativa — ao Banco Central”, escreve o PT, em nota. “A nocividade da autonomia já em vigor da autoridade monetária ficou patente pela conduta irresponsável do presidente e dos diretores nomeados pelo governo passado, que se valeram de seus mandatos para sabotar a economia do país, com vistas aos objetivos políticos do bolsonarismo.”
Ainda de acordo com o partido, “a responsabilidade do presidente Lula no trato das contas públicas é reconhecida por agentes econômicos e produtivos que atuam com seriedade dentro e fora do Brasil”.
Informações Revista Oeste